No morro da maré 2

Capítulo 71

VR narrando

Cansei de ficar tentando me explicar pra maju e ela ficar falando do merda do namorado, vou seguir minha vida e quando eu tiver suave não quero ninguém no meu pé falando.
Eu só vivia na Rocinha, fiquei bem próximo da Kim, considero uma irmã, mesmo ela sendo chata pra caralho.

Eu tava ficando bem próximo do GD, e mesmo não trabalhando aqui, eu fazia alguns corres quando eu tava no tédio, na maioria das vezes a Kim me influenciava.

- tá fazendo o que aqui, bandida? - estranhei a Kim uma hora dessas na Rocinha

- tive que ficar aqui, acabei de descobrir um babado envolvendo seu nome e caso você queira ajuda, eu tô por aqui

- sobre o que?

- não posso contar

- caralho, Kim.

- o GD vai te contar - saiu

Não aguento mais o povo desse morro me escondendo as coisas, os de fora ficam falando entre eles e me olhando, quando eu atirar em todo mundo, vão achar ruim.

- solta o papo GD, odeio fofoca com meu nome - falei batendo a porta com força

- você é meu filho

- tá fumando cocaína vencida? - tive uma crise de riso

- tá maluco, caralho?

- tirou da onde esse fundamento?

- sua mãe deixou uma carta pra mim

- falando o que?

- que você era meu filho, na época não podia fazer muita coisa, eu tava preso, o JP brincando de morto vivo e sua mãe na casa do caralho

- e por que não trocou uma ideia com o JP sobre isso?

- você quer a real? eu odeio o JP, ele nem sabe que eu sou o dono disso aqui, eu pegava a Emily e desapareci por que o antigo irmãozinho dele tava preocupado em matar todo mundo

- irmão?

- JP tinha um irmão que queria a maré pra ele, eu me juntei e acabei rodando por causa de um corre, minha missão era ficar perto da Emily

- e minha mãe entra em que?

- ela era irmã do irmão do JP, e ele obrigou ela a se juntar, acabei dormindo com ela umas vezes e depois que engravidou fingiu que você era filho de outro pra acabar com o relacionamento

- e você só vem me contar isso agora?

- precisei fazer isso, não podia contar e fazer você se afastar

- me afastar? você sabe que mesmo falando que é meu pai, eu não te considero né?

- eu sei, o que custa me conhecer?

- te conheço até demais

- eu quero que você vire dono daqui depois que eu morra, você tem visão

- caralho GD, fala comigo não, tô cheio de ódio e se eu tivesse uma arma aqui, você seria um cara morto - bati a porta e fui em direção ao meu carro

- cuidado aí - uma mina se bateu comigo na rua

- foi mal

- você é idiota?

- vai se fuder, maluca

Sabia que tinha alguma coisa de errado, eu tava com tanta raiva e não sabia como descontar isso, pra eu não fazer merda vou ver a única pessoa que me acalma. A maré tava tranquila, não parei na casa do JP, fui direto na Helena, que abriu a porta depois de duas batidas.

- suave? - perguntei pra poupar conversa

- tô sim e você?

- tem como eu ficar com o Samuel um tempinho?

- você tá bem?

- preciso me acalmar, e ele é o único que me acalma - ela trouxe o Samuca que começou a sorrir

- se quiser conversar sabe que eu tô aqui, né?

- sei sim, valeu Helena, daqui a pouco eu trago.

- certo - fechou a porta

Entrei no carro e fiquei brincando com o Samuca, esse moleque foi a melhor coisa que me aconteceu em todos os anos, tudo o que eu preciso tenho aqui nesse momento. Ele acabou dormindo no meu colo, deixei em casa e fui direto no JP.

- preciso trocar uma idéia com vocês - falei olhando pra Emily e o JP

- se for maju..

- eu não quero saber dela, ela não tá feliz? - Emily balançou a cabeça

- eu quero saber sobre o Gabriel, que você se envolveu anos atrás

- que papo é esse ? - JP levantou

- ele é meu pai - todos olharam assustados

- como você sabe?

- minha mãe antes de ir embora deixou uma carta, como ele tava preso só descobriu quando assumiu a maré

- esse desgraçado, você não vai trabalhar com ele - JP falou puto

- pode parar, sou homem, e se eu quiser ficar próximo você não pode falar nada.

- você não vai!

- chega vocês, principalmente você JP, eu fiquei poucas vezes com o Gabriel, e ele tem o direito de conhecer, é o pai.

- sim caralho, ele tava envolvido com aquele desgraçado que acabou com minha vida e com a sua

- o que podemos fazer? nada.

- VR, você não vai e se você sair por essa porta não é meu filho

- acho que eu nunca fui, né mesmo? - bati a porta e fui pegar minhas coisas

JP virando as costas pra mim, e não procurou me entender, então pra facilitar a vida de todos, arrumei minhas coisas e ia passar um tempo em um hotel, não sei se quero conversar com o GD ou JP. Quero paz, eu tô precisando disso.