Capítulo 76

2.5K 109 7
                                    

Maju narrando

Hoje é o casamento da Helena e depois ela iria pra New York, tava tão orgulhosa da minha priminha que nem tava acreditando. Passei a semana toda atrás de pistas, e só hoje eu ia contar sobre o envolvimento do Guilherme com a polícia. Tava rezando pra ele não ir na maré, tava querendo ficar suave e não fingindo nada.

- tô indo lá na minha mãe, vou me arrumar lá, você vai no casamento? - comecei a rezar nos meus pensamentos

- vou, o cara desistiu da entrega da roupa

- tá bom, tô indo - fechei a porta e sair correndo

Depois de saber de tudo, eu me negava a beijar o Guilherme e já tem um tempo que eu venho negando tudo e tô agradecendo mentalmente dele não perceber nada. Cheguei na maré e fui direto pra casa dos meus pais, minha mãe tava muito chata por causa da reta final da gravidez, a qualquer momento ela poderia ter a Isis e isso a deixava um pouco nervosa.

- cheguei família

- oi minha princesinha, que milagre chegou cedo - meu pai veio me abraçar

- preciso te contar uma coisa, não posso contar aqui pra dona Emily não ter minha irmã na nossa frente

- vamos ali então - pegou a chave da moto e uma camisa

Entramos na antiga casa dele, provavelmente o VR tava morando ali, por que tinha muitas coisas espalhadas, então meu pai me levou em um escritório e fechou a porta.

- o que ta pegando?

- eu acabei descobrindo que o Guilherme é da polícia, e aquele papo de casamento tem alguma coisa envolvida

- filho da puta, bora lá estourar a cara dele

- ainda não sabemos o que ele quer, não podemos atirar e colocar nossa vida em risco

- eu falando sobre tudo na frente dele, vai que ele passou alguma coisa pra alguém?

- começa a passar informações erradas, e ele vai caindo, vai puxando papo, até eu saber qual é o cargo dele

- você tá muito inteligente

- Sofia que falou isso - dei risada

- como ela sabe?

- ela que descobriu

- essa menina é toda a Dáfiny - deu risada

- pois é pai, vou lá na Helena ver se precisa de alguma ajuda

- certo, deixa a porta fechada vou resolver umas papeladas

Quando eu tava saindo do escritório me bato com VR sem camisa, um short folgado, boné e umas correntes, fiquei parada olhando ele procurar a chave, então tomei coragem e resolvi passar por ele.

- resolveu largar o corno?

- ainda não

- tá perdendo tempo

- eu acho que não

- você vai voltar pra mim

- será? - dei risada e fui embora

Não queria que ele soubesse sobre nada, ele ia acabar matando o Guilherme, então prefiro que ele só saiba na hora que meu pai decidir o que vai fazer. Fui direto pra helena, que tava linda.

- assim eu vou chorar - falei olhando

- não, Sofia já chorou, borrou minha maquiagem

- sempre ela

- me deixa véi - falou aparecendo com o Samuel no colo

- passa esse bebê pra cá - Samuel já tava rindo no meu colo

- nem acredito que não vamos se ver tão cedo - Sofia falou

- vocês podem ir me visitar, Samuel vem pra cá todo ano e nas férias também

- e como ele vai aprender inglês?

- ele é novo, lá fora vamos falar muito inglês e depois vamos colocando o português

- tá feliz? - perguntei

- demais, vocês acreditam que o Igor agora é pai do Samuel?

- tô chocada - eu e Sofia falamos juntas

- meus pais me apoiaram bastante

- fico feliz, agora vamos deixar você ter seu dia de princesa

- tá bom, vejo vocês daqui a pouco - deixamos a Helena se arrumando e fomos bater perna

Eu e Sofia entramos na lojinha de açaí, tava morrendo de desejo, esses dias tava em uma fome descontrolada, se deixassem eu tava comendo pedra.

- tava morrendo de fome - falei descendo o morro com a Sofia

- tô enjoada de açaí, toma - me deu o dela

- muito obrigado

Quando a gente tava descendo escutamos um choro baixinho vindo do lixo

- o que é isso? - falei olhando pra Sofia

- não sei, vamos ver

Quando chegamos perto vimos uma criança que aparentemente tinha acabado de nascer, e chorava com um pouco de dificuldade

- vamos levar no posto - Sofia falou pegando no colo

- ei, moto táxi, leva aqui no posto - Sofia subiu na moto e eu fui atrás

Quando chegou lá, levaram ela pra uma sala e eu fiquei esperando com a Sofia, depois de uma hora a médica veio atrás da gente

- olá meninas, é filha de uma de vocês?

- não, encontramos no lixo

- ainda bem, se não fosse por vocês ela iria morrer

- meu deus - Sofia colocou a mão na boca

- ela tá bem? - perguntei

- sim, bem melhor vai ficar no máximo uns dias aqui

- posso vim visitar? - Sofia perguntou

- pode sim - a médica saiu

- coitadinha né? - perguntei saindo do posto

- ainda bem que achamos ela, acho que vou trazer umas roupinhas da Allayah que tem lá em casa

- é bom, eu tenho umas também que eu peguei da Isis e minha mãe surtou e não gostou

- dona Emily é a melhor

- amiga, a roupa era linda e ela surtou

- é a ansiedade pra ter logo

- imagina o bebê nascer hoje?

- acho que não - Sofia falou

Pegamos um moto táxi e fomos direto pra casa se arrumar, o casamento da Helena iria ser no morro mesmo em uma igrejinha e depois uma festa em um espaço onde tem a resenha da família.

Peguei minhas coisas e o Guilherme já tava lá com meu pai, que me olhou com uma cara de tédio

- tava aonde ? - Guilherme perguntou assim que eu cheguei

- tava no postinho, eu e a Sofia achamos um bebê no lixo, acredita pai?

- boto fé, depois vou averiguar pra saber quem foi que fez essa crueldade

- vou me arrumar, cadê minha mãe?

- se maquiando, deixa lá, se acalmou agora

- tá bom, vou lá me arrumar rapidinho.

Como eu sabia me maquiar, só fiz colocar meu vestido e passar uma prancha de leve e deixar uns cachos. Tava pronta pra curtir um pouco, sem estresse na minha mente.

No morro da maré 2Onde histórias criam vida. Descubra agora