Diogo Novais
Os olhos da Amanda brilhavam em contraste com a vista da cidade, apesar do dia estar nublado. Ela sorria encantada, como se estivesse vendo algo além do que todos viam, como se estivesse vendo a verdadeira beleza daquela paisagem.
— É tão alto, né? — disse olhando pro mar abaixo de nós — A gente subiu até aqui a pé. — riu.
— Quase que não sobe. — ri — Tá sedentária. — zombei.
— Eu me exercito. Só que eu não tenho costume de subir um monte de degrau por dia. — me olhou sorrindo.
— Quer ir na Gávea então?
— Se for pra fazer trilha, com certeza não. — disse sacando seu celular, abrindo a câmera pra registrar a vista.
Ri da sua espontaneidade e sinceridade. Respirei leve, estar ao lado dela era tão bom, eu não conseguia explicar o que fazia ser tão bom, mas era melhor do que dormir depois de um dia agitado de trabalho. Em três minutos chegamos à estação da Praia Vermelha, um passeio tão rápido com um preço tão desproporcional, mas a parte boa era que sendo natural do Rio de Janeiro tínhamos direito a cinquenta por cento de desconto.
O clima apenas piorava e o céu ficava cada vez mais acinzentado. Ao chegarmos no estacionamento reservado apenas aos militares, entramos em um dilema.— Eu acho que dá pra dar um mergulho. — a Lorena disse animada.
— Não sei, não. — o Thiago analisou o tempo — Melhor outro dia, amor.
— Melhor mesmo. — a Amanda se pronunciou — Sem contar que em área aberta, é arriscado cair um raio na gente.
— Tanto faz pra mim. — dei de ombros, anulando o meu voto.
— Em vez de me ajudar, cê me atrapalhou. — Lorena bateu no meu ombro, rindo.
Era estranho a ver tão simpática comigo, não que ela não fosse, mas eu sabia que ela não era a minha fã número um e quando nos encontrávamos, ela me tratava bem forçadamente, dessa vez estava mais espontânea. Até nisso a Amanda influenciou, ela me ajudou a ser menos odiado pela quase esposa do meu amigo.
— Não, melhor a gente ir. Daqui a pouco chove e além do raio tem a maré que vai agitar, morrer afogado não dá. — Thiago disse — Deixa pra próxima.
— Tsc. — Lorena torceu os lábios.
— Tá o clima perfeito pra morrer e você tá achando ruim? — perguntou descontraidamente — Teu mal é sono, Lorena.
— É isso — bati uma palma, pra despertar todos—, então partimos? — perguntei.
— Bora! — Thiago destravou seu carro — Vou logo senão tá arriscado eu piscar a Lorena correr pra água. — riu, a fazendo rir — Até, irmão. — me abraçou, retribui— Vai levar ela pra casa? — cochichou, apenas eu escutei.
— Não. — fui breve, pra ela não perceber sobre o que eu estava falando — Até e chegar em casa, fala pra eu saber que cê tá vivo. — soltei do abraço, indo em direção à Lorena e a abraçando.
Eles se despediram da Amanda e após longas despedidas, cada um entrou em seus respectivos carros.
— Minhas pernas estão doloridas. — Amanda disse rindo.
— Eu tô tranquilo por enquanto, vamos ver depois do banho. — ri — Quer ir pra mais algum lugar? — a olhei.
— Não, tô sem energia. — disse sorrindo — Eu só quero ir pra casa logo e dorm... — ela parou de falar ao escutar seu celular tocando — Espera aí, é a minha mãe. — atendeu.
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Entre A Paz E O Caos
RomanceUma jovem de dezoito anos, negra, periférica, nascida e criada na favela da Rocinha, localizada na Zona Sul do município do Rio de Janeiro. Com um pai ausente, foi criada sozinha pela sua mãe. Seu maior sonho é ingressar em uma faculdade e sair de o...