Capítulo Quarenta e Dois

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Amanda Linhares

Mentira? — a Rebeca disse de boca cheia após eu a revelar os acontecimentos do fim de semana.

— Queria muito que fosse. — suspirei.

— E você vai fazer o quê? — perguntou incrédula — Quer dizer, tem o que fazer?

— Não, que que eu posso fazer? — a olhei — Ela me ameaçou. Rebeca, ela já me odeia desde sempre, eu não duvido nada que ela seja capaz de me fazer algum mal. Não vou me meter nisso.

— O Felipe não deixaria ela encostar em você.

— O Felipe não fala mais comigo. — rebati — O que me resta é fingir que não aconteceu nada, que eu não vi nada. Até cogitei falar com o Felipe sobre, ver se ele convencia ela de sair daquilo mas eu não tenho nada a ver com isso. Ela que quis, eu não tenho que me desgastar por uma pessoa que nem tem meu sangue. Só espero que ela... Acorde e veja que tudo não passa de ilusão.

— Sua vida parece um filme. — disse reflexiva — Agora o cuidado pra não descobrirem sobre o Diogo tem que ser redobrado, né? Tem uma pessoa que te odeia verdadeiramente só esperando você dar um deslize.

— Muito obrigada por lembrar. — ri, respirando fundo após — Não vejo a hora de ir embora daquele lugar, eu não aguento mais viver assim.

— Tá bom, chega! — bateu uma palma alta, perto do meu rosto que estalou dentro do meu ouvido — Parou, xô, energia negativa! Xô, desânimo! Vamos falar de coisa boa agora! Deixa essa garota pra lá! — riu — O Diogo vai te levar pra onde? — perguntou, dando um gole no seu suco, atenta à resposta.

— Eu não sei ainda. — ajeitei a postura — Ele só disse que eu passaria a noite fora junto dele.

— Mentira? — perguntou animada — Sabe o que isso quer dizer?

— Sei. — ri — Mas fala você o que quer dizer.

— Pedido de namoro! — bateu outra palma, comemorando — Já pensou na lingerie?

— Eu sabia que você ia dizer isso. — disse rindo — Mas com certeza não é isso e eu não pensei em nada ainda, nem sei se eu vou.

— Ué? — franziu o cenho — E não iria por qual motivo?

— Não pedi pra minha mãe ainda.

— Ah, isso é o de menos! — me tranquilizou — Ainda mais que ela sabe de vocês, bem mais fácil. Ah! — se lembrou de algo — Vem cá, o que você acha da gente ir em uma sex shop depois da aula? — me olhou, sorrindo de lado.

— Rebeca, eu trabalho.

— Já faltou no trabalho por algum motivo?

— Já, quando teve o tiroteio.

— Ah, tem tempo já, Amanda! Seguinte, vai hoje e diz que... — pensou — Sexta não dá pra você ir porque... — pensou mais — Precisa ir na UERJ resolver um problema da inscrição da sua prova.

— Eu não consigo mentir. Ainda mais pro seu Adeilton, ele é tão maneiro comigo.

— Ai, Amanda! É só uma vez! Eu conheço uma loja perfeita, tudo é barato. Vamos, por favor! — balançou a minha perna, implorando pra eu aceitar — E outra, seu chefe não é velho?

—E que que tem?

— Velho não entende de prova, de tecnologia, de nada! É só você mentir e pronto, ele não vai nem desconfiar.

— Ai, Rebeca... — suspirei pensativa — É que nunca entrei numa sex shop na minha vida. Não tô muito a fim de ir.

— E pra tudo tem uma primeira vez. — zombou — Faz isso, por favor!

Entre A Paz E O CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora