Capítulo Doze

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Amanda Linhares

Eles se olharam e pensaram em silêncio por poucos segundos, até, infelizmente, concordarem.

— As coisas dele tão aonde, tia?

— O fuzil tá atrás do sofá, junto com o radinho.

— Já é, a gente vai ficar de ronda na casa da senhora, falou?

— Podem ficar a vontade, mas primeiro deixa a polícia dar um tempo, tá?

— Já é.

— Coloca ele lá em cima, se puderem. — disse séria.

Eles assentiram e subiram com ele, o deixando contra a minha vontade no tapete do meu quarto. Estava assistindo tudo aquilo sem poder dizer nada, mesmo estando na minha casa. Eles eram opressores, como qualquer traficante, e mesmo que a casa fosse minha, eles me repreenderiam de uma forma ruim se eu dissesse algo que não fosse do agrado deles. Os mesmos passaram por mim me encarando, fazendo eu abaixar a cabeça e olhar pra outro lugar automaticamente.

— A saída vocês sabem onde é, por favor. — minha mãe disse indicando a porta do quarto.

Eles saíram e desceram as escadas, minha mãe os acompanhou até a saída de casa e logo após subiu as escadas. Assim que ela cruzou a porta do meu quarto, a olhei séria e cruzei os braços, nem precisei dizer algo pra ela adivinhar o que eu queria dizer.

— Não começa, Amanda, por favor.

— Eu nem quero acreditar nisso. Você não tinha uma ideia melhor? — disse impaciente.

— Amanda, é só por enquanto. Dependendo da hora que ele acordar, ele vai embora ainda hoje.

— Mãe, não tem lógica, ele é um bandido, um criminoso! Se a polícia entrar aqui já era! Acabou até pra gente, a senhora tem noção disso? Tem arma na nossa casa! — disse gesticulando.

— Gosto dele independente do que ele seja, Amanda, e se eu posso ajudar, eu não vou atrapalhar e deixar ele ser preso ou morto.- disse séria.

— A gente ser presa ou morta por causa dele tudo bem, né?

Ela suspirou e permaneceu em silêncio.

— Você viu como os amigos dele me trataram? Bateram a porta do banheiro na minha cara! — disse indignada.

— E você quer que eu faça o que?! Chame eles aqui e reclame?! Amanda, eles não são o Felipe, que mesmo sendo traficante, respeita e gosta da gente!

Fiquei em silêncio e pus minhas mãos no rosto, suspirando impaciente, só podia ser brincadeira. Ela se ajoelhou perto dele e me olhou.

— Me ajuda a tirar o short dele, pelo menos?

— Mãe, olha...

— Quer saber, deixa que eu faço sozinha, Amanda! — disse me interrompendo.

Ela estava me tratando mal por causa dele, a troco de nada. Eu não tinha muito o que fazer, infelizmente eu tinha que ajudar ela a despir ele pra ele não adoecer, mesmo que não fosse da minha vontade. Me ajoelhei em silêncio, segurando o choro e suspendi as pernas dele com dificuldade pra ela conseguir tirar sua bermuda. Apesar de seu físico ser extremamente magro, ele ainda sim era pesado pra mim.

Entre A Paz E O CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora