Capítulo Cinquenta e Um

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Amanda Linhares

Corria depressa, eu mal sentia minhas pernas ou sequer tinha noção do que eu estava fazendo, só corria por instinto, eu lutava pela minha vida, não queria morrer. Fiz tudo ao contrário do que o Felipe me mandou. Ele pediu pra eu fingir que nada tinha acontecido e eu cheguei em casa simplesmente empurrando a porta com tanto desespero que fez um estrondo monstruoso. Caí no chão da minha sala em prantos, quase sem ar e sem entender porque que aquilo estava acontecendo justamente comigo. O que eu tinha feito pra merecer isso? Eu era uma boa filha, uma aluna esforçada e dedicada que ainda trabalhava até tarde pra ter acesso ao meu dinheiro honesto, por que aquilo tinha que acontecer?

— Amanda! — minha mãe desceu as escadas correndo — Amanda, que que aconteceu?! — perguntou eufórica, preocupada.

Mas nada saiu de mim, eu mal conseguia respirar com fluidez, era como se eu respirasse através de um pedaço de pano. O que eu falaria pra ela? A mesma desde sempre me alertava, dizia que não era uma boa ideia e agora... Tudo o que ela me disse estava acontecendo, parecia que ela tinha previsto, ou talvez fosse uma tragédia anunciada e só eu não havia percebido.

— Filha! Por favor! — minha mãe disse desesperada, me balançando, tentando me despertar.

Sem aviso prévio, a abracei com toda a minha força, chorando com dor.
Antes de começar a namorar com o Diogo, eu já imaginava que esse dia chegaria, só não sabia que seria tão rápido e com tanta brutalidade como foi. Eu mal aproveitei nosso namoro, havia acabado de começar.

— Mãe, não me solta! — expirei forte, soluçando — Por favor, eu preciso de você!

— Amanda, o que aconteceu?! Você tem que me falar! — exclamou, assustada.

Eu sabia que se falasse, ela não deixaria por isso. Não conhecia alguém naquele lugar mais corajoso do que a minha mãe. Por minha causa, ela peitaria até o bandido mais forte daquele lugar, o mais temido, o Johny Bravo. Mas tudo o que vinha na minha cabeça quando eu cogitava a ideia de contar à ela era a imagem do Felipe, transtornado e completamente enraivecido dizendo que me mandaria a cabeça do Diogo caso ela fosse tirar satisfações com ele. O pior daquilo tudo é que eu sabia que ele era completamente capaz de fazer aquilo, ele era tão ruim que ele poderia fazer até mil vezes pior.

— Amanda! — gritou.

— Eu... — pensei em algo rapidamente — Um traficante matou um cara aqui perto, ele matou na minha frente. Eu vi. — menti, voltando a chorar copiosamente.

— Amanda, calma, mas ele te viu?! — perguntou preocupada — Ele viu você?! Responde, Amanda!

— Não, eu corri. — solucei — Ai, mãe, eu não quero mais morar aqui. — disse voltando a chorar com dor, tossindo sem ar.

— Calma, amor, mamãe tá aqui com você. Passou. — me abraçou, colocando minha cabeça no seu peito, me acarinhando.

Mas não estava nem perto de passar. O meu choro não cessava por nada, parecia que eu estava prestes a morrer. Eu só sabia chorar em desespero, deixando minha mãe ainda mais preocupada.

— Amanda, você vai passar mal! Para de chorar, já passou! — disse me repreendendo, preocupada.

— Mãe. — nada saiu de mim, só mais choro doído e um grito que eu estava precisando soltar — Eu quero sair daqui agora! — gritei, soluçando.

— Meu Deus. — disse sozinha — Espera aqui. — disse indo até a cozinha e pegando um copo de água, voltando após — Bebe. — tentou virar o copo na minha boca.

— Não quero água, mãe! Me tira daqui! — gritei com a voz rouca, já não aguentava chorar, meu peito doía — Mãe.

— Eu preciso que você fique calma pra eu poder te ajudar! — gritou, mas não foi grosseira, ela estava mais assustada do que eu — O que aconteceu?! Me fala agora! Não foi só isso!

Entre A Paz E O CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora