Capítulo Vinte

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Diogo Novais

— Ela tem dezoito! — disse levantando o braço com o punho fechado, comemorando.

O Thiago levantou do sofá gritando e ficamos pulando enquanto gritávamos. Parecia que estava passando uma partida de futebol decisiva do Botafogo na televisão. O Hulk começou a uivar e a latir descontroladamente e, em outra ocasião eu o acalmaria, pra evitar que o síndico ligasse lá pra casa. Mas eu estava tão feliz e aliviado que eu nem me importei. Por mim ele poderia latir até acordar o prédio inteiro.

— Até que enfim essa agonia passou! — o Thiago disse animado, se jogando no sofá — Isso pede uma pizza pra comemorar!

— Que pizza, Thiago! Eu tô anêmico. — disse digitando.

Perguntei sobre a escola, pra ela não pensar que eu havia perguntado sua idade com outras intenções, mesmo as intenções sendo extremamente reais e perceptíveis.

— Já sei onde ela estuda. — disse sorrindo — Pedro II.

— Hm, inteligente ela. Só entra nesse colégio quem passa na prova que eles aplicam. E a prova é difícil. Sabe qual unidade ela estuda?

— Aí você me quebra. Mas eu sei porque ela ainda estuda.

— Repetiu, né?

— Não, ela tá cursando o quarto ano. — disse sorrindo — Lá vai até o quarto ano do ensino médio e eu nem sabia que existia quarto ano. — me sentei ao seu lado — Pega uma cerveja pra gente lá. — sacudi sua perna.

— Tava em pé agora e não pegou, mané! Fala sério! — o mesmo levantou reclamando.

Fiquei conversando com ela por minutos, ela era perfeita. Estava encantado com a beleza dela, mas agora, também estava encantado com sua inteligência. Eu estava maluco pra chamá-la pra sair logo, pra vê-la pessoalmente e poder conhecê-la de verdade, além das mensagens.
Thiago acabou pedindo uma pizza e eu me sucumbi ao seu pedido, mesmo não podendo comer besteira e tendo comida saudável em casa preparada pela minha mãe.

— Vai sair com ela quando? — disse deitando do meu lado.

Sim, nós dormíamos juntos. Pra alguns era estranho, mas pra nós era muito comum, até porque era! Não deixaria meu amigo passar calor na sala por idiotice, não tinha nada demais naquilo.

— Ah, daqui a um mês, mais ou menos. Não tenho intimidade pra chamar ela pra sair. Ainda. — acrescentei — Mas é questão de tempo, eu acho que ela tá gostando de conversar comigo. — sorri.

— Gente... Ter todo esse trabalho de esperar um mês — disse dando ênfase no "um" — só pra transar e nunca mais falar com ela? Porque é isso que vai acontecer, você nunca mais vai ver ela na sua vida. — disse rindo.

— Eu não quero só transar com ela, não, Thiago. — ri — Queria manter contato, ela parece ser legal.

— Cê tá falando que quer namorar ela, é isso?

— Não! — respondi rapidamente — Quer dizer, eu não sei como vai ser daqui pra frente. E se for ela? — o olhei.

— Nossa, vai ser maravilhoso! Imagina você subindo o morro pra ver ela e morrendo degolado, cheio de tiro na cara porque os traficantes descobriram que você é policial? — disse sarcasticamente.

— Você é um pouco exagerado. — me cobri.

— Convenhamos que vai ser impossível você ficar encontrando ela sempre. A garota mora na pior favela do Rio. Se ficar sério o compromisso de vocês, nem na casa dela cê vai poder ir, e isso é o básico pra um relacionamento andar.

Entre A Paz E O CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora