Capítulo Cinquenta

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Felipe Ribeiro

— Tô muito cheia. — Brenda disse rindo, atravessando o portão da sua casa — Quase que não deu pra sobremesa. — riu.

— Mas você comeu duas vezes. — forcei um riso.

— Óbvio, eu não ia desperdiçar. — zombou.

Era inegável que a Amanda tinha conseguido acabar com a minha noite. Mas a Brenda não tinha culpa, ela nem sequer sabia o que estava acontecendo.
A todo momento eu arquitetava uma forma de abordar a Amanda, botar ela na parede, mas nada vinha em mente. A verdade é que eu queria falar logo com o Bravo o que estava acontecendo. A regra do morro era muito clara, era proibido se envolver romanticamente com bandidos de outras facções, milícia e policiais, que eram basicamente a mesma coisa. Ela tinha escolhido o lado dela e mesmo que ela fosse só amiga de um policial, já era o suficiente pra ela se tornar nossa inimiga.
Fiquei estagnado no portão, não quis entrar em sua casa e a Brenda desfez o sorriso, me olhando com um ar de dúvida.

— Não vai entrar? — perguntou com estranheza.

Eu sempre entrava e ficava alguns minutos com ela, era de lei. Mas dessa vez eu estava esgotado mentalmente, perdido e tentando achar uma forma de resolver aquele problema que nem era meu.

— É... — busquei palavras — Sendo sincero, a comida caiu mal. — menti — Mas eu juro que amanhã eu volto e fico o dia inteiro contigo, pode ser? — sorri.

— Ah, pode. — foi perceptível seu sorriso amarelo, ela havia ficado chateada — Até amanhã então. — se aproximou, me beijando.

Seu beijo era calmante pra mim, arrebatador. Só que eu estava tão puto da minha vida que não consegui me concentrar somente ali, nela. Interrompi o beijo segundos após, a vendo me olhar com estranheza, tentando me decifrar.

— Que que você tem? — perguntou com o cenho franzido.

— Nada. — fui curto.

— Não, você tá assim desde quando atendeu aquela ligação no restaurante. — insistiu, ela conseguia me ler como ninguém — Aconteceu alguma coisa, não aconteceu?

— Não aconteceu nada, princesa. — disse calmo, tentando disfarçar — Fica tranquila, tô bem. Amanhã eu volto. — beijei sua testa.

Caminhando até minha moto, escutei ela suspirar. Minha mentira não tinha colado, mas eu não falaria o que estava acontecendo de jeito nenhum. Nem sequer sorri pra ela antes de acelerar em direção à casa do CL.
Estava perdido e cego de raiva, minha vontade era de ir até à casa da Amanda, meter o pé na porta dela e esculachá-la. Mas eu não podia ser inconsequente, ao mesmo tempo que eu estava me coçando pra falar com o Bravo, não queria que aquilo chegasse nele. Eu sabia do que ele era capaz e eu não queria que ele a machucasse apesar de eu estar a ponto de a machucar.

— CL! — bati palma três vezes, o vendo aparecer na janela com a feição confusa.

— Que que cê tá fazendo aqui a essa hora, menor? — perguntou da fresta de sua janela — São duas da manhã!

— Abre aqui, rápido! — disse impaciente.

— Calma. — fechou sua janela, saindo de casa segundos depois — Não era pra você tá com a Brenda a essa hora? Que que aconteceu? — perguntou com estranheza — Vocês brigaram?

— Não, a gente tá bem. É a Amanda, ela acabou com a minha noite, mané. — bufei.

— Ah, fala sério! — riu, desacreditado do que havia escutado — Entra aí. — abriu o portão.

Entre A Paz E O CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora