Capítulo Vinte e Oito

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Diogo Novais

— E aí? — o Thiago me enviou.

— Ela disse que tá descendo.

— Tá calmo?

— Acho que eu tô querendo ficar com dor de barriga.

— É psicológico! Não me passe mal no primeiro encontro! — me repreendeu descontraidamente, me fazendo rir — Já sabe pra onde vai levar ela?

— Mirante do Leblon.

— Porra... Tirou ela de uma favela pra levar em outra? Muda esse disco.

— O Vidigal é mais pra frente. E lá tem um quiosque ótimo, não vai ser chato e nem arriscado.

— Tô torcendo por isso!

Escutei um portão abrir e passos se aproximando devagar, levantei o olhar e... Senti meu ar saindo do corpo. Era ela. A menina da Rocinha. Amanda.
Ela estava com uma calça jeans escura, tênis preto e um cropped que parecia uma bandana. Sua maquiagem estava sutil, só era perceptível o delineado. Seu cabelo estava surreal, tão cheio e chamativo, a coisa mais linda do mundo inteirinho. Completamente linda, superando todas minhas expectativas e me fazendo sentir insuficiente pra sair ao seu lado. Eu estava com uma bermuda preta de moletom, blusa cinza e de chinelo. Chinelo! Mas não tinha mais o que fazer, ela já estava na minha frente. Ajeitei a postura e limpei a garganta, me desencostando do carro.

— Oi! — não consegui disfarçar a felicidade, meu sorriso ia de orelha a orelha.

— Oi! — respondeu na mesma intensidade, vindo de encontro a mim.

A mesma me abraçou e eu finalmente pude sentir o cheiro dos seus cabelos. Cheirava a coco e a outro cheiro que eu não consegui reconhecer, mas que era bom demais. Ela tinha o cheiro doce.

— Entra aí. — tentei parecer descontraído, mas era perceptível meu nervosismo.

Abri a porta do carro e ela adentrou. Eu adentrei em seguida, ficando em um completo silêncio. Eu precisava dizer alguma coisa, mas eu só conseguia agir no piloto automático. Girei a chave do carro e dei a partida.

— Não tinha reparado que seu braço era fechado. — ela quebrou o silêncio, me fazendo respirar aliviado.

— Sério? — ri — Cê já viu meu braço outras vezes.

— Mas da última vez eu quase não te reparei. Na foto de perfil cê não tá tatuado.

— A foto de perfil é velha, o Hulk tava com oito meses, agora ele tá quase com três anos. Eu fechei meu braço deve ter uns cinco ou sete meses, por aí. — sorri — Você tem tatuagem? — a olhei, que me olhava com os olhos apertados por causa do seu enorme sorriso.

—Ainda não, minha mãe não deixa eu fazer e eu não gosto de sentir dor. — riu — Doeu muito pra fazer?

— Muito! Foram seis horas de sessão.

— Cê fez de uma vez? — perguntou desacreditada — É maluquice.

— É que depois de uma hora de sessão eu não tava mais sentindo meu braço. — ri — Então eu só continuei. Apesar de doer, é uma dor boa.

— Cê tem outras?

— Não! Só tatuei o braço, mas eu vou fazer outras. Só não tenho ideias ainda. — contraí os ombros, sorrindo — Na verdade eu tenho, mas tá bem abstrato.

— Eu não gosto de sentir dor, mas acho que um dia eu vou tatuar alguma coisa. — disse rindo.

— Tipo?

Entre A Paz E O CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora