Capítulo 28 (Flor)

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Flor narrando.

O tempo parecia se arrastar, ao mesmo tempo que eu queria que a prova chegasse logo, eu não queria. Me sentia muito insegura, mas não sei se estava preparada para dar esse passo, quer dizer, estava tão perto que era assustador.

Passei o final de semana inteiro estudando, já era segunda-feira e prometi a minha mãe e minha irmã que iria visita-las.

—Olha só quem decidiu retornar a casa, a filha prodiga. — minha mãe abriu a porta para mim. Dou um abraço nela.

— Isso é jeito de receber sua filha favorita? — digo rindo. Não escuto a voz de Liliana reclamar e acho estranho. — Liliana não está?

— Ela está na faculdade agora. Mais tarde ela chega. — Mainha responde. — Então, minha filha. Como estão as coisas? Estudando muito? ¿Aún tienes conocimientos de español? — minha mãe falava espanhol tão bem que eu ficava arrepiada.

— Sí, pero no me siento segura. — respondo, suspirando e sentando no sofá. — Queria que papai estivesse aqui, para me ajudar. — mainha sentou ao meu lado.

— Seu pai estaria muito orgulhoso de você, mas até mesmo ele sabe que você não precisa dele para isso. Tu español es guapa*. — dou uma risada. Que engraçado minha mãe usando gírias em espanhol.

-— Eu sei, mãe. Mas muitas das vezes queria ouvi-lo, ouvir seus conselhos. — suspiro. – Dia 30...

— Dia 30. — minha mãe engoliu em seco. — Eu sei, está chegando. — dia 30 de Junho era o aniversário de morte do meu pai.

— A senhora quer fazer algo? — pergunto, vendo o semblante triste de minha mãe me deixar triste também.

— Não. — me surpreendo com a resposta. — Quer dizer, se você e Liliana quiserem fazer algo, acho que é até bom. Mas eu não quero. Talvez só plante algo, mas não quero ir ao cemitério, nem a igreja. — ela suspira.

— Tudo bem, mãe. Não tem problema. — a abraço.

—Acho que vou viajar. — ela solta.

— Para onde, mãe?

— Quero voltar a atender em Cuba. — ela responde. — Sinto muita falta de lá, minha filha. — ela sorri. — Queria me ocupar com algo, pintar não está resolvendo.

— Isso é muito bom, mãe. De verdade. Faça o que sentir vontade. Mas vem cá, e o seu Antônio? — por cristo, acabo de perceber que o crush da minha mãe tem o mesmo nome do meu, mas em português.

— Ah, querida. — ela ri. — Ele é apenas meu professor. Nada demais. — eu que rio dessa vez.

— Sei muito bem.

— É verdade criatura. Você e Liliana ficam com essas besteiras na cabeça. — ela balança a cabeça. — Semana passada fui num café com Cintia. Fazia um tempo que eu não saia assim. — ela fala. — Foi bom, acho que até flertei com um senhor lá. — dou um sorriso. Mamãe não está morta.

— Olha ai, Dona Sônia. Iludindo corações para depois dar o fora do Brasil. — digo rindo. — Vamos pra cozinha, vim pra fazer uma comidinha bem gostosa, e quero que a senhora me conte tudo desse flerte safadinho ai no café. — digo, rindo. Adorava estar com minha família, me sentia forte novamente. Talvez era isso que eu precisava mesmo.

—Não foi nada demais. Ele é um psicólogo. — minha mãe diz.

— Falando em psicólogos. — suspiro. — Acho que vou iniciar uma terapia. Nem que eu tenha que manter as consultas por vídeo-chamada. Acho que preciso de ajudar pra organizar minha mente.

O Sol Pela Janela [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora