Não tive coragem de perturbar Flor, decidi ir para casa logo depois que Barbara entrou no seu uber. Mas o mesmo tempo fiquei apreensivo. Queria falar com Flor, queria nossa amizade de volta, queria protege-la daquele desgraçado. Eu sabia que Rafael era um homem ruim, talvez por isso fiquei tão puto quando Flor foi atrás dele.. quer dizer, porra? Mas o que eu poderia fazer? Ela é uma mulher adulta.
Chego em casa e não encontro mais Eduardo no sofá, vejo que ele está dormindo em seu quarto. Vou em direção ao meu quarto e tomo um bom banho, me sentia confuso e pela primeira vez senti um medo aterrorizante. Medo de que algo pudesse acontecer a Flor. Já tinha tomado minha decisão, iria terminar essa briga ridícula e infantil de uma vez, somos dois adultos, precisamos agir como adultos.
Ao sair do banho, ligo meu computador e abro meu e-mail: mensagem da minha orientadora. A prova seria na quarta. Sinto meu corpo inteiro tremer. Teria que conversar com Floribella antes de fazer essa prova, não quero estar dentro de uma sala com ela puta comigo. Sei que é um momento muito importante para ela, assim como também é para mim. Deito na cama e suspiro, estava muito cansado emocionalmente, mas mentalmente também. As vezes tenho vontade de desistir de tudo, de sumir, de ir viver no meio do mato, longe de tudo... Quem sempre estava ao meu lado me fazendo acreditar em mim mesmo era Flor. Como eu sentia falta dela. Não posso, não vou deixar Rafael chegar perto dela, nem que eu precise fazer o que eu mais detesto: brigar.
Flashback
5 anos atrás
Eram por volta das 22h, estava com Eduardo no Cajazeiras, já estávamos bem altos, Eduardo estava de papo com um cara que conheceu e eu conversava com a garota que acompanhava esse cara, não conseguia lembrar seu nome... Carla? Maria? Acho que é Carla. Ela era bem pequena, os cabelos lisos na altura do pescoço, era bem bonita e interessante. Talvez depois daqui fossemos para meu apartamento.
—Você mora com seus pais? — Carla me pergunta enquanto bebe sua caipirinha.
— Não. — dou uma risada. — Eu não conheço meus pais, pra falar a verdade. — Carla me olha curiosa.
—Você é adotado?
— Não, não. Meus genitores só não me quiseram mesmo. Fui criado pela minha avó, que já faleceu, que Deus a tenha. — digo, levantando o copo de cerveja para o céu. — Vovó não tinha muita grana, sempre trabalhei a vida inteira. — digo, suspirando. — Mas acabei conhecendo uma tia-avó por parte de pai. Ela me bancou quando decidi começar a estudar.
— Quanta fortuna ela não te paga? Nunca para de estudar! — Escuto a voz de Floribela atrás de mim. Sua voz provoca coisas em meu corpo que não consigo explicar.
— Flor! — levanto e a abraço, por um segundo esqueço da existência de Carla. Mas logo lembro da morena ao meu lado, que parecia confusa. — Flor, essa é Carla. Carla, essa é Flor, minha melhor amiga. — Flor faz uma careta ao me ouvir. Foi uma careta bem minúscula, mas eu percebi.
— Tudo bom? — Carla cumprimenta Flor, percebo que Carla perde completamente o interesse em nossa conversa, e se volta ao boyzinho que Eduardo flertava.
— Que surpresa, Flor! Achei que você estivesse com Rafael. — só o nome desse desgraçado me dá raiva.
— Ah, longa história meu amigo. Olhe, não me apresenta assim como sua melhor amiga para as garotas não. — ela diz, rindo. — Diz que eu sou a ex namorada do seu melhor amigo, ou então fala logo que eu namoro. Elas sempre acham que melhores amigas são iguais a amantes inescrupulosas. — Flor diz, rindo mas com um semblante sério. Não me importava muito com o que pensavam, Flor era mesmo minha melhor amiga.
— Que besteira, eu que não quero ficar com alguém que ache uma besteira dessas. — eu digo, suspirando e vendo Carla entrosar com outro rapaz. — Acho que não vou levar ninguém para casa hoje. — suspiro.
—Eu até te faria companhia, mas preciso ir embora daqui a pouco, só vim porque Rafael estava me enchendo o saco. — ela suspira. — Preciso beber alguma coisa. Já volto. — Flor some em meio à multidão do bar, deixando comigo sua bolsa. Odiava que Flor ainda se relacionasse com esse cara. Já cansei de falar que ele era um lixo. Ela não merece ser tratada como segunda opção de ninguém, muito menos dele. Mas ela gosta dele, entendo um pouco, mas não tanto. Vejo Carla indo embora, nem ao menos se despediu de mim, fiquei um pouco chateado mas vida que segue. Beberico mais um pouco da cerveja que já estava quente no meu corpo e observo as pessoas ao meu redor. Eduardo me encarava como se soubesse de todos os meus pecados.
— Que foi? — pergunto, sem entender.
— Nada. — ele fala, do outro lado da mesa. Fez um gesto para que a gente conversasse depois. Concordo com a cabeça.
Levanto de onde estava sentado para procurar Flor, que tinha ido buscar bebida dentro do bar e até agora não retornou. Mas assim que levantei, dei de cara com Rafael. Na hora senti meu sangue subir e vontade de dar outro soco em seu rosto.
— Onde está minha namorada? — ele perguntou, com aquele tom asqueroso de tratar Flor como uma propriedade. — Ela está aqui, não é? — poderia mentir para ele deixa-la em paz, mas sua bolsa estava em minhas mãos, e Rafael viu.
— Para de perturbar Floribela. — eu digo. — Você não percebe que só causa mal estar nela? — Rafael se aproximou de mim como se fosse me bater, institivamente preparei minhas mãos para soca-lo se necessário.
— Eu sei qual é a tua, Anthony. Ser o amigo bonzinho, estar sempre ao lado dela, fazer minha caveira pra depois rouba-la de mim. — ele disse com tanta convicção que acho que estava mesmo falando a verdade. Que louco. Eu balançava a cabeça em negação, Rafael era totalmente perturbado, obsessivo.
— Você só pode ser louco. Flor é minha amiga. — Está claro que Flor nunca contou para ele que já transamos algumas vezes. Acho que se ele soubesse, já teria me matado.
— Olha aqui. Se você ficar no meu caminho, não vou te polpar, seu filho da puta. — Rafael tentou me empurrar mas eu desviei. Estava pronto para mata-lo ali mesmo.
— Te orienta, playboyzinho de merda! — eu gritei. — Quer brigar? Vem então, será um prazer te deitar na porrada pra você aprender a tratar uma pessoa com respeito. — Rafael quase veio pra cima. Flor chegou antes disso.
— O que porra você está fazendo aqui? — Flor gritava com Rafael. — Já disse que quero ficar longe de você, puta merda. — ela gritou. O bar inteiro estava voltado a atenção para nós. Achei mais prudente acabar com aquela cena ali.
— Flor. Vamos? — perguntei, me colocando entre ela e Rafael. — Se você quiser ficar, a eu te escondo no banheiro até Rafael ir embora. — digo, sussurrando. Ela sorriu, mas seu semblante era de tristeza.
— Vamos, vamos sim. Não fico nesse lugar enquanto esse homem estiver aqui. — ela diz, pegando sua bolsa e indo embora. Rafael quis ir atrás.
— Uma coisa você tem razão, Rafael. Eu realmente estou fazendo a tua caveira. Mas não preciso nem me esforçar tanto, porque você já é um lixo. Deixa Flor em paz. Você pode ter dinheiro, mas eu tenho o ódio. Se você encostar um dedo nela sem que ela queira, eu juro por tudo que é mais sagrado, eu te mato. — sussurro para Rafael, não queria mesmo que ninguém ali ouvisse aquilo além dele. Percebo o medo que ele sentiu. Talvez nunca ninguém tenha o afrontado dessa forma, medo do dinheiro ou do poder que ele tem. Mas eu estou pouco me fodendo para isso. Eu não tenho medo dele.
Segui Flor, enquanto Rafael continuava parado ali, estarrecido. Se ele pensava que esse porte de playboy me assustava, ele estava completamente enganado. Eu faço qualquer coisa pelo bem de Floribela.
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O Sol Pela Janela [EM ANDAMENTO]
RomanceEntre casamento de amigos e dissertações de mestrado, Flor se vê obrigada a assumir uma postura mais responsável diante de seus próprios sentimentos e assumir ao seu melhor amigo colorido e colega de faculdade que é apaixonada por ele: mas essa conf...