Capítulo 16 (Flor)

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Eu sei que não devia fazer isso, eu sei que Rafael é provavelmente o homem mais tóxico que eu já me relacionei, mas apenas ele poderia me salvar agora de fazer uma cena na frente de Anthony. Rafael é o oposto de tudo que Anthony é.

Fui num mercado que existia perto da praça, comprei um vinho barato, cerveja barata. Recebi mensagens de Talita perguntando onde eu estava, respondi que estava dentro do uber indo para casa, disse que era uma motorista mulher para ela não pedir minha localização. Enquanto eu passava minhas bebidas baratas no caixa, Rafael me liga.

—Estou aqui. Onde você está?

— No mercado do lado, pode vim aqui?

—Claro. — ele desliga. Em menos de dois minutos eu vejo o carrão-marca-famosa-que-eu-não-sei-o-nome preto estacionado em frente ao mercado. Ele sai do carro e pega as sacolas.

—O que houve, está tudo bem com você? — ele perguntou, enquanto colocava as sacolas no banco de trás e abria a porta do banco do passageiro para mim.

—Sem perguntas, por favor. — Eu não era louca de explanar minha vida para Rafael. Eu o conhecia o bastante para saber que ele sabia com quem eu estava me relacionando, e bom, não queremos outro homem com a cara socada.

—Certo. Quer ir para onde? — ele perguntou. —Minha casa, alguma balada, festa, bar?

—Seu apartamento novo, eu ainda não o vi. — digo, olhando em seus olhos negros. Rafael por um tempo foi um bom namorado, era atencioso, amoroso. Parte de mim sentia falta disso, mas sabia que aquele homem amoroso do início do nosso antigo relacionamento nunca existiu. Rafael soltou um sorriso ao me ouvir falando, eu sabia que eu iria me arrepender daquilo.

Pego a garrafa de vinho barato e abro ali mesmo no carro, Rafael começa a falar sobre a nova firma que ele está trabalhando, os casos bizarros e etc. Rafael era um ótimo advogado, em contraponto a sua função de namorado, quanto mais era bom na profissão, pior era nosso relacionamento. Eu só ouvia e bebia, eu simplesmente queria esquecer Felipe e principalmente, esquecer Anthony. Eu sinto que já perdi meu amigo, Anthony nunca iria me ignorar chorando, Anthony nunca me faria mentir por conta de ciúmes em algum relacionamento seu. Eu não sei o que Julia fez com meu amigo, mas ele está diferente, e isso está me matando.

—Chegamos. — Rafael estaciona seu carrão na vaga do seu condomínio de luxo. Eu já estava meio tonta mas ainda conseguia andar sozinha.

—Aqui é lindo. — digo, enquanto caminhávamos em direção ao seu bloco.

—Foi um ótimo investimento mesmo. — Rafael me pega pela cintura e não vejo motivos para impedir. Eu também queria.

Pegamos o elevador, e lá dentro eu via meu reflexo bêbado e derrotado. Rafael percebeu que eu já estava além da conta e tomou a garrafa de vinho de mim.

—Ei! Meu vinho! — eu reclamei.

—Isso não é vinho, é bebida de uva com álcool. — ele balançava a cabeça. —Você bebeu demais, Flor. Esse vinho te deixa muito mal, é melhor não beber mais. —ele diz. Concordo. Rafael sabia cuidar de mim, tantos anos de relacionamento serviram para algo. Ele me guiava pela cintura depois que saímos do elevador, e então estávamos de frente a uma porta preta. Ele passa um cartão e então magicamente a porta se abre.

Meus olhos não acreditam no que veem. Rafael tinha uma cobertura gigantesca. Era enorme, com grandes janelas e uma ampla sala de estar.

—Caralho Rafael esse apartamento é gigantesco! É lindo!

—Só não é tão lindo quanto você. — ele me puxa pela cintura e fica a centímetros de mim. —Quer comer algo? —ele passa os dedos nos meus cachos soltos perto das minhas bochechas.

O Sol Pela Janela [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora