Capítulo 38 (Tony/Flor)

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Anthony

Dirigo de volta para minha casa. Por algum motivo sinto vontade de ir ao encontro de Flor, algo me diz que ela precisa de mim, mas ignoro. Isso é besteira, já ficamos um bom tempo juntos, ela precisa respirar um pouco longe de mim, não quero sufoca-la, embora minha vontade é de sempre estar ao seu lado.

Estaciono o carro na garagem e vou até meu apartamento. Eu me sentia o homem mais feliz do mundo. As vezes nem consigo acreditar que Flor é minha namorada. Mas embora eu esteja muito feliz, não queria esse dinheiro de Dona Sônia. Não sei o que Flor acharia disso. Não quero que ela pense que sou uma pessoa interesseira, se bem que acho que ela jamais chegaria a essa conclusão, eu espero.

Entro em casa e vou em direção ao meu banheiro. Precisava de um banho e dormir. E retornar a leitura de alguns livros, mas isso só amanhã. Antes de entrar no banheiro, pego meu celular e mando mensagem para Flor, avisando que tinha chegado, e que estava morrendo de saudades. Sorrio ao enviar.

Flor.

No dia seguinte...

Acordo com uma dor de cabeça. Acho que tive um pesadelo bizarro ontem, Rafael aparecia na minha porta e me dava um colar... Levanto-me da cama e vejo que não foi um sonho. A sacola da loja cara estava em cima da minha mesa de estudos. Suspiro fundo. Não queria que ninguém soubesse disso, só queria sumir com aquilo, estava tudo indo tão bem. Tenho certeza que se Talita souber, ou Anthony, vão querer tirar satisfações que eu não estou disposta a ter.

Pego o celular e vejo mensagem de Tony, sorrio ao ler. Acho que nunca amei alguém tanto quanto eu o amo. Respondo com um bom dia e dou uma desculpa para o dia de hoje. Não poderia encontra-lo, pois iria devolver essa joia belíssima.

Levanto e vou tomar um banho. Enquanto me molhava fiquei pensando o quanto tudo estava dando certo, que até me assustava um pouco. A única questão agora é essa maldita herança. Ela seria a solução do problema internacional. Eu poderia estudar onde eu quisesse, ir e vir para ver Anthony. Talvez fosse o momento de aceitar de uma vez.

Saio do banho e me visto. Mas antes de sair do quarto, observo a joia novamente. Era muito bonita, nunca tinha visto nada igual. Rafael era um cretino, mas tinha um ótimo gosto. Talvez eu não devolva... quer dizer, a joia não tem culpa de Rafael ser babaca, não é?

Decido não devolver. Escondo a sacola em algum lugar no fundo do meu guarda-roupa e a guardo em meu porta-joias. Digo a Tony que eu a comprei mesmo. E vou aproveitar esse dia longe do amor da minha vida para estudar um pouco.

— Vocês foram tão cedo ontem! — Talita dizia, enquanto tomávamos café juntas,

— Sim, fiquei de saco cheio. E acho que Tony não curtiu o ambiente. Da próxima, por favor, vamos para o Cajazeiras. — eu digo.

— Sim, senhora. Meu tempo por aqui já já acaba. Quero aproveitar ao máximo. — Me doeu o coração lembrar que Talita vai voltar para a França.

— Amiga, não quero que você vá, fique imediatamente! — eu digo, brincando com ela. — Vou sentir demais sua falta.

— Besteira. França fica do ladinho da Espanha, você pega um trem e pronto, está em Paris. — ela diz. — Você sabe que já conseguiu essa vaga.

— Não sei, Talita. Eu... não queria ficar longe de Tony. Eu poderia estudar em qualquer lugar com o dinheiro do velho. Mas ele não. Acho que se eu for aprovada eu vou deixar a vaga para ele. — Talita arregalou os olhos.

— Tá maluca? Você sabe que ele jamais aceitaria isso. — ela diz, meio brava. — Vai desistir do seu sonho? Por ele? — Talita realmente estava brava, acho que ela não entendeu.

— Você que tá maluca. Não vou desistir de nada, Talita. Eu vou apenas desistir da bolsa! Eu tenho quadrilhões de reais me esperando na Europa. É injusto com ele se eu ganhar. — suspiro. Talita me encara.

— Não sei, não. Acho que você sabe muito bem quão orgulhoso ele é. — ela fala e come um pedaço do pão.

— É, eu sei. — suspiro. — Os Galli só aparecem para bagunçar tudo. — balanço a cabeça. — Oh, minha mãe. Porque foi se apaixonar por um branco italiano rico?! — eu digo, rindo de nervosa.

— Você não tem curiosidade de saber ou conhecer seus parentes italianos?

— Tenho e não tenho. Se forem racistas igual o velho, eu prefiro não.

— Certa você. — ela diz. — Enfim, vou passar o dia com Babi hoje. — dou um sorriso ao ouvir aquilo. Eram mesmo um futuro casal.

— Talitinha, vocês estão namorando? — pergunto. — Cadê Jonas? — Talita soltou uma risada.

— Jonas está na casa dele. E não, não estou namorando Barbara. — ela responde.

— Mas bem que queria né? — eu digo, rindo.

— Vai pra merda, Flor. Cadê aquele teu namorado hein? Vem hoje não?

— Não, resolvi dar uma folga a ele. E eu preciso estudar. — suspiro.

— Credo, só sabem estudar vocês. Vocês quando se trancam no quarto transam ou ficam lendo na cama? — Talita fala irônica.

— Haha. Engraçadinha.

— Brincadeira. Estou muito feliz, Flor. Muito mesmo. Finalmente vocês estão juntos e isso parece certo, sabe? Como se não fizesse sentido nenhum que vocês não fossem namorados. — ela diz. Sorrio.

— Sinto isso também. É delicioso ouvir dele que eu sou a namorada dele. Nunca achei que amar fosse tão... bom.

— Claro, teu ex é Rafael. Aquele homem é a própria desgraça em pessoa. — Gelei quando Talita tocou no nome de Rafael, eu tenho certeza que minha tonalidade de pele diminuiu um tom. Talita não notou meu desconforto, ainda bem.

— Rafael está morto para mim. — eu digo, com certa dificuldade. Um morto que me deu um lindo colar de ametista.

— Seria bom que ele estivesse morto mesmo. — ela suspira, triste. — Eu o odeio.

— Eu também.

— Enfim, estou indo agora, fique bem! — Talita levanta da cadeira e vai em direção ao sofá, pega sua bolsa e se manda do meu apartamento.

Suspiro olhando para o nada. Porque Rafael apareceu ontem? Será que sabe que estou com Tony? O que ele quis dizer com esse gesto, de me dar um presente? Rafael nunca é de fazer nada apenas por fazer, como um bom escorpiano com ascendente em capricórnio, planeja tudo muito bem. Isso me assusta um pouco. Sinto uma sensação esquisita, de que toda essa paz vai acabar logo. Isso me deixa meio paranoica. Acho que é um bom momento para começar a procurar alguma psicóloga. 

O Sol Pela Janela [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora