Capítulo 11 (Flor)

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Chegamos no prédio de Tony e ele guardou o carro. Formos andando até um bar que ficava bem perto da casa dele, era um bar bem bonitinho, parecia mais um pub para ser sincera. Várias pessoas estavam ali, o ambiente era escuro com algumas luzes neons nos cantos, era um ambiente muito propício para vocês sabem. Sentamos os três numa mesa e Tony logo pediu uma cerveja. Eu pedi um drink de morango e Talita ficou na cerveja também.

-Caras aquele homem não para de me olhar desde que pisamos aqui. - Talita diz enquanto bebe sua cerveja. -Não vou tomar nenhuma atitude, quero brasileiros com atitude, cansada de sempre ser a primeira a tomar atitude! - Talita confessou. - Franceses são muito frescos! Muito, mas muito moles, cheios de "Voulez-vous dîner, mon cher?" "Et si on allait au musée?". Oui, tu vas me manger ou pas, bon sang!? - Eu não falava francês mas Talita parecia muito, mas muito aborrecida falando. - Ainda é bom no Francês, Oliveira?

- Oui, mon cher. - Eu sinceramente achava a coisa mais sexy do mundo ouvir Tony falando em francês, e definitivamente eu não queria achar Tony sexy agora, não com tanto álcool em jogo e sem Felipe e Julia para atrapalhar.

- Eu não entendo nada do que vocês estão falando, podem me explicar, pelo amor de deus. ¡Solo hablo español y portugués, por favor sienta pena por mí.!

-- Talita está reclamando que os franceses são românticos demais. - Tony ri.

-Não Oliveira, não coloque palavras na minha boca!

- Você literalmente falou que queriam te levar ao museu, para jantar, apreciar a sétima arte e você querendo transar. - Tony riu novamente.

-É, eu disse isso mesmo. - Talita deu um belo gole na cerveja. -Da cerveja eu não tenho muita saudade não. - ela fez cara feia ao tomar. -Mas a questão, Anthony, é que eles nunca passam disso se eu não for lá e falar com todas as palavras que eu quero transar e não ver peça. É um saco, e eles também são muito frios, distantes. Blé. Flor não arranje homem na Espanha, é cilada.

-Achei que era coisa de francês apenas. - digo, beberincando meu drink.

-Todo mundo daquela laia ali da Europa é assim, querida, aproveite os brasileiros enquanto pode! - Talita parecia odiar a França a cada frase que falava, me fazendo refletir se a Europa é realmente meu lugar.

-Bom, mas aquele cara que estava te encarando tá vindo aqui. - Tony fala baixo.

- Opa. - Um homem alto, de cabelos curtos e provavelmente castanhos falava com Talita, a chamou para dançar e logo ela sumiu no meio da multidão que aproveitava a música alta, ficando assim apenas eu e Tony na mesa. Decido me aproximar mais dele.

-Sabe que eu vou dormir na sua casa, né? - eu digo, sorrindo irônica para ele.

-Sei, sim.

-E sabe que provavelmente Talita não vai dormir nem na minha e nem na sua. - dou uma risada, observando minha amiga e o carinha flertarem.

-Disso eu tive certeza desde o momento que você sugeriu sairmos. - ele bebia a cerveja. Tony estava particularmente lindo naquele dia, usando uma roupa social que o deixava extremamente sexy, com os cabelos amarrados num coque frouxo, bebendo cerveja e me olhando pelo canto do olho quando eu não estava o observando; mas eu estava. Sempre achei Tony muito mais sexy depois de um dia intenso de estudos, pesquisa, laboratório... Talvez eu sinta tesão por homens trabalhadores&estudiosos. A tensão sexual já estava se criando.

De repente, vejo um rosto conhecido em meio a tantos aleatórios, Jonas entra pela porta da frente e eu acredito que tenha sido obra divina do destino. Ele nos viu e veio nos cumprimentar.

-Flor!! Tony! Que surpresa encontrar vocês aqui! Como estão?!

- Estamos bem! Flor agora é Mestra, estamos comemorando! - Jonas me abraçou.

- Parabéns, Flor! Você é muito foda!

-Voltei. - Talita brota ao nosso lado, pode ter sido coincidência, mas a conhecia o bastante pra saber que assim que ela nos viu conversando com um cara bonito e careca largou o cara com cabelo e veio correndo até nós.

-Talita, esse é Jonas, amigo de Felipe! Jonas, essa é minha amiga Talita, ela mora na França mas está passando as férias aqui.

-Eu sou brasileira, tá? Você é brasileiro? - ela perguntou antes mesmo de se apresentar.

-Pode ter certeza que sim. - Jonas riu. - Prazer.

-Senta com a gente, Jonas. - o convidei, Talita me olhou agradecendo.

Jonas e Talita ficaram conversando horrores, descobriram um milhão de coisas em comum, enquanto eu e Tony estávamos no nosso mundinho, onde conversávamos sobre política, sociologia e podcasts de humor duvidoso.

Depois de 3 drinks, eu me sentia livre e feliz. Sentia vontade de dançar, de voar. Talita e Jonas já tinham sumido a alguns minutos, provavelmente foram se pegar em outro lugar. Eu dançava enquanto Tony estava ainda sentado, me observando.

- Vem dançar! - eu o convidava, ele negava com a cabeça. - Vem logo! - eu o puxei e ele veio fácil. Era muito divertido fazer qualquer coisa com Anthony, mas dançar em especifico acabava comigo, Tony não sabia dançar sozinho nenhum pouco bem, o que tornava tudo muito hilário. Mas de repente a música animada deu lugar a uma música bem mais calma, mas pessoas começaram a dançar agarradas com seus pares. Tony me estendeu a mão e então começamos a dançar: igual no dia que nos conhecemos. Essa dança ele sabia muito bem como dançar.

O corpo de Tony estava colado ao meu, eu sentia até o bater do seu coração, sua mão na minha cintura me trazia para mais perto e me fazia flutuar para os lados, seguindo seus passos. Olhei para seu rosto, ele estava sorrindo, eu também estava. Aquilo era surreal, bizarro, a forma como meu corpo reage a Anthony é louco, era como se ali, naquele canto, grudada nele, sentindo sua respiração, ouvindo seu coração; fosse o meu lugar, como se eu devesse estar ali porque estando ali as coisas faziam sentido, pareciam certas. O calor de Tony era avassalador, seu cheiro, a forma que me conduzia. Era tudo muito forte e muito certo.

-Tony. - eu o chamei.

-Sim?

-Você dança bem. - eu disse, ele riu.

-Você acha? - suas mãos foram para o meu rosto, onde acariciava minha bochecha.

- Sim. - fechei os olhos e aproveitei aquilo ao máximo. Abri meus olhos e os lábios de Tony estavam tão próximos dos meus. A vontade era de beija-lo ali mesmo. Eu sentia aquilo e sabia que ele também sentia, ele se aproximava tanto quanto eu dele. Seu hálito quente passeava sob meus lábios, o desejo de tocar-lhe era imenso. Fechei os olhos. Quando abri-os novamente vi Tony mais afastado de mim, embora seu corpo ainda estava colado ao meu. Não questionei, apenas continuei a dançar com meu melhor amigo.

Minutos depois, Talita aparece com Jonas para avisar que vai para a casa dele, peço para Talita e Jonas me avisarem quando chegarem e os dois somem em meio à multidão. Tony permanecia colado em mim.
-Você acha estranho? - ele perguntou.

-O que?

-Isso.

-Isso o que?

-Estamos dançando tão juntos, parecemos um casal de namorados. - ele fala e senti uma coisa no peito.

-Ah, eu não acho. Você acha?

-Também não acho, eu gosto de dançar com você. - ele sorri. - Mas talvez Felipe não goste?

-Problema dele, não somos namorados, e mesmo que fossemos. - deus me livre. - Ele não teria o direito de me proibir de dançar com meu melhor amigo, se for para namorar alguém assim eu volto com Rafael. - digo, meio puta.

-Você tem razão.

-Julia não se incomoda também? - pergunto na maior cara de pau. Se é para falar de Felipe, que falássemos de Julia também.

-Um pouco, eu acho. Mas também não somos namorados... - ele respondeu e aquilo me deu um alivio imenso. -Quer ir pra casa? - ele pergunta, colando seu peito no meu de uma forma sutil.

-- Quero. - pagamos a conta e formos andando até o apartamento de Anthony.

O Sol Pela Janela [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora