Capítulo 35 (Flor)

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Flor

— O que você acha que elas vão dizer? — Anthony me perguntava, apreensivo enquanto estacionava em frente à minha antiga casa.

— Elas vão amar, claro. — respondi. — Relaxa, meu anjo.

— Eu tô relaxado. — ele disse, enquanto tirava o cinto. — Um pouco nervoso.

— Eu acho que estou um pouco também. Eu não apresento ninguém desde... hum... você sabe.

— Rafael. — Tony quase rosnou o nome do meu ex namorado. Confesso que não me importei.

— É, mas você é o completo oposto dele. — digo, sorrindo.

Saímos do carro, Anthony segurava minha mão. Tínhamos marcado esse almoço depois da prova, que inclusive os resultados provavelmente irão atrasar, algum problema com uma mala direta, eu sei lá. Essas coisas no correio. Tony e eu decidimos parar de transar igual dois coelhos no meu apartamento e contar logo de uma vez para todos, assumir esse amor atrasado por 7 anos.

— Preparado? — estávamos de frente a porta de entrada da minha antiga casa, de mãos dadas. Anthony faz sim com a cabeça e eu aperto a campainha.

Liliana abre a porta, ao seu lado, uma garota negra com tranças que eu reconheci da festa naquele pub. Não sei se eu me assustei com o fato de Liliana estar com alguém ou Liliana se assustou ao me ver de mãos dadas com Anthony. Parece que o amor resolveu reinar nesta casa hoje.

— Lili! — Eu digo, e a abraço antes de qualquer outra reação.

— Dora, essa é a Flor, minha irmã. — Liliana me apresenta a tal garota, a cumprimentei. — E esse ai é o Anthony. — Liliana fala e logo depois some junto com a garota, sem nem ao menos me dar a chance de apresentá-la a Tony.

— Quem era Dora? — Anthony perguntou, ao entrar depois de mim.

— Provável namorada da minha irmã. Eu acho. Ela nem me deu oportunidade de perguntar. — reviro os olhos. Liliana para mim ainda era uma criança de 11 anos. Mas a desgraçada já estava prestes a fazer 19.

— Flor! Tony! — escuto a voz de minha mãe saindo do Jardim até nossa direção. — Hoje resolvi cozinhar. — ela fala, ao me abraçar.

— Que milagre. — eu respondo. — O que aconteceu? — pergunto.

— Não viu que sua irmã trouxe a namorada? — Dona Sônia me encara meio brava. — Queria causar uma boa impressão. — sorrio. — Ela é vegana.

— Ah, tá explicado porque Liliana virou vegetariana. — dou uma risada. Olhei para Tony e vi seus olhos brilhando.

— E ai, Tony, animado para perder a bolsa para minha querida filha? — Minha mãe solta essa enquanto caminhava pela cozinha. Tony riu.

— Sempre estive.

— Ele que vai ganhar, mãe. — digo. — Porque Liliana pode ficar trancada no quarto com a namorada e eu não podia ficar com Rafael? — questiono, meio brava.

— Bom. Eu não queria um neto branco. — minha mãe fala séria, e depois começa a rir. — Estou brincando, ele pode ser branco se o pai for Anthony. — ela pisca o olho e começa a rir. Anthony gargalha alto.

— Mãe. — digo, entre risadas. Olho para Tony. É o momento. — Tenho uma coisa para dizer.

— Por deus. Não vai me dizer que está grávida? — ela me olha assustada.

— Não, mulher. — suspiro fundo. Encaro Tony, ele sorria. Olhei para minha mãe e dei as mãos com Tony. — Eu e Anthony... estamos namorando. — O sorriso de minha mãe foi tão largo que achei que ela iria gritar.

— FINALMENTE! — Ela nos abraçou forte, tive vontade de chorar. Acho que não sentia tanto amor a muito tempo. — Eu sempre soube que vocês iam ficar juntos. — ela dizia, feliz. — Seu pai também.

— Papai iria adorar, ele, né? — Mainha concorda com a cabeça.

— Sejamos sinceros... Anthony já fazia parte dessa família. — Lili aparece. Abraçou nós também. — Vamos focar no membro novo da família, por favor? — Dora parecia feliz mas envergonhada, tadinha, foi namorar logo a doida da minha irmã.

— Você nem deixou eu falar com a menina! — digo. — Bem-vinda, Dora! A gente é meio doida mas somos da paz, na maior parte do tempo! — digo a garota que sorria timidamente. — Esse é Anthony, meu namorado. — sorri largamente ao dizer que Tony é meu namorado. Ainda parece um sonho.

— Muito prazer, Dora! — Tony fala.

— Oi gente, obrigada por me receberem. — ela falam finalmente.

— Ok, vamos almoçar no jardim. Anda, Anthony, me ajude a levar as coisas para lá. — minha mãe manda e Anthony a obedece prontamente. Dou um sorriso. Estou mesmo vivendo um sonho.

Sentamos juntos e almoçamos, tudo parecia tão bom. Só ficaria melhor se meu pai estivesse aqui. Mas sei que aonde ele estiver, ele também está feliz.

Depois do almoço fizemos o clássico das Silva Galli, sentamos no sofá da sala e ficamos vendo TV e comendo sorvete, mas agora com duas pessoas a mais. Dora estava se soltando mais, ela parece ser bem divertida, e Lili parece gostar demais dela, estou tão feliz que não consigo nem expressar.

— Ei. — Anthony fala baixinho ao meu ouvido enquanto estamos deitados no sofá vendo um filme qualquer.

— Oi. — respondo no mesmo tom.

— Obrigado. — ele diz, e eu o olho sem entender muito bem.

— Pelo o que, meu amor?

— Por ser minha família. — ele diz. Sinto meus olhos lacrimejarem. — Eu te amo.

— Eu te amo. — dou um beijo em seus lábios e o abraço fortemente. Nunca tive dúvida nenhuma mas agora parece até loucura não imaginar esse homem ao meu lado durante o resto da vida. 

O Sol Pela Janela [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora