O Sol Pela Janela [EM ANDAMENTO]

Capítulo 5 (Flor)

Acordo com meu despertador meio assustada: tive um sonho muito bizarro com Anthony e Julia, acho que reviver minhas primeiras lembranças com Tony me fizeram mal, em vez de deixar as coisas para trás eu estou trazendo o passado à tona, isso não está nenhum pouco certo.

Levanto-me e vou fazer minhas higienes matinais, logo após de sair do banheiro praticamente arrumada, vou catando minhas coisas pelo quarto e pelo resto do apartamento. Hoje seria mais um dia em que eu teria que olhar nos olhos de Tony. Depois de recolher tudo, jogar dentro da minha mochila e partir em rumo a Universidade, já dentro do ônibus, decido checar meu celular, coisa que não fiz desde ontem, e vejo algumas mensagens de Felipe, e vejo que Julia, sim, Julia! me adicionou em um grupo intitulado "Viagem de férias". Suspirei fundo antes de abrir o grupo, vi que Julia tinha me enviado algumas mensagens diretamente para mim, decidi lê essas primeiras.

" Flor! Desculpa te mandar mensagem uma hora dessas[...]" - ela tinha me enviado de madrugada, horário que eu já estava no decimo quinto sono. "[...] é que eu e Tony estávamos conversando agora e decidimos alugar uma casa de praia para as férias, chamar nossos amigos, seria ótimo se você pudesse ir, junto com Felipe! Eu e Tony estamos vendo uma casa um pouco mais em conta, vou fazer um grupo com as pessoas que já convidamos, certo?"

Contei até três, suspirei profundamente. Férias com Julia e Tony? Isso seria algum tipo de tortura medieval descoberta agora? É a versão do De Férias com o Ex sem o ex, talvez, De Férias com o Amor Da Sua Vida Que Jamais Vai Te Amar Se Agarrando Com Outra. Decido que vou lidar com isso depois, prefiro não acreditar que isso está acontecendo. Abro minha conversa com Felipe e vejo algumas mensagens perguntando se eu estava bem, fofo demais, como sempre, e claro, mensagens falando sobre a tal casa de praia. Julia, eu não te odeio nem nada, mas poderia forçar menos, bem menos, pelo bem da minha sanidade mental?

Tento me manter calma e não surtar hoje, precisava entregar a dissertação revisada para meu orientador, pra ele decidir se estava bom o bastante. Depois eu iria beber em algum bar, sozinha, de preferência. Precisava colocar minha cabeça no lugar, talvez fazer uma videochamada com Talita, talvez ela pudesse me dar uma luz.

Ao chegar na Universidade, vou direto para minha sala de aula, assistir uma das últimas aulas do meu mestrado. Já me sentia meio nostálgica, passei anos nesse departamento, nesse prédio, conheço todos, professores, funcionários, e digo que gosto bem mais dos funcionários de limpeza do que de alguns professores rudes. Vou sentir falta de Seu José, quem eu sempre entregava as chaves do laboratório, vou sentir falta do laboratório demais. Infelizmente, o programa de doutorado que eu quero, não existia ali. Vou me mudar de um jeito ou de outro, mesmo que vá para outra Universidade na cidade, ou estado. Essa etapa está terminando, e outra está para começar.

No meio da aula meu celular vibra, vejo que são algumas mensagens de Tony, foi torturante ignora-lo, mas não poderia mais ficar fazendo tudo por ele sempre, ele teria que saber viver sem mim, e eu sem ele.

Ao terminar a aula, decido ir comer, sem comentar com ninguém, queria um pouco de paz, ficar longe de Felipe e de Anthony... não que Felipe me perturbasse, mas queria um tempo pra pensar sozinha, antes de decidir se iria na Estadual me inscrever na avaliação de doutorado ou não.

Chegando ao Refeitório Universitário, naquele calor infernal tão conhecido de mim, vou direto para a opção vegetariana e espero na fila a minha vez. Já refiz tantas vezes esse caminho com Anthony e Jairo, rindo, conversando besteiras, como eu os amo, meu deus. Depois de me servir e comer enquanto lembranças nostálgicas me atingiam, meu celular toca. Era Tony, reviro os olhos, mas meu coração implorava para eu atender.

- Oi Tony. -

- Oi Flor! Tá no r.u?

- Sim, porque? - por favor não apareça.