Capítulo 25 (Anthony)

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Estava cansado. Fazia um tempo que eu não dormia direito por conta da dissertação, foi uma apresentação complicada, mas o importante é que consegui o diploma. Queria que Flor estivesse lá quando eu terminei a apresentação, mas apenas Julia se encontrava; não me levem a mal. Julia é sensacional, mas Flor esteve comigo desde a primeira ideia para esse trabalho anos atrás, mas eu sabia que estar próximo dela é perigoso, ainda mais agora que tenho Julia.

Jairo me chamou para sua enorme casa para conversarmos um pouco, eu o chamaria para ir ao Cajazeiras como nos velhos tempos, mas agora que ele é um homem casado e de negócios, as coisas mudaram bastante.

Entrei em seu condomínio de Patrão e fui guiado pelo porteiro para seguir o caminho até a casa de Jairo. Quem diria que esse bicho ia se casar com uma madame, hein? Cheguei em frente a porta de entrada de sua casa: imensa. Thayná abriu para mim, me cumprimentou, logo atrás estava meu amigo Jairo vestindo roupas muito mais formais das quais ele costumava usar quando saímos juntos. Me sentia até meio desarrumado, mas também não me importei tanto.

— Anthony! Quanto tempo, querido. — Thayná me abraçou e eu retribui. — Onde está a Flo... — Jairo solta um pigarro e Thayná faz uma careta. Acho que todos já estão sabendo da nossa "briga". Apenas assenti com a cabeça e fui cumprimentar Jairo.

— E ai, cara. - o abracei. — Tá mermin um estudante da economia no primeiro semestre. — digo, rindo e fazendo-o rir também.

— Muito engraçado. — ele diz. — Vamos ao meu escritório beber um whisky. — ele me guiou pela casa enorme.

Jairo abriu uma porta que dava para um cômodo bem grande, com vários livros em prateleiras, uma mesa central com um notebook, muitas e muitas pastas jogadas, e um mini bar ao lado da parede. Me sentia dentro de algum filme de mafioso, tudo era de madeira e parecia extremamente caro. Sentei-me no sofá que parecia de couro.

— Como estão as coisas? Quer dizer, agora que você entrou pra Família Corleone. — digo, rindo de Jairo, que sorria também.

— Bom, eu sabia que não seria fácil. Mas está sendo menos complicado do que eu achava que seria. — Jairo nos serve um whisky com gelo e senta ao meu lado. — Não posso reclamar de nada. — ele sorri. — E você? Como está a relação com Julia? — Sinto um peso dentro de mim.

— Ah. Acho que está tudo bem, pelo menos, hum, depois que eu e Floribela cortamos contato. — engulo em seco. Sempre que lembro disso tenho vontade de gritar de desespero, correr em direção aquele apartamento de Flor e abraça-la. Mas aparentemente eu não faço tanta falta assim a ela, como ela me faz falta. É melhor assim; posso focar em quem realmente está ao meu lado: Julia. — Depois daquela noite angustiante, Jairo, foi foda. Flor foi muito infantil. Ainda tenho raiva, mas tenho mais raiva ainda de Rafael. — sinto meus músculos tencionarem. Daria tudo para dar uma boa surra naquele playboy de merda.

— Nunca vi isso. Em todos esses anos, nunca vi vocês brigados desse jeito. — Jairo me olhou preocupado. Suspirei. — Deviam conversar, se acertar. Não gosto que vocês estejam brigados dessa forma. — Eu também odeio, meu amigo. Mas a mulher não me quer por perto, eu não vou insistir.

— Eu sei. Tá sendo uma verdadeira merda. — sinto novamente um peso gigante. — Mas o que posso fazer, Jairo? Ela não veio atrás, eu não quero ir também. Meu relacionamento com Julia está ótimo como nunca e eu sei que é porque não estou tendo contato com ela.

— Isso está errado então. Porque seu relacionamento só iria para frente se estiver longe da sua melhor amiga? — Jairo me jogou isso e me senti sem chão. Ele sabe do ciúme de Julia por Flor. Só não sabe dos sentimentos guardados a sete chaves que habitam em mim. Ninguém sabe, na verdade. — Não acho que essa mina seja boa pra ti. Se ela te faz ficar afastado da Flor, só pode ser alguém muito amargurado. Não tem como alguém não gostar da Floribela, você sabe disso. — ele retruca. — Você realmente ama essa garota? — ele me perguntou.

O Sol Pela Janela [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora