[De volta para Los Angeles]

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Narradora

|•Primeiro dia de outubro. 

— Poxa Harry, a mamãe já falou para não brincar de bola aqui dentro, quer levar outra bronca da tia Hina? — Shivani repreendeu o garotinho de apenas cinco anos.

— Me desculpa mamãe, eu só estava me divertindo — ele falou manhoso.

— Tudo bem, mas vamos deixar para você se divertir apenas quando formos ao parque, pode ser?

Ela se aproximou segurando a bola de futebol e ele assentiu.

Hina podia ser um amor por completo, mas se tinha uma coisa que ela odiava era quando o sobrinho jogava bola na sala do apartamento e quebrava suas decorações.

Já Harry parecia adorar ver a expressão brava da japonesa.

— Mamãe, hoje nós vamos ver o titio Louis? — ele perguntou enquanto a seguia em direção a cozinha.

— Eu não sei meu bem, mas se você quiser posso ligar para ele nos fazer uma visita, o que acha?

— Uma péssima ideia — entrou na cozinha, logo atrás de sua mãe — Eu não gosto dele, porque ele me falou que vocês vão se casar e eu não quero que a senhora case.

Uma das melhores e piores qualidades de Harry era que ele falava tudo o que vinha na cabeça.

Assim como sua mãe.

— Já não conversamos sobre isso? — ela se virou o olhando — Não quero que fale assim dele.

Harry estirou sua língua para ela e saiu correndo pela casa.

Conforme ele corria pelos corredores deixando Shivani aos gritos o pequeno pingente em formato de lua em sua gargantilha balançava no ar.

O pequeno garotinho era um bom filho, mas não gostava do fato de sua mãe se relacionar com um homem que ao menos o trazia doces.

No meio do caminho seu corpo se colidiu com o de Sun, fazendo com que o cachorro o derrubasse no chão.

Aos risos Harry puxou o cachorro que era quase do seu tamanho para um carinho, sem dá muita importância para o pequeno corte que o tombo fez em seus lábios.

— Criança sapeca — Hina deu um pequeno grito ao sair de seu quarto — Quer quebrar outro vaso de flores?

Ela encarou o garoto de pele morena bronzeada e cabelos castanhos bagunçados.

Ele negou rapidamente.

— Desculpa tia Hina, eu prometo não correr mais — ele fez beicinho e a japonesa suspirou.

— Harry, você me faz esse promessa desde quando começou a falar — eles dão uma risada combinada — Onde está sua mãe?

— Na cozinha — ele passa a ponta da blusa no machucado.

— Quer que a tia faça um curativo aí? — Hina pergunta se abaixando ao lado do pequeno.

Ela viu Harry nascer, então era como se fosse sangue do seu sangue, realmente família.

— Não, eu já sou um homem — ele soa orgulhoso — Não pleciso de culativos — Harry se impõs.

Ele pensava mesmo que já estava grande o suficiente, e sempre que se machucava se recusava a usar um curativo, mesmo se estivesse doendo muito.

— Tudo bem — Hina se dá por vencida e se levanta — Tome mais cuidado da próxima vez — o garoto assente começando a passar os dedos entre os pelos dourados de Sun.

Enquanto isso Shivani na cozinha acerta os últimos detalhes para a viagem.

— Vou sentir a falta de vocês — Hina abraça a amiga por trás assim que chega onde ela está.

— Vão ser apenas seis meses — Shivani garante, deixando a amiga em sua frente — Nem vai dar tempo de sentir saudades.

— Vai sim — a japonesa franze a testa fazendo drama.

— Hina — Shiv a puxa para um abraço apertado, aqueles de quebrar os ossos — É melhor já ir procurando números de fast-food's, ou aprender a cozinhar o mais rápido possível.

As duas deram uma risada boba e Shivani se afastou do abraço.

O coração da morena estava apertado por ter que deixar a Alemanha por alguns meses, ela não queria se afastar de tudo o que criou ali.

Porém a sua nova profissão exigia isso dela naquele momento.

— E o Louis? Aceitou tranquilamente? — Shivani mordeu os lábios um pouco nervosa.

Ela ainda não tinha contado para o seu "ficante fixo" que ficaria longe por alguns meses.

A garota não queria dizer porque percebeu que seu parceiro estava animado com o que acontecia entre eles, mesmo ela sempre deixando claro que nunca seria capaz de ama-lo verdadeiramente.

— Eu ainda não falei — ela suspirou profundo.

— Shiv — Hina a olhou de canto de olho — Não pretende ir sem dizer a ele, pretende?

A morena rodou os olhos pela cozinha pequena do apartamento, realmente não sabia como iria fazer.

— Talvez eu deixe um post-it — ela encolheu levemente os ombros e Hina sorriu.

— Sabe o que post-it's me lembra? O Bailey — a outra disse indo em direção a geladeira, a japonesa parecia saber mais da vida de Shivani do que ela mesmo — E se acabar vendo ele novamente?

Paliwal respirou fundo e começou.

— Sabe que eu já supe....

— Quem é Bailey? — Porém Harry apareceu de uma vez na cozinha, interrompendo Shivani.

A mãe do garoto o olhou em uma espécie de desespero, essa era a primeira vez que o filho falava o nome do pai.

Por um segundo ela pode sentir seu corpo tremer com as lembranças, com a decisão de ter tirado do seu filho o privilégio de ter um pai presente.

— Namorado da tia Hina — a japonesa fechou a cara para a amiga que sorriu de canto — Eles vão se encontrar — Shiv complementou porque sabia o quanto seu garotinho era esperto.

Com certeza essa era uma das maiores qualidades que ele herdou de Bailey, além de sua aparência é claro.

Depois de toda a emoção que a tomou anos atrás após ler a carta de seu amado ela estava disposta a voltar atrás e ouvi-lo novamente, porém já era tarde demais, o avião já havia decolado.

Então ela apenas resolveu guardar o passado no lugar mais distante de seu coração, assim como aquele papel cheio de verdades sinceras.

— Mamãe? — Harry a tirou de seus pensamentos, abrindo os braços na sua direção, ele já estava grandinho, mas gostava do calor quentinho que vinha de sua mãe.

— O que foi amor? — ela se esforçou para o pegar no colo.

— Eu não quelo ir embola, vou senti flauta da tinha Ina — o garotinho suspirou triste, embolando as palavras enquanto passava os dedos entre os fios curtos do cabelo da mãe.

Harry tinha o problema constante de que sempre que ficava nervoso, com raiva ou triste embaralhava as letras.

— Vai ficar tudo bem filho, não se preocupe — Shivani encerrou aquele assunto por ali, dando um beijo na bochecha do garoto.

Mas não deixando de reparar no pequeno corte em seu lábio, o garotinho é tão teimo.

Shivani já estava exausta de explicar os motivos pelos quais eles precisariam viajar, já não sabia mais o que fazer para convencê-lo, até porque ser mãe de primeira viagem não é nada fácil.

Porém ela sempre fez de tudo para o melhor de seu garoto.

E agora estava na hora de aproveitar uma ótima oportunidade de emprego.

Era hora de voltar para Los Angeles.

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Segunda chance |°Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora