[Jasmin May]

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Mini maratona 3/3

°Shivani Paliwal

Todas as nuvens do céus parecem escuras, cheias como se estivessem prestes a derramarem uma tempestade sob mim.

Minhas mãos pressionam tão forte o volante que em alguns segundos acho que vou acabar o esmagando.

Não sei nem como o carro ainda está na direção certa, porque minha mente está o puro caos.

A sensação de coração quebrado, pelos arrepiados pela dor, crises de choros incontroláveis e inimagináveis.

A culpa por ter entregado meu coração a uma pessoa, achando que ela cuidaria, quando apenas o quebrou novamente.

Dizem que algumas pessoas nunca encontram o seu verdadeiro amor, e talvez eu estivesse delimitada a isso.

Eu não quero isso, não quero amar, não quero me entregar, porque no final vou sofrer e vai ser horrível.

A imagem de Bailey falando com Harry estampa minha visão, me deixa sem ar, eles se abraçando como se já tivessem descoberto o laço que os uni.

Estaciono em frente a uma sorveteria velha, mas não desço, mal me movimento.

Minhas bochechas queimam instantaneamente é inevitável segurar lágrimas que precisam sair.

Esse não era o meu plano, eu mesma disse a mim que quando o visse não choraria, não sentiria dor porque eu já havia sido curada.

Mas não é bem assim que está acontecendo.

Pego meu telefone, disco o número de Hina.

— Hey, wie geht es euch? — ela diz em alemão, animada do outro lado da linha, apenas choro, esperando que ela talvez entenda os meus soluços — Você viu ele? — seu tom agora é baixo, calmo, preocupado.

Engulo a respiração retorcida.

— S-im — as palavras quase não saem — Ele estava fala-ndo...falando com Harry — desabo ainda mais, pressionando os olhos.

— Shiv meu amor, você precisa se acalmar — seu tom pede — Por favor princesa, respira fundo — eu tento, mas falho.

— Hin-na, o que eu faço? — encosto a cabeça no volante — Ele, ele parece está tão bem — muito, muito bem.

Vestido de terno, com seu cabelo puxado para trás, parede de músculos que agora parecem bem mais fortes.

— Conta comigo, 1...2...3 — ela da uma pausa — Vamos, você consegue, está tudo bem, você também está ótima Shivani — suspiros — 1...2...3...

Começo a contar com ela, mesmo com a mente dividida em milhares de pedacinhos de confusão.

Eu conto, e a cada número um lapso de memória me atinge.

1-Primeiro beijo depois do jantar horrível de sua família....2-Promessas debaixo da chuva, cheiros de camélias....4-Incrivelmente atraente, post-its cor de rosa...cama dividida.

Soluço.

Bailey me ajudando a deixar meu relacionamento abusivo com Jack para trás, e no final me traindo com Any.

Soluço ainda mais alto.

Hina começa a contar mais baixinho, vou a acompanhando, desenvolvemos essa técnica juntas, para nos acalmar quando fosse preciso.

— Respira, fecha os olhos 1...2...3 — silêncio — Abre os olhos 1...2..3..

Passo a manga do meu suéter em meu rosto, secando as lágrimas que já estavam controlados.

Ergo o muro de proteção que desenvolvi.

— ich bin besser — sussurro em alemão, já de cabeça erguida, abro os vidros do carro.

— Oi princesa — ela recomeça, como se nenhum choro tivesse existido antes — Sobre o que quer conversar?

— Eu vi ele com o Harry — sussurro ainda mais baixo, minha garganta tranca, porém não choro mais, me recuso — Merda, eles estavam juntos.

— Onde? Como aconteceu?

— Na frente da escolinha nova — suspiro — Ele ainda veio na minha direção, eu fugi.

Fugi porque não entendi, porque meu corpo entrou em estado de choque quando o vi.

— Porque não consegue pelo menos vê-lo? — ela pergunta — Está tudo bem, se lembra?

— O problema é que ele estava com o meu filho, eles se abraçaram, como se já se conhecessem...Hina, o que eu fiz? — sinto meus olhos voltarem a queimarem — Eu os separei, eu, eu não quero mais ficar aqui...

Acabo desabando de novo, agora um novo peso se detém sob mim. Eu estava errada eu ter ido embora com o filho dele em minha barriga? Sem ele saber?

Hina não fala nada, apenas me deixa desabafar.

— Mas a culpa é dele, e o Harry não tem um pai — volto a chorar — Eu ainda não estou pronta, não vou aguentar, tudo de novo, eu não posso...

Meus soluços voltam, e com eles uma crise, corpo trêmulo.

Como um drama irreparável.

[🌩️]

— Shiv, você demorou — Sav diz assim que me vê entrando no auditório.

Se dependesse de mim eu não estaria aqui, mas me comprometi.

Hina me ajudou, tomei um banho gelado e voltei para a realidade, mas o meu dia está completamente acabado.

— Desculpa — sussurro, me sentando ao seu lado em meio as muitas cadeiras.

— Jasmin já está chegando, eu tenho certeza que você vai querer ela como protagonista do nosso m....

Eu deixo de escutar o que a garota ao meu lado está falando quando escuto o nome "Jasmin" sair de sua boca.

Porque eu preciso ser uma pessoa tão traumatizada?

— Será que ela está bem? — escuto uma voz doce e infantil sussurrar.

— Eu não sei o que houve...Ei, Shiv — Savannah diz, me assusto quando ela toca em meu braço.

Saio do meu transe, volto a olha-la e do seu lado tem uma pequena menininha.

Ela usa uma coroa de plástico, tem olhos castanhos, pele clara e rosto doce.

— Eu sou a Jasmin — a garotinha pequena se introduz a falar, atropelando Sav ela se aproxima mais de mim.

Abro um sorrisinho curto.

Ela já estava ali.

— Oi — digo de volta

— Muito prazer — diz como se fosse gente grande, o que me faz sorrir com mais intensidade e então estende sua mão direita para mim.

"Jas tem uma marca de nascença, são três pintas juntas no pulso, elas são bem nítidas, encontra essa amiguinha e se ela tiver esse sinal — ele dá uma pausa — Então Hay já conhece a irmã, e o pai também."

A voz de Noah ecoa por minha mente.

Abaixo os olhos, a mão da menina tem alguns anéis e entre o vão de duas pulseiras em seu pulso eu vejo.

Três perfeitamente pintinhas, nítidas, como uma May.

É ela.

Jasmin May.

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Segunda chance |°Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora