[Facetime]

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<Shivani Paliwal>

O dia foi cansativo, mas a maior culpa disso foram os meus pensamentos e minha ressaca não planejada.

Bailey tomou a maior parte da minha mente, o musical o outro e agora estou finalmente voltando para casa com o Hay.

Ele não está mesmo com um rostinho nada bom, não gosto de ver ele assim, sinto um aperto no meu coração.

— Filho? — olho para ele no banco de trás quando paro em um sinal — Tá tudo bem? — ele apenas balança a cabeça — Como foi hoje na escola?

Hay suspira e me olha.

— Legal, eu acho — seu tom está sonolento e triste.

— O que aprendeu hoje? — continuo.

— Eu não sei, dormi na sala — ele diz como se fosse a coisa mais normal do mundo, enrugo o rosto e ele ri — É brincadeira mamãe — nego rindo também, dou partida quando o sinal abre — Aprendemos sobre matemática, e eu odiei.

Reparo pelo pequeno retrovisor central a expressão que ele faz.

— Eu gosto de matemática, precisei bastante quando estava na faculdade — suspiro, me lembrando da época.

— A faculdade de médico?

— Sim amor — sussurro — Brincou com a May hoje?

— Não, não sou mais amigo dela — o tom dele fica rude.

— Filho não seja assim, ou já esqueceu que ela foi a primeira amiga que você fez? Ela te ajudou quando precisou e...

— Mamãe, eu já sei o que ela fez por mim, mas eu não gosto do pai dela, ele te deixou, nem quis saber de mim — o aperto pressiona meu peito.

— Mas o que a May tem com isso? A culpa não é dela — digo com calma, lidar com os sentimentos impulsivos das crianças não é nada fácil — Se você continuar tratando ela assim vai perder a amizade, e ela não vai mais querer ser sua amiga.

— O QUÊ? — ele grita, levo um pequeno susto — Ela não pode deixar de ser minha amiga.

— Então pare de tratar ela mal, meninas tem que ser tratadas com carinho e gentileza — entro na garagem da casa de Sina.

— Eu sei disso mamãe, eu trato ela bem, mas não vou mais querer ver o pai dela — seu tom volta a ficar emburrado.

Respiro fundo.

— Uma coisa de cada vez tá amor? — desligo o carro — No momento o que deve fazer é pedir desculpas a Jasmin se quiser continuar sendo amigo dela.

— Eu quero, quero sim — ele grita outra vez — Vou pedir desculpas a ela.

Ele abre um sorriso orgulhoso, faço o mesmo.

Tudo bem Shivani, uma coisa de cada vez.

Passam das dez quando Harry finalmente consegue dormir, ele ficou muito agitado depois do jantar, fizemos até um desenho juntos como forma de desculpas para Jas.

Todo mundo da casa já está deitado, eu estou na cozinha tomando meu chá quente bem docinho enquanto pesquiso sobre a empresa de Bailey.

Na verdade a empresa era dos pais dele e dos pais de Any, uma confusão que até agora não entendi.

Quase engasgo com o chá quando o facetime do notebook começa a tocar.

Merda, merda.

É o Louis.

Atendo.

— Gute Nacht — ele diz com seu alemão fluente e com um sorriso lindo, é sempre assim, ele sempre sorri para mim, mesmo que esteja triste ou zangado.

— Hallo — digo baixinho, não esperava por sua ligação, me encaro na tela por alguns segundos, senhor eu estou horrível.

— Não vai mais voltar? Tô com saudades — ele passa a mão pelo rosto, barba mal feita e uma caneca vermelha que provavelmente está com café.

— Também estou — sorrio fraco — Volto no final do ano — tomo um gole de chá.

— Vai demorar muito Shivzinha, acho que vou aí te ver, aproveito e já mato a saudade da prima Sina — engasgo, dessa vez eu realmente engasgo — Tá tudo bem?

— Sim — tusso — Tudo ótimo — balanço minha cabeça respirando fundo — Como está o trabalho? Hina está se comportando? — mudo de assunto, ele e a japonesa trabalham juntos.

— O trabalho está ótimo e Hina também, mas ela é muito impaciente, sinto sua falta — ele sorri, é tão lindo.

— Tenha paciência com ela — me calo por alguns segundos, ele sabe toda minha história com Bailey, e não gosta nadinha dele.

— Você está estranha, parece sobrecarregada — ele me examina do outro lado da tela — Tem comido direito?

— Sim senhor — rimos juntos — O sun está bem? — ele assente.

— E o grande Hay? Tem se adaptado? — ele se preocupa com meu filho, mesmo Hay não indo muito com a cara dele.

— Tem sim, não está sendo fácil mas acho que ele gostou da nova escola, é nela que estou dirigindo o musical — meu tom fica mais animado.

— Isso é muito bom, ele vai fazer muitos amigos.

— Sim — concordo — Inclusive ele já fez uma, acredita que já estão até tendo aquelas briguinhas de amizade? — dou uma risadinha, ele assente.

— E quem é essa pequena?

— A uma ótima criança, seu nome é Jasmin May e ela...

— Calma, você disse May? May como do Bailey Shivani? — solto a xícara na mesa jogando minha cabeça para trás.

— Droga — sussurro — Sim, como do Bailey — volto a olhar para tela, e é visível o desespero no seu rosto.

— Você já encontrou esse cara? — seu tom fica mais firme, escuto alguns passos vindo da direção da escada, minha deixa.

— Não eu não, calma tem alguém descendo, a gente se fala depois tá? Beijinho tô com saudades, tchau — aceno para ele que fala sem parar, desligo a chamada.

Suspiro fundo, parecendo até uma criança.

— Você não dorme nunca? — a voz é leve e doce, quando olho é Molly quem está ali.

Bom salva por ela.

— Era o que eu ia fazer — fecho a tela do notebook me levantando em seguida — E você, perdeu o sono?

Ela me encara por alguns segundos, e então responde.

— Sim, tem muitas coisas na minha cabeça — é a primeira vez que trocamos palavras sem ela ser grossa ou ignorante, isso causa um fio de esperança em mim, talvez ainda de tempo de nos darmos bem — E pelo visto na sua também.

Deixo a xícara na pia, concordando com ela.

— Tantas coisas que você nem imagina — abro um sorrisinho pequeno — Mas vai ficar tudo bem — dou de ombros — Bom sono — me afasto, eu precisava mesmo dormir.

— Shiv? — paro meus passos quando ela me chama, me virando e olhando novamente, sua mão treme enquanto segura um copo de água.

— Sim? — espero por um tempo mas ela fica calada.

— Nada, não é nada — Molly diz e então se vira, mas sinto que ela tinha sim algo dizer.

Não insisto, tudo no seu tempo.

Sorrio e saio da cozinha, ela não me chama mais. 

//💜

Segunda chance |°Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora