[Mentiras]

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•°Shivani Paliwal.

Já são mais de oito da noite e Bailey ainda não trouxe Harry, eu não estou preocupada em questão de cuidado, acho que May é um bom pai, já que Jas é um doce.

Mas é que vocês não conhecem o meu filho, ele fala mais do que a boca permite, principalmente quando não estou por perto.

Sina, Noah e Molly sairam para jantar, eu comi uma pizza, que não estava muito boa pois tinha mais borda do que qualquer outra coisa.

Tomei vinho, assisti tv, mas nada tira da minha cabeça o que Harry pode está falando.

Onde estava quando fui deixar ele sair com os May's?

Me levanto rapidamente quando escuto a campainha, abro a porta e um alívio me percorre, são eles.

— Mamãe — Hay me dá um abraço, um melado de sorvete e felicidade.

Sorrio ao ver que Jasmin está da mesma forma, esbanjando sorrisos e sujeira.

— Pelo visto o passeio foi bom — sorrio ao olhar para Bay.

Ele está tão formal com essa roupa, me lembra até quando trabalhava de advogado.

— Foi, eu falei que não precisava se preocupar — ele sorri de volta.

— Oi princesa Paliwal — Jasmin chama minha atenção.

Abaixo meus olhos.

— Oi pequena — sorrio — De onde você tirou esse princesa Paliwal? Tem uma imaginação muito boa criança.

— Na verdade, foi o papai....

— Na verdade nós já temos que ir — Bailey interrompe a filha, o que me faz estranhar, mas não dou muita importância.

— Tudo bem — olho para Hay — Agradeça pelo sorvete filho — pelo jeito ele não falou mais que a boca.

— Obrigada tio Bailey — Harry sorri e corre abraçando abraçando o homem, o que me faz ficar surpresa, ele não é de muitas demonstrações.

Bailey sorri o apertando, como se já soubesse de tudo.

— Porque você está na casa da minha tia Sina? — Jas pergunta, parecendo ter se tocado só agora.

— A gente tá morando aqui May — Harry diz sorrindo — A Sina é sua tia? — ela assente, ele me olha surpreso — Então vem aqui no sábado pra gente brincar.

Respiro fundo, Jas é tão doce, mas não sei se gosto dessa aproximação toda.

— Mas o sábado é amanhã Hay — ela diz — Eu posso papai? — ela olha cheia de expectativa para o pai.

Ele me olha por um tempo.

— Vamos ver filha — ele diz por fim — Precisamos ir, Paliwal, se cuida — ele me manda um sorrisinho, apenas assinto.

E então fecho a porta.

[💗]

— Mamãe você gosta da Jas? — meu filho pergunta enquanto eu o embrulho para dormir quentinho, não parou de falar sobre esse passeio desde que chegou.

— Sim filho — me sento ao seu lado — Mas porque?

Ele me encara pelo fio de luz do único abajur aceso no quarto.

— É que eu acho ela a minha melhor amiga — ele sorri, exibindo sua covinha metida.

— Acha é? — ele assente.

Que peça é essa que o destino quer me pregar?

Meu filho melhor amigo da garotinha que é a filha do seu pai, pai que ele nem sabe que é.

Balanço a cabeça, tudo isso é confuso demais.

— Eu não quero que você fique com o Louis mamãe — suspiro.

As vezes ele vem com esse assunto que já acabamos a muito tempo.

— Nós já conversamos sobre isso Hay — passo a mão pelo seu rostinho.

Louis é muito importante em minha vida, mas parece que ele perdeu o apreço depois que toda essa confusão com Bailey começou.

Eu mal respondo as suas mensagens, e nem sei se sinto sua falta.

Parece que tudo nos últimos dias só me leva a Bailey.

— Mas eu não gosto dele, não gosto dele igual não gosto do meu pai — suas palavras se perdem no ar.

Hay diz não gostar do pai porque ele nos deixou, e isso não é coisa de homem.

E agora, eu não sei mais como desconstruir essa ideia de sua mente, pois eu já a alimentei de mais.

— Mas e do Bailey — o assunto muda rapidamente, e sou eu quem pergunto — Você gosta dele filho?

Me cubro, enquanto o silêncio permanece por pouco tempo.

— Sim mamãe, ele é muito legal, e trata a May muito bem, eu queria que ele fosse o meu pai — pressiono os olhos.

Tudo me atinge com muita força, e o sentimento de que fiz tudo errado volta.

No passado eu só queria fugir da dor, da dor da traição, da confiança partida e do coração quebrado.

Mas eu não pensei no mais importante, no meu filho.

E agora que a realidade está batendo mais forte eu não sei o que fazer.

— Sabe mamãe — ele volta a falar — O tio Bay, acho que ele gostou da ideia.

— Que ideia filho? — pergunto baixo, em um sussurro.

— De casar com você, eu falei isso e ele sorriu — seu tom agora e travesso.

Escondo meu rosto em minhas mãos.

Droga.

— Eu não acredito nisso meu filho — rio — Não acredito mesmo.

— Falei mamãe e ele ainda te chamou de princesa.

Rio ao imaginar a cara de Bailey, rio da situação, eu sabia que ia acontecer algo do tipo.

Não fico brava, apenas ignoro.

Ele é só uma criança.

— Boa noite meu bebê — beijo a bochecha de Hay, ele odeia quando o chamo assim.

Mas dessa vez é diferente.

— Boa noite mamãe Paliwal — estranho — É que o tio Bay te chamou assim — nós rimos juntos — Eu te amo.

— Também te amo meu filho, te amo muito — o puxo para perto e começo a fazer um carinho doce e gentil.

Talvez já estivesse na hora de eu contar, na hora de voltar a reviver tudo.

Aliás Sina sempre esteve certa, Bailey merece saber.

Preciso colocar os pontos nos lugares certos, mas não sei como.

Não sei como dizer que ele é o pai do meu filho.

E ainda tem mais essa mentira sobre o meu tal marido está na Alemanha, resolvendo problemas.

Respiro fundo.

Merda Shivani, são muitas mentiras.

\\💜

Segunda chance |°Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora