Ponto de partida

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- Tchau filha, tô indo pro trabalho. Aproveite seu dia e te vejo de noite!

Ainda sonolenta tento responder, mas não consigo.  Quando abro a boca pra falar, lembro dos acontecimentos da noite anterior e desisto do que ia dizer. Após um breve silêncio escuto a porta fechando na sala, abaixo a cabeça e volto a dormir.

Levanto por volta das 09:00, é sábado e finalmente posso fazer aquela faxina no quarto que venho querendo fazer há algumas semanas, sempre adiada quando o dia chega.
Começo pela pilha de roupas na cadeira colocando-as no cesto da máquina de lavar, depois passo para a escrivaninha arrumando os livros e cadernos, nem pensar em estudar hoje, vou só arrumar mesmo. 

Reúno os mangás espalhados pelo quarto e os organizo na parte de baixo da escrivaninha, criando coragem para arrumar o guarda roupa que mais parece uma selva, poderia facilmente sair um animal selvagem lá de dentro; e por último decido limpar o chão e bater os tapetes no quintal. 

Dou uma última olhada no quarto, satisfeita com o resultado e me dirijo até a cozinha indo preparar algo pro almoço. Coloco alguma música aleatória no app de vídeos e após acabar começa a tocar Streets da Doja Cat, essa música me quebra de uma forma...

Surpreendentemente me sinto empolgada e decido fazer uma geral na cozinha também.
Depois de terminar deito na sala e fico de bobeira, entediada no celular vagando pelos apps, sem nada me prender de verdade.

Olho o relógio e vejo que já são 17 horas, percebendo em como o tempo voou hoje. Tomo um banho e começo a preparar o jantar. Apoiada na bancada da cozinha surgem pensamentos da discussão que tive com minha mãe ontem, gostaria de não ter dito tudo que veio a minha cabeça, mas meu péssimo hábito de expulsar tudo quando estou com raiva continua sendo um uma ruína que carrego comigo.

A vontade enorme de vê-la, bate enquanto confiro novamente as horas. Faltam 20 min para às seis da tarde e logo ela estará em casa, fazendo algum comentário sobre o dia que teve no serviço e logo engatando alguma piada sobre o colega de trabalho que sempre a chama para jantar e ela sempre arranja uma desculpa diferente. A última usada foi que ela precisava vir logo pra passar pomada nas minhas feridas de catapora... não aguento lembrar disso e começo a dar risada sozinha na cozinha.

Minha mãe tem um ótimo jeito de fazer as pazes de uma forma tão natural e leve que só ela consegue, as poucas vezes que discutimos dificilmente após nos desculparmos consigo lembrar o real motivo da briga.

Olho impaciente pro relógio a minha frente que movimenta os ponteiros vagarosamente e já arrumo a mesa do jantar,  estranhando seu atraso. Ligo a TV onde passa um filme de infância que sempre assistíamos juntas, já até decorei as falas e ela também. Certeza que ao chegar ela vai sentar e assistir comigo ignorando totalmente a briga anterior, o que não reclamo pois nunca gostei de ter que fazer as pazes.

Ouço um barulho de alguém chegando na porta mas ao invés do barulho de chave a destrancando, soam três batidas e estranho já me levantando para abri-la. 

(...)

- Chegamos! - O senhorzinho vira a cabeça me avisando.

- Muito obrigada! Quanto ficou?

 
Após pagar, abro a porta e dou a volta indo ao porta malas. O senhor simpático me ajuda a tirar a última bolsa e coloca na calçada, agradeço novamente e aceno enquanto ele entra no veículo. Me preparo pra pegar uma das malas que estão na calçada quando escuto um "ei" e levanto a cabeça pra encarar de onde veio. Vejo um garoto loiro com uma mecha preta em formato de raio e olhos dourados me observando

- Precisa de ajuda aí? - Ele aponta pra a bagagem.

Hesito em responder, mas por fim aceno confirmando.

- Se não for lhe incomodar, eu agradeço.

Ele sorri e caminha pra pegar a bolsa maior, coloca duas mochilas nas costas, cada uma das alças em um dos ombros. Pego a de rodinha e outra bolsa de ombro, me viro checando se não esqueci nada e olho para o garoto sorridente parado na minha frente.

- Meu nome é Denki Kaminari, é um prazer te conhecer!

 
- Kimiko Shinkai - Me apresento e igualmente sorrio.

- Qual o seu curso? - Respondo e vejo o garoto fazer um expressão pensativa tentando assimilar a informação.

 
- E o seu? - Com sua resposta apenas digo "legal", mesmo não fazendo ideia do que se tratava. Peço a ele onde fica o dormitório que está na ficha que seguro nas mãos e ele me guia, sempre sorridente e bastante tagarela, mas não de uma forma irritante.

- Pronto, entregue.

- Valeu Kaminari.

- Sempre às ordens. Eu tenho que ir agora, mas nos vemos por aí.

Retribuo o aceno parada em frente a porta do dormitório que será minha ''casa" pelos próximos meses e sinto minha barriga dar uma leve tremida. Vamos lá então UA, penso comigo mesma e suspiro antes de abrir a porta.

LIKE DYNAMIGHT - Bakugou KatsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora