As noites apagadas

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Abro a porta vendo que estava somente encostada e agradeço por Shoto ter lembrado desse detalhe. Entro, caminhando na ponta dos pés para não fazer barulho e subo as escadas até o quarto dele. Abro e fecho a porta atrás de mim, vendo o lugar o mais escuro possível, não há nenhum traço de luz aqui dentro e começo a tatear procurando a cama. Estou tão cansada...

Bato meu dedo do pé com força em algo e faz um barulho enorme, coisas caindo no chão e só contraio os ombros, espremendo os olhos e torcendo pra que ninguém fora desse quarto tenha escutado.

Ouço Todoroki se espreguiçando na cama e caminho até lá devagar, e antes de deitar sinto ele se mexendo no colchão me cedendo espaço.

Fico de barriga pra cima, me ajeitando pra que o sono venha e ele joga a coberta em cima de mim, me cobrindo.

— Como foi a noite? - Sua voz soa arrastada e sonolenta, de uma forma tão baixa que mal o escuto.

— Boa. E a sua?

— Boa.

Um silêncio estranho se instala no ar e sabemos que ambas as descrições foram simples demais para a realidade dos acontecimentos. Começamos a rir juntos, baixinho.

— Vamos sair mais tarde, Mina pediu pra te avisar...

— Vocês têm muito ânimo ein, mal saímos de uma festa e já tão planejando outra coisa pra fazer.

— Acho que eles querem aproveitar, depois vai ser meio difícil marcar essas coisas durante o semestre.

— Verdade. - Concordo e já começo a dormir como uma pedra pelas próximas horas.

O cheiro de páginas novas e café fresco invade meu nariz assim que entro na loja e o sino acima da minha cabeça toca. Vejo a cabeça da Mirko se espichando por trás do balcão e um sorriso enorme surge em seu rosto antes dela vir correndo na minha direção e me abraçar de um jeito muito enérgico.

— Kimi, você não sabe como fico feliz em te ver!

— Oi. - Eu deveria estar habituada, mas a proximidade repentina dela me surpreende. Seus cabelos estão amarrados em um coque baixo e a calça que ela usa é tão justa que marca todos os músculos de suas coxas definidas. Respondo meio sem graça, porque é assim que fico perto de uma mulher tão bonita como ela: sem graça.

— Quanta coisa tem pra fazer nesse lugar, tenha dó. Essas semanas sem você e o Tamaki foram um horror, quase que vou atrás de vocês nas férias.

Ela apoia uma das mãos na cintura e dou risada olhando em volta. Não que esteja bagunçado nem nada, mas as coisas parecem ter estado... apuradas talvez.

— Eu passei aqui pra ver se precisava de algo mesmo, sei que ainda estou de férias, mas você foi tão legal que achei melhor vir.

— Agradeço, mas trato é trato, e você volta só amanhã, ainda assim obrigada por ter vindo. - Ela solta um sorriso um pouco cansado.

— Posso pelo menos ajudar a levar essas coisas lá pra trás? - Aponto para uma pilha de caixas que estavam ao lado do balcão, esperando para serem guardadas no estoque dos fundos da livraria. Ela hesita por um instante, mas aceita como se não pudesse negar ajuda.

— Se faz tanta questão...

Balanço a cabeça rindo e ela também, indo até o escritório enquanto me curvo para pegar a primeira caixa, que apesar de ser grande e alta a ponto de tapar minha visão, não está tão pesada e por isso não carrego com dificuldade. Ligo a luz e entro no cômodo colocando em uma das prateleiras mais altas, onde preciso subir em uma escada apoiada em frente a ela.

LIKE DYNAMIGHT - Bakugou KatsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora