LIKE DYNAMIGHT - Bakugou Katsuki

Liberose

Olhava o galho de árvore que batia de maneira fraca no vidro da janela do quarto, provavelmente fiz isso por horas a fio.

Estirada na cama me perguntava quando Todoroki chegaria, fazia um bom tempo que ele havia saído pra universidade. Entreguei minha chave e fiz uma lista de coisas pra que ele buscasse, assim ficaria mais confortável estar aqui, já que ele insistiu tanto pra que ficasse.

A pele abaixo dos meus olhos ainda doía, sensível pela noite que passei chorando até pegar no sono. Ele não largou minha mão nenhuma vez enquanto estávamos deitados, eu em sua cama cedida por espontânea vontade e ele em um colchão ao meu lado, no chão.

Todoroki não poderia ter sido mais atencioso comigo, até conversou com a Mirko por mim explicando que eu precisaria de um tempo afastada de lá, e que estava com "problemas familiares". Ambos demos risada com o termo usado, problema era uma palavra fraca demais pra fui drogada pelo meu pai.

A porta se abre e olho de maneira preguiçosa pra ele entrando no quarto.

— Acho que trouxe tudo.

— Obrigada.

— Tá todo mundo perguntando de você.

Murmuro um "hum" desanimado enquanto Todoroki continua mexendo nas coisas que havia trazido. Sentia falta das meninas, dos garotos, queria conversar com todos mas ainda assim, nem sabia como. Com Todoroki era totalmente o oposto, não hesitei nem por um instante em falar com ele sobre tudo o que tinha acontecido.

Me sentia incrivelmente desanimada hoje, onde qualquer pequena coisa seria capaz de me fazer chorar. Nunca fui muito chorona, mas diante dos acontecimentos recentes não estou nem conseguindo mais pensar nas piadas que poderiam ser feitas com as desgraças.

— Você viu todo mundo?

— Sim. Mina e Jirou vieram me pedir se eu sabia algo de você, falei que você iria passar uns dias na casa do seu avô e seu celular acabou quebrando, mas logo iria falar com elas e explicar tudo. - Ele volta a atenção pra mim de maneira séria e suspira. — Estão realmente preocupadas com você Kimi.

Me ajeito na cama sem dizer nada e ele continua falando sobre os assuntos cotidianos da universidade.

— Ah, Kirishima e Kaminari também pediram de você, acham que aconteceu algo grave contigo do contrário não teria saído sem falar nada. Disseram que se eu soubesse onde você estava era pra levá-los, mas eu desconversei. Não sabia se iria se sentir a vontade agora.

— Obrigada... mais alguém?

Minha garganta fecha ao pedir isso. Ao mesmo tempo que quero, também não quero ouvir dependendo da resposta.

— Tá falando do Bak...

— Só diz sim ou não. - O interrompo de maneira rápida.

— Desculpa. - Ele me olha como se estivesse lamentando.

No fundo eu já sabia e ainda assim doeu ouvir. Tentei disfarçar, mas era evidente que me machucava confirmar que ele demonstrava não estar nem aí pra mim, mesmo que eu sumisse do mapa não faria diferença. Ele escolheu mesmo me deixar pra trás.

— Quer me contar o que aconteceu entre vocês?

Balancei a cabeça em um sinal negativo evitando as lágrimas que insistiam em querer cair. Odiava estar tão sensível a ponto de quase não aguentar segurar o choro. Todoroki se aproximou e me abraçou assim como fez diversas vezes desde que cheguei, tenho precisado constantemente dele.

— Vai dizer que tinha razão sobre? - Perguntei abafado por cima do ombro dele, sem me desvencilhar de seu abraço.

— Eu realmente preferia não ter...