Aviso: esse capítulo contém abuso e violência física.
Estava deitada na minha cama, com o edredom cobrindo todo meu corpo inclusive a cabeça, enquanto tocava I Found, Amber Run nos fones de ouvidos.
Queria apenas ficar ali, sem precisar me preocupar com o resto. Meu sono estava desregulado desde a semana passada, então eu simplesmente dormia na maior parte da manhã e passava quase a noite toda acordada.
Fui em algumas aulas, e no intervalo delas tentava socializar o mínimo possível, fugia das perguntas que pudessem surgir pois sabia que minha aparência dava pistas de como eu estava por dentro, e eu odiava isso, odiava ser tão transparente.
Nas refeições, pensar na possibilidade de cruzar com ele me causava sentimentos ruins, então passei as fazer em um local fora do câmpus, não muito longe. Me certificava que o pessoal não me acharia e por ali ficava. Sozinha.
Havia pensado algumas vezes em falar sobre o que havia acontecido com alguém, mas a ideia de perturbá-los com um problema somente meu era maior. Eu detesto incomodar, por isso achei melhor guardar pra mim.
Olhava para meus pés, indo até o trabalho contando meus passos. Os dias se tornaram vazios assim como eu que só estava pelos cantos, vivendo no piloto automático e olhando a cada minuto para as horas, esperando o momento que eu finalmente chegava no meu quarto e podia ficar embaixo do edredom me sentindo uma idiota. Não que fora dele eu me sentisse diferente, só que pelo menos ali não havia ninguém me olhando.
Demorou alguns minutos para que eu notasse o carro com vidros escuros que parecia me acompanhar. Da calçada, virei o rosto para olhar e parei de andar de maneira gradual quando o carro freou, abaixando o vidro dos assentos traseiros para que eu visse a pessoa que estava nele.
Suspirei pesado como se houvesse vidro moído no ar.
— Entra no carro. - Ele disse abrindo a porta. Hesitei por alguns segundos mas decidi entrar, achava que não tinha como ficar pior.
O cheiro do estofado novo invadiu meu nariz no momento que abaixei a cabeça para me sentar no banco. Segurei a bolsa no meu colo e encarei o homem com suas pernas cruzadas e o terno impecável, me olhando com aquele ar de superioridade. A fumaça forte do charuto que era jogada na minha direção me fizeram tossir algumas vezes, mas ele não se importou, rindo em seguida e apoiando-o no cinzeiro ao lado do seu braço direito.
— Qual foi a forma escolhida pra me infernizar hoje? - Peço quebrando o silêncio extremamente irritante no ar.
— Nenhuma. Precisava conferir se já pediu demissão daquele lugar que você chama de trabalho.
Meu coração acelerou com isso. Eu não queria em hipótese nenhuma sair da livraria, já me sentia familiarizada com o ambiente e com as pessoas. Os clientes, Mirko, Tamaki, tudo já fazia parte da minha rotina e eu amava ir lá todos os dias, não me imaginava mais trabalhando em outro lugar.
— Não. E nem vou. - Digo um pouco mais baixo do que queria, desviando o olhar para a janela.
— Não entendi. - Ele diz de uma maneira que exala ironia. É claro que havia entendido, só estava me testando se seria capaz de repetir.
— Eu disse que não vou. Eu quero continuar trabalhando lá e é isso que vou fazer, se você não concorda é um problema totalmente seu.
Me perguntava de onde havia saído essa coragem repentina em dizer o que eu queria, e logo lembrei. Da raiva. Me causava uma raiva incrivelmente enorme saber que havia alguém querendo me impor minhas próprias decisões. Eu sempre lutei para me tornar a pessoa que sou hoje, entre aceitações, inseguranças e medos eu sempre segui em frente, em busca da melhor versão que pudesse ser, e ter alguém que não sabe metade dessas coisas ditando o que eu devo ou não fazer me dava vontade de cometer um homicídio. Mesmo que eu fosse contra violência.
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LIKE DYNAMIGHT - Bakugou Katsuki
Fanfiction𝑀𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑏𝑖𝑎 𝑒𝑙𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑎 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑟𝑒𝑜𝑐𝑢𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒 ℎ𝑎𝑣𝑖𝑎 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑐̧𝑎̃𝑜, 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑡𝑜 𝑓𝑖𝑐𝑎𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑟𝑎𝑣𝑖𝑙ℎ𝑜𝑠𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑟𝑟𝑢𝑖𝑛𝑎𝑟 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑝...