Ajeito meu vestido em frente ao espelho pela segunda vez. Não que fosse melhorar alguma coisa, só estava me certificando que estava tudo bem em sair do quarto finalmente.
Respiro fundo e abro a porta com Shoto me esperando do lado de fora, assim que me vê ele se aproxima e envolve o braço pelos meus ombros, se recusando a se afastar mais do que isso desde que chegamos.
Mina aparece também e sigo pela sala enquanto ela segura minha mão, saindo da casa.
Entramos no carro e dou uma olhada pra trás, verificando o veículo com o resto do pessoal nos seguindo. Durante todo o trajeto, percebo os olhos de Kiri me observando pelo retrovisor, checando se eu estava, na medida do possível, bem.
Esse é o momento mais silencioso que tivemos entre nós, não há, e mesmo que houvesse algo a dizer, ninguém faria. Desço do carro e olho em volta quando os demais se aproximam, o tempo está carregadamente nublado e apesar de estarmos no meio da tarde tudo está escuro demais, parte pelo céu e outra parte pela atmosfera das pessoas ao meu redor que vestem preto da cabeça aos pés.
Todos esperam que eu dê o primeiro passo em direção ao lugar que nos espera, e sinto a mão gentil de Shoto mais uma vez me incitando a seguir em frente. Caminho devagar, em passos hesitantes, obrigando todo meu corpo a me mover antes de erguer a cabeça e encarar a lápide.
É um sentimento já conhecido que gostaria de não vivenciar nunca mais, ele aperta e me sufoca, me impede de respirar livremente.
Dói em todas as partes do meu corpo.
Me agacho antes de colocar o ramo de flores em cima do túmulo frio de mármore, e é com imensa tristeza que leio o nome de meu avô escrito ali.
Vinha me preparando há duas semanas, desde que ele havia adoecido e os médicos disseram que não tinha muito mais o que ser feito devido sua idade avançada. Fiquei os dias seguintes da notícia tentando aproveitar cada momento que pude ao lado dele, mas é impossível estar pronta pra ver um médico saindo de uma sala onde tudo que restou da sua família estava e lhe comunicar com um rosto triste que seu coração parou de bater.
Uma parte do meu coração parou também.
Passei a noite anterior chorando, apertando o travesseiro com força no meu rosto, procurando alguma forma de confortar minha dor. Meu único conforto era lembrar de suas últimas palavras, o orgulho que ele disse ter por mim e seu pedido pra que eu continuasse sendo a pessoa que sou.
Que eu buscasse minha felicidade.
Ele partiu sem sentir dor, da forma mais pacífica possível e é só isso que me acalma, mas ainda dói ter que se despedir de alguém que amo tanto.
De novo.
Havia chorado antes de vir também, escorada na cama antes de me vestir, e agora, aqui em frente a ele percebo que não tenho mais lágrimas, todas já se foram.
Agradeço tanto pelos meus amigos estarem aqui comigo em um dia desses. É por isso que entendo perfeitamente que amizades de verdade só acontecem quando as pessoas se dispõem a estarem ao seu lado em momentos assim.
A cerimônia aconteceu de uma forma bonita e após ela, voltei pra casa de meu avô. Estava em meu antigo quarto, organizando algumas coisas pro dia seguinte que eu voltaria a Tóquio, não iria me fazer bem ficar ali na minha casa de infância, tudo ainda soava muito infeliz e sei que meu avô jamais gostaria de me ver assim.
Havia uma pilha de coisas em cima da cama, esperando pra serem colocadas dentro da mala. Livros, peças de roupas, calçados. Deixo tudo de lado e me jogo no colchão, exausta.
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LIKE DYNAMIGHT - Bakugou Katsuki
Fanfiction𝑀𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑏𝑖𝑎 𝑒𝑙𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑎 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑟𝑒𝑜𝑐𝑢𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒 ℎ𝑎𝑣𝑖𝑎 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑐̧𝑎̃𝑜, 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑡𝑜 𝑓𝑖𝑐𝑎𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑟𝑎𝑣𝑖𝑙ℎ𝑜𝑠𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑟𝑟𝑢𝑖𝑛𝑎𝑟 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑝...