Pior escolha

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Estava imersa no livro mais recente da lista que eu havia criado para ler até final do ano.

Era mais um dos romances clichês de tantos que já li sobre, falando sobre amores inevitáveis, destino infalível e almas gêmeas.

Por ter conhecido tantas histórias sobre fios vermelhos do destino passei a acreditar e hoje tenho quase certeza que existe realmente isso de alma gêmea, alguém destinado a encontrar a si mesmo ao lado de outra pessoa, e só ali ser inteiramente feliz e mesmo que possa parecer meloso e talvez patético pensar dessa forma, não consigo enxergar de uma maneira diferente.

Vejo isso ao meu redor quase que sempre, principalmente quando encontro casais que parecem genuinamente interligados, onde a conexão parece ser possível de se sentir até pra quem está de fora dessa bolha.

Vejo isso nos filmes e acho lindo, escuto isso nas músicas e sorrio cantarolando as letras, leio isso nos livros e meu coração se aquece a cada linha de uma cena clichê, vejo isso em todos os lugares, mas infelizmente não via isso em mim.

Estava perto da metade do livro quando uma silhueta conhecida passou pela minha frente, no meio da sala de descanso indo em direção a ala dos dormitórios.

— Denki, oi?

Ele parou no caminho, se virou devagar pra mim, e imediatamente senti falta da animação costumeira quando seu rosto estava desanimado e seus olhos baixos.

— Oi.

— Tá tudo bem? O que aconteceu? - Perguntei fechando o livro enquanto fazia um gesto pra que ele se aproximasse mas Denki não fez, na verdade deu um passo pra trás ameaçando voltar ao caminho que seguia antes de eu chamá-lo.

— Tá sim...

— Ei, o que você tem? - Coloco a mão em seu ombro, o puxando pra se sentar no sofá e ele me segue, ainda que um pouco relutante. — Denki Kaminari, me diz agora mesmo por que você está assim.

Pensei que talvez pudesse estar sendo chata ao insistir que ele ficasse e me contasse seja lá o que tinha acontecido para estar daquele jeito, mas pelo tempo que o conheço e o fato de essa ser exclusiva e única vez que o vi totalmente sem sua energia contagiante, eu estava pouco me importando em ser chata.

Ele suspira longamente e passa a mão no rosto enquanto eu aguardava que quisesse falar comigo. Seus olhos se encontram com os meus e sua voz sai baixa, em um tom grave que eu não conhecia, já que a agitação sempre presente em sua voz a deixava por muitas vezes fina e esganiçada impedindo que eu ouvisse seu verdadeiro timbre.

— Fiz uma entrevista hoje sabe, pra um estágio e tudo mais...

— Isso é muito bom! - O interrompo sem querer, aflita pra saber logo o motivo dele estar assim e paro de falar pra que continuasse.

— É... tava tudo indo muito bem e eu consegui falar tudo certo, acho mesmo que a pessoa que conversou comigo gostou de mim. - Ele diz com uma leve entonação animada mas logo sua feição se converte na expressão anterior. — Até eu voltar a ser eu mesmo e na hora de apertar a mão pra agradecer, virar o copo de café no colo do cara.

Fico um segundo sem reação, eu não sabia se dava risada ou ficava triste, mas a cara dele dizia muito bem como eu deveria reagir. Passei a mão em seu ombro, na tentativa de consolá-lo da melhor forma que eu podia.

— Poxa, essas coisas acontecem sabe, essa gente deve estar habituada porque todo mundo fica nervoso em uma entrevista, você não deve se sentir mal por isso. É natural agir de maneira inquietante e fazer ou falar alguma besteira, além do m...

— É, eu sei. - Ele me corta.

— Não, é sério. Isso é normal.

— É mesmo normal pra mim, essas coisas vivem acontecendo comigo. Acho que o pessoal tá certo em dizer que sou só um idiota que não deve ser levado a sério.

LIKE DYNAMIGHT - Bakugou KatsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora