(N/A: tem mapa nas notas finais para ajudar a visualizar!)
Senti todo o meu corpo vibrar ao acertar a cabeça de zumbi com a barra de ferro, fazendo seu sangue jorrar no asfalto. Meu braço doeu especialmente onde estava a queimadura, mas era indiferente — àquela altura todo o meu corpo doía. Se dissesse que descansei por meia hora entre aquela noite assustadora fugindo dos homens de Klaus e a invasão à escola, provavelmente seria muito. Tampouco havia comido direito ou dormido uma noite inteira de sono há dias. A adrenalina fervia meu sangue, e provavelmente era ela o único motivo de eu me manter correndo, mas aos poucos as dores se intensificaram, a exaustão corroendo meus músculos e exigindo cada vez mais esforço.
Lembrei dos dias em que fiquei de cama após encontrar minha avó transformada em um monstro e exterminar sozinha mais de uma dúzia de zumbis. Teria sorte se pudesse passar de novo por aquela recuperação infernal e não acabasse morta antes.
— Rebeca — Leonardo me chamou, correndo na mesma velocidade que eu. Estávamos um pouco na frente dos outros, por isso também limpando a maior parte dos zumbis.
Apontou para duas criaturas na calçada ao meu lado. Uma delas ainda se levantava, enquanto a outra soltou seu familiar rugido e cambaleou em minha direção. Assenti e me abaixei no momento em que um zumbi se atirou sobre mim, fazendo com que seu próprio impulso o derrubasse. Senti seu puxão na minha jaqueta, mas minha arrancada foi o suficiente para que ele ficasse para trás, caído para ser morto por quem viesse atrás de mim.
Esperei o primeiro se aproximar para derrubá-lo com uma rasteira, sentindo a ameaça da mordida por trás da jaqueta de couro. Quando caiu, tive tempo de sacar o facão para impedir o segundo de se levantar com um golpe limpo. Por sorte arranjei outro equipamento quando estávamos no condomínio, mas sentia falta da faca que ficou na oficina. Senti um puxão na perna e me desequilibrei. Não esperava que o zumbi caído se movesse com tanta velocidade, mas consegui me manter em pé. Larguei a faca no cadáver para finalizar seu companheiro em dois golpes com a barra de ferro, deformando seu rosto. Respirando pesadamente, recuperei a faca enquanto o resto do meu grupo diminuía a distância que eu e Leonardo deixamos.
— Hm, acho que esse foi um 8 de 10. Podia ter sido mais limpo — Léo comentou, chutando o braço da criatura que estava agarrada na minha calça. Deixei um riso escapar, revirando os olhos.
Como estávamos a menos de duas quadras da escola, não voltamos a correr até que todos nos alcançassem. As ruas largas tornavam mais fácil a locomoção e possibilitaram que limpassemos os zumbis antes que eles formassem grupos maiores, mas cada segundo se tornava mais perigoso. Independente do que acontecesse na escola, precisaríamos garantir que fossemos embora o mais rápido possível. O tempo que eu e Melissa passamos fora do condomínio nos deu oportunidade de observar o comportamento dos zumbis, e era assustador como passavam de andarilhos inofensivos para um grupo mortal em questão de minutos.
— Cuidado agora, vamos com calma — Antônio respondeu, puxando o ar com força. Eu estava perfeitamente acostumada, mas a nossa corrida de quase quatro quadras parecia tê-lo deixado esgotado.
Atingida por um choque de realização, olhei para Victória. Fazia muito tempo que eu não a via fora de um lugar protegido e lembrei-me de suas quedas de pressão. Mas apesar de suada e com a respiração pesada, nos acompanhava a seu próprio passo, junto com Alana. Ela havia mudado muito desde aqueles primeiros dias, e mesmo continuando magra como sempre, parecia ter um pouco mais de músculos e preparo físico — diferentes dos meus, exercitados por constantes saídas do condomínio, ela e algumas outras pessoas esforçava-se com exercícios e treinamento dentro dos muros. O que felizmente parecia ter dado resultado.
Usamos novamente os muros da casa como cobertura para nos aproximar, mas logo tornou-se evidente que seria impossível chegar despercebidos até a escola: quanto mais nos aproximávamos, mais víamos zumbis, chegando de todos os lados. Entre sapatos desgastados roçando no chão, mãos ensanguentadas arrastando corpos que não conseguiam ficar em pé ou até mesmo as passadas velozes daqueles que se aproximavam correndo, todos compartilhavam o mesmo objetivo conosco, dirigindo-se para os portões caídos da escola.
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Em Desespero
HorrorLIVRO 2. O mundo como conhecia está destruído e Rebeca vaga pelos seus escombros. Após encarar a morte de frente, encontrar novas pessoas por quem lutar e um lar para proteger, finalmente achava que tinha aprendido a lidar com aquele mundo. Porém o...