Capítulo 49.

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Meu coração estava acelerado antes mesmo de eu acordar. Abri os olhos e me deparei com aquele quarto branco, engolindo o ar em uma lufada como quem se salva de um afogamento. A enxaqueca veio excruciante e quando levei meu braço até a testa, percebi que alguns fios estavam presos a ele.

Estava deitada em uma cama macia, com cobertores sobre o meu corpo, mas a dor parecia rachar minha cabeça e a incapacidade de lembrar como eu chegara até ali apertava minha garganta. Onde estava Mei? Eu me sentia tão fraca, há quanto tempo estava inconsciente? Que lugar era aquele?

Arranquei os fios ligados ao meu braço e me ergui, buscando encontrar respostas. Senti o coração retumbar com força quando joguei para longe os dois cobertores. Por alguns segundos excruciantes, atrevi-me a pensar que todos os últimos meses poderiam ter sido um delírio... Será que eu estava em coma?

Mas a dor lancinante que me rasgou ao meio quando coloquei a perna esquerda no chão trouxe todas as lembranças de volta como um soco, e caí no chão. A oficina, as queimaduras, as explosões, Hector e Alana... Faltou-me ar quando o desespero de saber algo, de me certificar de que havia outros sobreviventes, dominou minha cabeça. Ergui-me com pressa, evitando colocar peso sobre a perna ferida e envolta por camadas de gaze. Busquei ao meu redor por uma arma, uma faca, qualquer coisa que pudesse usar para me defender, mas não achei nada. Então finalmente percebi que estive deitada em uma cama hospitalar.

Leonardo falara algo sobre um hospital. Haviam me deixado sozinha lá, com um grupo completamente estranho? Ou será que estive inconsciente por semanas? Quem mais estava vivo? Aquelas perguntas incendiaram meu corpo e me davam forças para mancar em direção à porta. Queria gritar por ajuda, mas eu não sabia quem poderia vir a meu chamado... Nem se receberia qualquer ajuda.

Agarrei-me à maçaneta e senti uma resistência que congelou todo o meu corpo. Eu estava trancada?

No segundo posterior ela se moveu, girando sozinha. Eu estava surda pelas batidas do meu coração e esqueci da perna ferida quando tentei me afastar, mais uma vez sendo levada ao chão pela dor agoniante.

Quando a porta se abriu, os olhos claros de Leonardo caíram sobre mim e no segundo seguinte ele já estava agachado ao meu lado, esticando uma mão para me oferecer apoio. Estava com uma tala no pulso.

— O que aconteceu?! — ouvi a voz de Guilherme, que entrou logo após a investida de Leonardo — Ela tá bem?

— Rebeca, tá tudo bem? O que aconteceu?

Suas perguntas foram feitas praticamente ao mesmo tempo e Guilherme largou o que quer que segurava e correu até mim, ajoelhando-se. Suas expressões variavam entre choque e preocupação, mas vendo os dois bem, a sobrecarga de alívio foi tanta que me deixou atordoada por alguns segundos.

— E-eu — tentei falar, mas a minha garganta estava seca demais. Tossi algumas vezes antes de conseguir terminar: — acordei agora... T-tentei procurar por alguém.

Observei as sobrancelhas de Leonardo se juntando em confusão por alguns segundos, até uma segunda expressão, de alívio, suavizar seu rosto. Então ele gargalhou. Guilherme continuava com os olhos em mim, como se quisesse ter certeza de que eu não desmaiaria a qualquer instante.

— Cacete, Rebeca — o primeiro começou, e dessa vez segurou o meu braço com mais força, ajudando-me a levantar. Guilherme também ofereceu apoio — eu achei que as pessoas só faziam em filmes coisas imbecis tipo acordar em uma cama de hospital e arrancar todos os fios para tentar se levantar.

— Como você está se sentindo? Acho que vou chamar a Hanna... — Guilherme parecia muito menos inclinado a me zoar, genuinamente preocupado.

— Relaxa — Leonardo respondeu, colocando a mão que não me segurava no ombro de Guilherme — dá um tempo para ela.

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