Capítulo 42.

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Fechei os olhos com força, respirando fundo para afastar aquela sensação nauseante. As quase 72 horas sem descanso ou alimentação decentes começavam a cobrar seu preço, e após o turbilhão de adrenalina, sentia a cabeça leve e os sentidos enevoados.

Guilherme já estava de pé após a constatação de que o machucado fora superficial e por sorte percebeu minha súbita queda de pressão pouco antes dos meus joelhos cederem. Senti seu braço bom envolver minha cintura, oferecendo-me sustentação o suficiente para não cair. Mei ergueu as orelhas, atenta.

— Opa! — ele disse — Tudo bem?!

Inspirei profundamente, soltando o ar com o máximo de calma que pude enquanto tentava estabilizar meu peso. Agradeci pelo apoio de Guilherme, pois caso contrário, com certeza teria acabado no chão.

Após informada sobre o estado de Tom e Valentino, Alana imediatamente se dirigiu para o terceiro andar, com Melissa a seu encalço. Paulina pediu ajuda a Leonardo para trazer Alex, que havia sido gravemente ferido, enquanto Victória corria até Antônio para conferir o corte aberto que começava no ombro e descia até metade do peito.

— Não, mas vou ficar. Obrigada — respondi quando finalmente me senti estável. Foi uma tontura passageira, mas tinha certeza que as próximas não seriam tão legais comigo. Estiquei a mão para encostar nos pelos macios de Mei, procurando por algo que ajudasse a me acalmar.

No segundo seguinte vi Paulina e Leonardo chegando com o corpo grande de Alex praticamente desacordado sobre seus ombros. A cor vermelha da camiseta disfarçava à distância, mas conforme se aproximavam, tornou-se óbvio que estava completamente encharcada de sangue. Meu amigo tentava sustentar o seu peso durante a caminhada até nós, mas seus olhos estavam desfocados e ele tropeçava nos próprios pés, dependendo do apoio de Leonardo.

— Magrela! — Paulina chamou — Precisamos de você aqui, ele não tá nada bem.

Victória desviou a atenção do pedaço de tecido que pressionava sobre o corte aberto de Antônio e seus olhos se arregalaram no momento em que viu o ferimento de Alex. Sussurrou algo para o homem, que assumiu o trabalho de estancar o próprio sangramento, e o nervosismo era evidente em sua expressão quando se aproximou do membro do nosso grupo. Ainda assim, pediu calmamente para que Paulina e Leonardo o ajudassem a se sentar apoiado na parede do prédio para que ela pudesse analisar a situação.

E ainda havia o problema de quase dois metros desmaiado. Assim que a tontura me abandonou completamente, engatilhei a pistola, um pouco incerta de como prosseguir.

— Não! — ouvi a voz arrastada de Antônio, que tossiu algumas vezes — Não mate Adão. Amarre-o e o mantenha como refém. É a única coisa que vocês têm contra Klaus.

— Tudo bem aí? — após ajudar com Alex, Leonardo se aproximou de nós, olhando para mim. Provavelmente havia percebido quando minha pressão caiu.

— Uhum, agora estou. Só fiquei um pouco tonta.

— Você tem que descansar, Rebeca — ele disse, sério, mas em seguida olhou ao redor. Entre o tempo em que estive atrás de Klaus e o embate contra Adão, nosso grupo conseguiu limpar a maior parte dos zumbis que invadiram o pátio. O portão tombado e carros estacionados serviam de barreira temporária para impedir a maior parte dos que restavam de entrar (porém eventualmente algum errante conseguia se esgueirar, mas Paulina conseguia dar conta deles). Ninguém havia falado ainda, mas provavelmente precisaríamos ir embora logo, fosse qual fosse o nosso destino — Entra um pouco na cantina, vou encontrar alguma coisa pra você co... Meu Deus, Gustavo!

Ele anunciou em uma realização súbita, e no segundo seguinte estava correndo na direção ao prédio principal, atraindo a atenção de todos.

— Merda — suspirei. Haviam tantos problemas que não sabia qual tentar resolver primeiro, e sequer me sentia na capacidade mental de tomar as decisões difíceis — Paulina! Uma corda para amarrar esse cara, você arranja? — Esperei que a mulher confirmasse, mesmo que estivesse tentando auxiliar Victória, que não parecia muito otimista com aquele ferimento — Gui, ajuda elas aqui e fica com a Mei? Não sei se Leonardo vai precisar de ajuda...

Em DesesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora