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Margaridas e rosas

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O maravilhoso buquê de margaridas brancas e rosas vermelhas em minhas mãos era tão grande quanto lindo. E parada diante ao túmulo enfeitado com diversas outras flores e recados carinhosos, eu tentava não chorar.

Prometi a mim mesma antes de sair que seria forte.

Nada mais justo que manter a promessa.

Por ela.

Relendo seu nome escrito na lápide branca, soltei um breve sorriso ao sussurrar baixinho: Anna Holyn Wirght. Minha querida mãe. Uma esposa e uma mulher incrível.

Então olhei para o prefeito, ao meu lado, com a cabeça baixa e olhos fechados. No caminho, o silêncio do carro era assustador. Como se qualquer palavra dita naquela situação fosse delicada demais. Como se algo fosse se quebrar.

Eu sabia que as memórias do passado estavam corroendo sua mente nesse momento também. Era o mesmo comigo. Só não tinha noção a que nível de tortura sua consciência estava levando-o.

Aos momentos felizes? Talvez a culpa?

Mamãe nunca desejaria nos ver assim.

É por isso que eu estava colecionando somente as lembranças extraordinárias, como quando descobri a forma que ambos decidiram meu nome. Essa era a memória mais marcante que eu tinha de nós três, ainda juntos.

Era aniversário de Holden e mamãe estava bêbada, sorrindo a cada gole de vinho, desfrutando de suas músicas clássicas e nos olhando com preciosidade. Tudo uma semana antes da "doença".

Afundada no sofá, as luzes reluziam seus olhos castanhos. As palavras arrastadas entre os lábios embriagados.

"Eu queria algo simples, querida. Queria que seu nome fosse simples, porém, notável. Mas Holden só estava preocupado em homenagear sua avó, Lua. E pode acreditar, foram longas semanas de impasse."

Mamãe dizia que Lua era uma mulher admirável, mas seu nome não possuía nada haver comigo, mesmo ela sendo apaixonada pela lua.

Até que a primeira luz surgiu: Annalua.

Entretanto, o prefeito apenas gargalhou, expondo o fato de achar o nome esquisito demais para uma garotinha como eu.

Só que, para Anna, a mulher que eu mais amava no mundo, o estranho sempre a intrigou. Talvez eu tenha herdado isso dela.

Após um tempo, decidiram encurtar o nome um pouco mais. Então o que era Annalua, se tornou Annalu. Em seguida, apenas Nalu.

Mas mamãe costumava me chamar de Nalua, mesmo Holden brincando incansavelmente, dizendo que era um nome horrível.

"Nalua, querida, vamos brincar", ou "Está com fome, Nalua? Quer sua torta de limão?".

Até mesmo em suas últimas palavras, o apelido estava presente em seus lábios roxos, como sinal de carinho.

"Sinto muito por tudo, minha querida Nalua", seus olhos pareciam tão arrependidos. "Faria qualquer coisa para mudar o passado e acompanhar o seu futuro."

E eu também faria, se pudesse. Se tivesse a oportunidade de saber as coisas que sei agora, naquela época... faria de tudo.

- Eu te amo tanto, tanto, tanto. Eu te amo e vou te amar para sempre, mãe - falei baixinho.

New security ❄ Im JaebumOnde histórias criam vida. Descubra agora