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Debate

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Conforme a limusine se aproximava do parlamento, meu coração batia tão forte que parecia prestes a saltar pela garganta.

O nervosismo era esmagador. Senti uma náusea crescente, como se a qualquer momento fosse perder o controle do próprio corpo. O mundo parecia menor ali dentro, abafado. Mas eu sabia que aquele dia não era sobre mim, era sobre Holden. E eu não deixaria que nada estragasse isso.

Meus pés tamborilavam contra o tapete escuro do carro. Eu mordia os lábios, tentando forçar minha mente a se ancorar no presente.

Do meu lado, meu pai segurava algumas fichas. As mãos tremiam levemente. Os lábios se moviam num sussurro contido, revendo cada palavra do discurso com uma respiração pesada.

- Pai, você vai se sair bem - murmurei, tentando quebrar a tensão no ar.

Ele ergueu os olhos e forçou um sorriso.

Mas estava ali: a inquietação, o peso nos ombros.

- Não estou preocupado - disse, embora a falha na voz o denunciasse.

- Mentiroso - retruquei, cruzando os braços. - Você só franze a testa desse jeito quando está nervoso... ou prestes a pedir um cigarro escondido.

- Viu só? Até sua filha sabe - Vivian comentou com um meio sorriso.

Não confiava plenamente nela, muito menos em seu filho temperamental, mas ela tentava suavizar o clima. E por ora, isso bastava.

- Você acha que eu tenho chance? - ele perguntou, tentando soar casual. Mas a dúvida se infiltrava em cada sílaba.

Antes que eu respondesse, uma voz grave e sarcástica sussurrou ao meu lado:

- E você, Nalu? Acha mesmo que ele vence? Ou vai ser só mais um discurso bonito afundando na frustração?

Mark. Sempre ele.

Inclinou-se sutilmente, o sorriso escondendo diversão contida. Fez questão de falar apenas para mim, baixinho, como se dividíssemos um segredo que eu não queria.

A vontade de revirar os olhos foi quase incontrolável.

- Ele vai ganhar - respondi, firme. - E você vai estar lá para aplaudir.

Mark riu baixinho e se recostou no banco, satisfeito.

A limusine parou com um tranco seco. Do lado de fora, vi os rostos. Alguns sorrindo para Holden, outros gritando, rostos distorcidos por raiva ou frustração. Policiais e seguranças se aproximavam para conter a multidão.

Um dos homens da equipe abriu a porta.

- Hora de ir, senhor.

Lá estavam os dois candidatos, esperando diante da entrada do parlamento. O debate seria ao ar livre, com o povo ao redor, como um espetáculo. Ou um campo de guerra.

- Fiquem atentas - Holden virou-se para nós, o olhar sério. - Se algo acontecer, entrem na limusine. E vão para casa. Sem hesitar.

- Vai ficar tudo bem, querido - Vivian tentou tranquilizá-lo com um sorriso.

- Boa sorte, pai. Eu te amo - disse, com um nó na garganta.

- Eu também te amo, minha pequena Nalua - ele sorriu, e então saiu.

New security ❄ Im JaebumOnde histórias criam vida. Descubra agora