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IM JAEBUM NARRATION

Quando eu era menor, meus pais me repreendiam constantemente. Falavam que eu não tinha muitas expressões para um garoto da minha idade e apesar de ser uma criança consideravelmente bondosa - ao menos nas atitudes -, era difícil saber o que passava por minha mente e por isso, eu não conseguia muitos amigos. Ou melhor, sendo mais específico, eu sequer tinha um amigo.

Com receio de passar minha vida inteira assim, eles falaram que eu deveria fazer algo de útil ao invés de ficar sozinho. Como eu era bom desenhando, meus pais então matricularam-me num cursinho perto de casa e comecei a frequentar as aulas, embora fossem tediantes.

Não o ato de desenhar, pois isso sempre acabava por tomar minha atenção. Era outra coisa. Era a possibilidade de estar sendo só mais um entre os vários outros alunos desejantes de um sonho que, apesar de passar por minha mente algumas vezes, não era eu. Não era meu.

Ser um grande artista. Trabalhar com arte.

Eu não queria isso. Para mim, desenhar era apenas um hobbie. Além disso, eu era apenas um adolescente.  Estava no início da minha vida e já mantinham tantas expectativas em mim. E ainda assim me tratavam como um robô. Uma pessoa consideravelmente insensível. Um garoto que era bom não pela emoção transmitida, mas pelo talento.

E isso foi lentamente me moldando. Criando um monstro interior que não era necessariamente malvado, mas necessitava disso para sobreviver. Para continuar vivo em meio a um mundo doente e insensível. Em meio a um mundo no qual me comparavam constantemente e, embora estivesse acostumado, não era meu verdadeiro eu.

Talvez soe egoísta pensar que durante toda minha vida nunca tive um motivo específico para viver, mas desde a primeira vez a avistei... desde que criei coragem para catar cada pedacinho de seu desenho e colá-lo outra vez numa tentativa de fazê-la sorrir... desde que fiquei admirado com seu talento e a reencontrei anos depois... ela sempre me fez sentir algo diferente. Uma emoção que eu desconhecia.

Até mesmo quando imaginei que fosse apenas coisa da minha cabeça, apenas uma admiração de criança e uma surpresa por a vê-la uma outra vez, eu sabia que não era. Meu interior sabia que não era.

E eu não queria desapontá-la, o que provavelmente iria acontecer se ela soubesse no que havia me metido durante a vida. Se ela visse cenas como esta.

Por isso pedi que corresse. Por isso que implorei com o olhar e desejei enquanto isso que ela ficasse em segurança dentro do carro. E ela notou, soube disso porque correu ao invés de tentar argumentar, o que sempre acontecia.

- Cinco minutos - disse, após vê-la descer as escadas correndo.

Observei alguns caras passarem armados por mim, indo em direção a Nalu numa tentativa de alcançá-la e atirei em suas pernas antes mesmo de serem capaz de descerem as escadas também.

Apertando levemente meu ombro direito com a mão livre, por conta da dor e desconforto, voltei minha atenção para frente e apontei a arma em direção aos outros homens, que avançavam em minha direção. Eu estava fazendo a barba quando notei a porta ser aberta e o susto repentino ocasionou num maldito corte. Mas eu não sentia dor. No momento, lembro-me apenas de ter vestido minhas roupas outra vez e corrido para o quarto dela. Corrido para protegê-la.

- Quem é o próximo? - perguntei, encarando-os.

Insensível. Apático. Vazio. Sem expressão. Todas essas palavras... eu não queria que ela me achasse alguém tão monstruoso assim. Mas eu era. E conseguia ser o próprio diabo quando era necessário.

Como imaginei, havia aproximadamente dez pessoas na mansão, incluindo os dois caras dentro do quarto. Mas isso era moleza. Já tinha lidado com coisa pior anos atrás e caras como esses não me amedrontavam.

Contanto que eu tivesse que me preocupar somente comigo mesmo, tudo era fácil. A situação só se tornava complicada exclusivamente quando Nalu estava perto, porque, de forma inevitável, ela havia se tornado minha fraqueza. A pessoa mais preciosa para mim.

- Matem-o - ouvi a voz do homem caído ao chão dizer com um pouco de dificuldade e sorri. Ele era cruel e audacioso, mas não como eu. - Agora! - ele gritou.

- Bem, estão ouvindo o capitão de vocês, tentem me matar.

Eu não gostava de armas, me fazia parecer fraco. Dependente. Então, guardei-a no coldre atrás do  meu cinto e esperei que avançassem em minha direção. Caso tivessem um pingo de dignidade sequer, não atirariam. Em outra caso, se eu sentisse que poderia de fato levar um tiro a qualquer momento, sacaria minha arma.

- Antes que eu mesmo acabe com suas vidas miseráveis - completei, encarando-os.

- Vamos ver se você é tudo isso que nos contaram - um dos homens veio em minha direção. Não estava armado e era forte. Usava roupas pretas como todos os outros, mas parecia empolgado demais.

Ele tentou me socar, mas o golpe foi fraco demais e consegui segurar sua mão antes que acertasse meu rosto. Apertando-a com força, notei quando o mesmo tentou se desvencilhar da mesma, o que não aconteceu. Então, aproveitando a chance, girei seu braço com tamanha força, que escutei seus gritos de dor quando ele ajoelhou-se e implorou para eu parar.

Um minuto. Havia se passado um minuto.

Eu estava cronometrando o tempo e desejava desesperadamente que fosse possível chegar até Nalu antes dos malditos cinco minutos. Assim como desejava que se isso não fosse capaz, ela tivesse forças para seguir em frente sem mim.

Nitidamente enfurecidos, os outros homens começaram a vir em minha direção, um por um, numa tentativa de me assustar mas era óbvio que isso não iria acontecer. Levei alguns socos enquanto tentava me defender e distribuí alguns também. Desejava matá-los um por um, mas sabia que ela não gostaria disso. E sabia que iria me culpar pelo resto da vida depois.

Escolhas erradas... não éramos necessariamente maldosos por fazer escolhas erradas. Éramos humanos. Mas óbvio que algumas mentes nunca conseguiam ser mudadas. E óbvio que existiam monstros rondando o mundo.     Também éramos nós.

Eu socava um dos invasores quando avistei alguém descer as escadas. Bruscamente, empurrei-o para longe e comecei a correr em sua direção, sentindo o desespero crescer. Três minutos.

Estava retirando a arma do coldre outra vez, quando ouvi um disparo ser lançado, fazendo-me parar de correr por breves segundos e olhar minha camisa branca, onde manchas vermelhas começavam a crescer no local, juntamente a falta de ar. Merda!

Olhei para trás, com a arma já na mão e encarei o homem que antes, encontrava-se deitado ao chão. Estava sorridente como se a morte nunca tivesse chegado para visitá-lo, coisa que eu duvidava muito que não tivesse acontecido antes e seus olhos, matadores.

- Não gosto de levar os trabalhos como pessoal porque isso me faz um péssimo profissional, acho que você deve me entender - disse, apontando a arma para o meu coração. - Mas também não gosto de perder para uma pessoa como você, então sinto muito, mas hoje é um dia da sua morte.

O homem se preparava para aperta o gatilho, quando fiz o mesmo. Um tiro certeiro em suas mãos, fazendo derrubar arma. Em seguida, ignorei o restante das pessoas que lá estavam completamente machucadas e desci as escadas.

Sentia uma dor latejante em meu ombo, local que supunha ter sido o lugar cujo o tirou acertou, mas iria cuidar disso depois. No momento, precisava ir atrás de Nalu.

- Quatro minutos - disse.

New security ❄ Im JaebumOnde histórias criam vida. Descubra agora