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Noite de  piscina

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Ficar trancada dentro de casa vinte e quatro horas por dia e incapaz de sair até o fim das eleições estava começando a incomodar.

Eu não era o tipo de pessoa que parava quieta por muito tempo e sentir que aquilo era uma ordem "obrigatória" deixava tudo mil vezes pior.

Eu precisava sair. Precisava de um pouco de diversão. E embora gostasse bastante da presença de Tereza, ficar ao seu lado durante boa parte dos dias e até mesmo perambular pela casa e o jardim estava ficando tão sem graça quanto assistir as mesmas séries na netflix.

Entretanto, toda as vezes que pensava em tomar uma iniciativa arriscada e sair de casa para dar uma volta na rua ou ir a cafeteria mais próxima, lembranças de um certo alguém perambulando livremente por aí e o que aconteceu comigo e Holden falavam mais forte, mantendo-me inerte e presa no mesmo lugar, onde ao menos eu sabia que era seguro.

Só que por quanto tempo?

- Apenas se controle, Nalu - retruquei para mim mesma, encarando com atenção a parte externa da mansão. - Em menos de dois ocorrerá o debate e logo o primeiro turno das votações acontecerão. Por isso, vamos tentar ser positiva e rezar e esperar que papai ganhará sem dificuldades!

Ao redor, vários seguranças estavam presentes. Alguns próximos à entrada do portão, outros circulando  pela casa, comunicando-se entre si de maneira concentrada, e talvez já se passassem da meia noite e eles estivessem cansados, não tinha muita noção do tempo esses últimos dias.

Em pé, na borda da piscina e a encarando com certo receio, respirei fundo e tirei minha camiseta, jogando-a no chão e depositando meu celular em cima dela.

Usava um biquíni verde escuro por baixo, pois tinha cogitado a ideia de nadar pela manhã, mas quando acordei, um pouco mais irritada e impaciente que os outros dias, não fui nadar.

Agora, entretanto, a água parecia tentadoramente bonita com a luz da lua refletindo e talvez afundar nela melhorasse um pouco mais o meu maldito humor.

Eu não deveria estar vivendo uma vida normal neste exato momento? Ser apenas uma garota tentando crescer e criar responsabilidades, e não temer colocar os pés para o lado de fora de casa e pensar quem seria a próxima a morrer?

Contando até três, pulei, sendo consumida por todo aquele frio, toda aquela sensação fresca contra a minha pele, consumindo-me.

E permaneci ali, imersa naquele sentimento, embaixo da água por alguns segundos, talvez minutos.

Gostava de fazer isso quando era menor, imaginando que, com muito esforço, talvez isso chamasse a atenção das sereias - sim, eu acreditava em sereias -, e talvez, elas me aceitassem em seus grupos, no meio do mar.

Uma imaginação tão genuína e ao mesmo tempo tão ingênua. Na época, parecia uma oportunidade incrível. Hoje, eu via aquele sonho de uma maneira tão sombria.

Tentar me encaixar em lugares que não eram feitos para mim era loucura. Lugares que eu poderia facilmente me machucar se forçasse um pouco mais.

- Não acha que está muito tarde para nadar, Nalu? - uma presença inesperada perguntou quando retirei meu rosto da água, respirando fundo.

Meu corpo inteiro ficou tenso ao observar Mark com um leve sorriso nos lábios, observando-me sentado em uma cadeira de sol ao lado das minhas roupas.

Passando a mão no rosto e subindo até minhas madeixas, ignorando o pequeno frio que começava a surgir, não ousei me aproximar da borda da piscina quando soltei:

New security ❄ Im JaebumOnde histórias criam vida. Descubra agora