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Fé em nós

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Apesar de todas as minhas inúmeras técnicas para fazer meu segurança ficar em casa, a cada palavra dita por mim, parecia que tudo o que eu conseguia fazer, era piorar ainda mais a situação. Então, ao invés de insistir, apenas entrei no carro e esperei que ele fosse em direção a delegacia. Mas não antes de me zoar, claro, porque isso era exatamente o tipo de coisa que ele faria: arranjaria uma forma de rebater meus comentários, atos e opiniões.

Ao chegarmos na delegacia, o policial explicou que o advogado já estava resolvendo tudo, e pela briga ter sido consideravelmente "leve", só precisaríamos pagar sua fiança, para Jackson ser oficialmente liberado. Por sorte, Jinyoung se ofereceu para pagar tudo sozinho, já que tinha certeza que seu amigo devolveria o dinheiro assim que saísse. Afinal, Jackson não estava preso por não ter dinheiro o suficiente para sair - ele tinha, e muito -, o problema era que seu orgulho o impedia de ligar para sua família, pedindo ajuda. O impedia de ligar e dizer que havia se metido em uma briga.

De certa forma, eu entendia. Era difícil ser o filho mais novo da melhor empresa de seguros de Seul e precisar andar sempre na linha. Era difícil ser julgado o tempo todo, por querer ter uma vida diferente.

- Você precisa se acalmar, Nalu. Seu amigo problemático está provavelmente em perfeito estado, não se afobe tanto por algo que não é capaz de mudar. Além isso,  seus dois amigos foram pegar pegar o dinheiro no banco, então apenas relaxe. - meu segurança disse, após aparecer ao meu lado de repente e me oferecer um copo de café. Algo em seu olhar parecia estranho. Distante.

- Você não entende. Conheço-o desde o colegial, sabe? Todos os três, na verdade. É normal eu estar preocupada. - murmurei. Era bem possível que ele soubesse a quem eu estava me referindo, pois meus amigos eram bastante conhecidos na mídia. Ambos eram modelos desde o colegial, e apesar de toda a fama, ainda gostavam tanto de ter uma vida parcialmente normal. Ainda gostavam tanto de ser eles mesmos. De agir como eles mesmo. Tão diferentes de mim...

- Vi as fotos que você modelou com eles. Foi um escândalo completo na época, não? - ele disse de repente.  Seu olhar encarava os policiais a nossa frente, e ele parecia um pouco... estranho.

- As pessoas não são acostumadas com novidades, amigão. Quando uma garota nova chega de repente na vida de alguém que elas têm um certo interesse... quase que  automaticamente, elas entram em um estado de negação e tudo se torna um caos. - falei, um pouco desinteressada. - Foi o que aconteceu na época. Quando modelei ao lado deles, a imprensa ficou louca. Acharam que Jackson e eu estávamos de casinho, já que Scarlet e Jinyoung haviam acabado de assumir o namoro. Foi uma loucura. Também esperavam que fizessemos o mesmo, mas nunca aconteceu. Tinham tantas expectativas em nós...

A primeira vez que modelei com Scarlet, Jinyoung e Jackson, foi puramente por sorte do acaso. Eles iriam tirar algumas fotos de casais, mas a modelo que iria fotografar com Jackson tinha faltado por problemas pessoais. Eu estava observando a sessão de fotos na época, quando seu olhar cruzou com meu e subitamente, meu amigo foi em minha direção e me puxou para lá, e com a aprovação do diretor, que me achou exatamente fotogênica, começamos as fotografias.

Ninguém imaginava que um dia que era pra ser aparentemente feliz, iria se tornar um caos completo e com tantos paparazzis no seguindo o tempo todo, a procura de uma coisa que nunca iria acontecer: um relacionamento. Mas, acima de tudo, ninguém imaginava que as pessoas que eram contra isso, iriam conseguir fazer da nossa vida um inferno. 

- É por isso que existem tantas páginas no Instagram marcando vocês em fotos? Ainda acreditam que há algo entre vocês?

- Talvez. A esperança é sempre a última que morre, né? - dei de ombros. - Espera, você vê o meu Instagram?

- Eu e quase meio milhão de pessoas. - ele respondeu, tão calmo que me senti um pouco estranha. - Você é consideravelmente famosa, esqueceu?

Observei alguns policiais correrem em direção a saída da delegacia, mas ignorei aquela curiosidade absurda e apenas disse:

- Você tem um Instagram?

- Eu sou humano, por que eu não iria ter um?

- Facebook?

- Óbvio que sim, só não sou tão reconhecido quanto você.

- Então porque diabos você nunca... esquece. - suspirando, bebi um gole do café que já deveria estar gelado. - Mas... sabe, minha vida sempre foi tão perfeita vista do lado de fora, né? Pais famosos, amigos famosos, uma vida famosa, mas... ainda assim, de que adianta tudo isso se no final eu só me envolvo em uma confusão atrás da outra? - perguntei. Apesar de toda a facilidade que eu possuía constantemente, apesar de todas  as fotos sorrindo nas redes sociais e os momentos  inesquecíveis...
os problemas também estavam sempre lá.

- Você sabe, as pessoas só vêem o que geralmente gostam de ver. - ele disse. Possivelmente estava se referindo as minhas fotos felizes, e em como as imagens poderiam facilmente enganar. Ou talvez, meu segurança estivesse apenas lembrando de todas vezes que eu havia aparecido em uma notícia de tv, jornal, internet, apenas por ter sido interpretada de forma errada.

- E o que você via, amigão? O que você agora? - perguntei. Era uma pergunta arriscada, mas eu precisava saber sua opinião sobre mim.

- Eu vejo uma garota maluca tentando fazer a vida dela valer a pena. Vejo uma garota tentar ser sempre o melhor que pode para aqueles que ama. Eu vejo uma garota preocupada. Uma garota real. - ele disse. Sem conseguir me conter, virei para encara-lo e me surpreendi pois, ao invés de observar os policiais lidando com papeladas e vários outros problemas cotidianos em nossa frente, o segurança me encarava. Olhava nos meus olhos. Bem no fundo deles.

Não consegui explicar se aquela expressão era um puro interesse no meu passado problemático, ou uma forma de me incentivar. Todavia, independente da resposta que eu conseguisse concluir sozinha, aquilo de fato, havia me surpreendido.

- Nós voltamos. - a voz de Scarlet fez o meu segurança levantar-se da cadeira e voltar para uma parede um pouco distante de nós.

- Conseguiram o dinheiro? - eu perguntei, me levantando e caminhando em sua direção.

- Por que sinto como se estivesse atrapalhado algo? - Scarlet perguntou, olhando de mim para o segurança.

- Não atrapalhou, fica tranquila. - Eu disse. Um pouco desconfiada, ela passou alguns segundos me encarando, antes de suspirar baixinho e dizer: - O dinheiro foi moleza. Cansativo mesmo, foi somente aquela fila infernal.

- É um alívio que tenha dado tudo certo. Onde está Jinyoung?

- Você não viu, mas ele entrou para entregar o dinheiro junto com o advogado e assinar as papeladas finais. - ela disse. Seu cabelo estava um louco bagunçado, e seus olhos demonstravam que não havia dormido bem noite passada. - Em todo caso, em menos de dez minuto, nosso querido amigo estará conosco novamente. Isso é bom.

- Você viu se tinha alguma câmera lá fora? Repórteres? - eu perguntei. O pensamento de alguém ter nos visto entrar numa delegacia realmente era algo assustador.

- Ninguém nos seguiu, fique tranquila. - Scarlet sorriu. - Nós somos adultos, agora. Sabemos facilmente distrair paparazzis. Por agora, vamos apenas sentar e esperar.

Concordando, me sentei novamente na cadeira cujo eu havia me levantando, e Scarlet se sentou ao meu lado. Bocejando algumas vezes, notei o momento em que ela pegou no sono encostada ao meu ombro, e aproveitei aquela chance para encarar meu segurança. O mesmo estava tirando um cigarro daquela caixinha de antes e, mesmo sem parecer, eu sabia que ele estava atento a tudo que acontecia ao seu redor. Subitamente, aquilo me fez sentir segura.

New security ❄ Im JaebumOnde histórias criam vida. Descubra agora