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Vestido preto

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Não sei como consegui despistar meu segurança carrancudo, mas ele não apareceu em momento algum do meu plano, quando desci as escadas na ponta dos pés, caminhei até o jardim e fui em direção ao portão, abrindo-o silenciosamente.

Tinha dito a mim mesma que não iria me deixar permitir ir até a boate mencionada por Mark, mas aqui estava eu, saindo de um táxi que por sorte havia passado em frente à minha rua e caminhando em direção a um beco escuro, onde uma porta um tanto velha e marrom, escrita de um vermelho vivido a frase "Bata se tiver coragem", esperava ser perturbada.

Com o coração quase saindo pela boca e o nervosismo a flor da pele, encarei o bracelete azul em meu pulso direito, contei até três e bati na porta.

Geralmente eu o usava quando estava precisando de uma quantidade absurda de auto-confiança em mim mesma, e nenhum momento parecia tão adequado quanto hoje. Agora.

- Já se faz um bom tempo desde a última vez que entrei aqui. - falei, esperando a porta ser aberta.

The last breath, por muitos anos, foi uma das minhas boates preferidas do mundo todinho. Mas isto, obviamente, se dava porque a música era do local era boa, e sua atmosfera, diferente de certos lugares, não era tóxica e sufocante.

Eu costumava vir aqui todas as noites de sábado e tocar piano quando tinha tempo. Costumava aproveitar a alegria contagiante das pessoas em minha volta e me permitir relaxar. Todavia, após o infeliz incidente ocorrido dentro deste lugar, optei por procurar outras boates e desaparecer daqui o mais rápido possível. Ser esquecida, mesmo sabendo que isso era quase uma utopia. Mesmo sabendo que tentar apagar algo que aconteceu, era como fugir da realidade verdadeira. E fugir da realidade verdadeira, quando não se tem culpa de nada, é ser uma menininha chorona e covarde.

Uma mulher de cabelos ruivos e olhos verdes de repente abre a porta, me encarando um pouco surpresa. Com um belo e animado sorriso de orelha a orelha, ela me encara por alguns segundos, e diz:

- Nalu? - sua voz meio rouca me fez, instantaneamente, recordar de anos atrás.

- Wiley? - perguntei, sem conseguir conter meu sorriso. - Quanto tempo, Lê!

Abrindo ainda mais a porta da boate, Wiley me puxa para dentro e logo em seguida fecha a porta da mesma.

Por mais incrível que fosse esse lugar, sua existência era um segredo aos demais e, por isso, apenas poucas pessoas tinham o passe-livre para entrar sair quando bem quisessem. Mamãe era uma dessas pessoas, e foi exatamente aqui onde ela encontrou papai pela primeira vez, confuso e não muito á vontade com toda a liberdade de expressão e arte misturada com intensidade do lugar.

Olhando ao redor e observando a quantidade absurda de pessoas para um lugar consideravelmente pequeno e secreto, sorri ao notar que tocava Caffeine, uma das minhas musicas favoritas.

- Você... meu Deus, o que aconteceu com você? Lembro que você vinha aqui todos os finais de semana, mas de repente sumiu. Ficamos tão preocupados... Se não fossem pelas notícias, iríamos supor que estava morta ou coisa do tipo. - Lê informou, tirando minha atenção da melodia contagiante da música. Ela era uma das donas da boate, e tinha por volta de trinta e oito anos. - Quantos anos já se fazem? Dois?

- Fico feliz que não tenha se esquecido de mim. - eu sorri, meio sem jeito.

- Como eu poderia? Você deixa as noites de sábado desse lugar uma loucura. - ela disse, alegre. - O que quer beber?

New security ❄ Im JaebumOnde histórias criam vida. Descubra agora