Capítulo 23

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Tomem cuidado para não pularem um cap, pois eu posto mais de um por dia.

Tomem cuidado para não pularem um cap, pois eu posto mais de um por dia

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A respiração de Sammy se encontrava arrastada. Minha cabeça estava em seu ombro e nossas pernas, entrelaçadas.

Eu me sentia estranhamente bem. Um pouco confuso, mas bem.

Pensar em sexo sendo uma pessoa trans era uma coisa totalmente diferente do que eu pensava antes de me descobrir um garoto. Cresci acreditando em uma forma de fazer o ato que era totalmente padronizada por pessoas cis. Meu corpo era outro, então era óbvio que a forma de transar também era.

— No que tá pensando? — Sammy fazia carinho no meu cabelo, estávamos deitados confortavelmente na cama, a coberta em cima de nós dois por estarmos sem roupa. Meus dedos passeavam pelas suas coxas em uma carícia leve.

— Que o conceito de sexo é bem relativo, considerando que eu sou trans.

— Bah, que pensamento chato depois de gozar, Charlie! — Sammy bufou e comecei a rir.

— E no que você tá pensando, então?

— Eu? — Ergui a cabeça e olhei para ela, e Sam mordeu o próprio lábio. — Que se tu continuar com teus dedos na minha coxa, vou querer eles dentro de mim de novo.

Quase engasguei com sua sinceridade e afundei minha cabeça entre o espaço do seu pescoço, soltando um riso grave.

— Eu sou inocente demais pra ouvir essas coisas, Sam!

— Você é trans, não é santo! — Ela pegou no meu rosto para me fazer levantar a cabeça e me deu vários beijos, um atrás do outro, pelas minhas bochechas e lábios.

— Agora é sério, obrigado por isso, de verdade. Eu tinha muito medo de não me sentir bem.

— Você me ama, eu sei. — Ela deu de ombros e tive um vislumbre, um pensamento surreal.

Sim, eu amava Sammy. Nunca havia dito isso a ela.

— Eu te amo.

Minha voz saiu séria e a garota abandonou a postura divertida. Sua boca se entreabriu e ela parecia sem o que falar. Pensei rapidamente que fiz besteira; era cedo demais, ela podia não corresponder, devia estar pensando em uma forma de fugir naquele momento. Fiquei paralisado.

Contudo, ela sorriu. 

— Nossa, Charlie... Eu também te amo.

Consegui voltar a respirar.

Mesmo querendo que aquele momento durasse para sempre, o barulho do carro dos pais de Sammy nos fez pular da cama em um salto e a colocar nossa roupa em tempo recorde. Eu não sabia como me sentar à mesa com o Sr. e Sra. Ferreira, comer pizza e conversar tranquilamente depois de ter transado com a filha deles, depois do pai dela dizer que iria confiar em mim.

⚧ | Azul é a Cor do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora