Capítulo 40

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ALERTA DE CONTEÚDO SENSÍVEL: abuso de remédios e pensamentos suicidas.

Se você não se sentir confortável, não precisa ler até o final. Manda um alô que eu resumo o cap pra você não ficar perdido quando for ler o próximo.

 Manda um alô que eu resumo o cap pra você não ficar perdido quando for ler o próximo

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Eu estava no quarto, encolhido na cama.

Quando Marcos avisou que chamaria a polícia, meu cérebro entrou em modo automático. Ele realmente ligou e uma viatura foi até o prédio. Eu não vi a cena, não tive estômago para isso. Me tranquei no carro enquanto Marcos e Ramón acompanhavam escondidos pela janela quando Madison e Paul foram embora com os policiais, e o carro guinchado. Eu sabia que não aconteceria nada a eles, no máximo dariam um depoimento e seriam liberados. Eram duas pessoas brancas e de classe média alta, amigos do secretário do prefeito, estava tudo bem para eles.

Eu, por outro lado, estava enjoado. Apertava meu estômago com força, sentindo-o revirar. Não conseguia parar de chorar e soluçar, queria colocar aquela sensação para fora.

Me levantei, ainda tonto, e corri até o banheiro do corredor para vomitar.

— Charlie? — Ouvi Marcos do outro lado da porta, eu estava prostrado na privada e meu corpo tremia. — Precisa de ajuda?

— Não. — Minha voz saiu arranhada pela dor na garganta após vomitar. Cada parte do meu corpo queria jogar toda aquela dor para fora, de algum jeito. Eu mal conseguia ficar de pé.

— Tu tem certeza?

— Tenho.

Alguns segundos se passaram até eu ouvir os passos de Marcos se afastando do banheiro. Com muito esforço, apertei o botão de descarga e me apoiei na pia do banheiro para ficar de pé. Tateei a prateleira em busca do enxaguante bucal para tirar aquele gosto horrível e também lavei o rosto. Minha garganta doía.

Obrigado por ter fodido com o meu psicológico, Madison.

Eu nunca mais a chamaria de mãe. Nunca mais falaria com ela.

Queria que ela se esquecesse de mim, que perdesse todo o contato. Eu queria que ela contasse a todos que era como se eu tivesse morrido, que havia sumido do mapa. Eu queria vomitar de novo.

Abri a porta do banheiro e voltei para o quarto. Eu estava cansado de pensar naquelas coisas, era como se um filme estivesse passando pela minha cabeça. Me lembrei de todos os momentos em que eu quis a presença da minha mãe e ela não estava lá, ou estava, mas me criticando.

Precisei ser o melhor aluno do colégio, acima de todos os outros, para que ela ficasse feliz. O seu sonho era me ver fazendo Medicina ou Engenharia, com muito esforço me aceitou fazendo Comunicação. Ela imaginou que eu seria um grande profissional e não um atendente de uma loja. E o pior de tudo: não correspondi nem ao gênero que ela queria. O seu sonho era ter uma menina e até isso eu destruí. 

⚧ | Azul é a Cor do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora