Capítulo 45

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A primeira coisa que senti foi dor. A segunda, foi uma mão balançando o meu corpo e uma voz abafada no fundo do meu cérebro.

— Urfa, ele acordou!

Parecia ser Sammy. O meu corpo todo doía, a cabeça principalmente. Ela parecia ter inchado, deveria estar três vezes o tamanho normal dela.

Levei minhas mãos para a região e constatei que ela estava no tamanho natural da cabeça de um ser humano. Mesmo assim, o inchaço parecia enorme.

Abri os olhos com dificuldade e percebi que estava no sofá da sala, com Sammy ajoelhada no chão, olhando para mim. Seu cabelo estava preso e os cachos foram levados para trás em um rabo de cavalo, ela não parecia alguém que bebeu na noite anterior, pois estava perfeitamente sóbria e em ótimo estado – ah, besteira, ela sempre é bonita. Já eu, deveria estar uma vergonha.

— Charlie? Tudo bem?

— Então o Charlie passou na frente do Marcos! — Outra voz conhecida apareceu no ambiente, era João.

Passei a mão no rosto e esfreguei os olhos, mesmo com o corpo dolorido. Era como se um caminhão tivesse passado por mim enquanto eu dormia. Na verdade, eu nem me lembrava de que havia dormido no sofá.

Aquilo foi infinitamente pior do que a festa na casa do Jason.

— O que... Foi. — Era para ter saído uma pergunta, mas minha cabeça estava raciocinando tão lentamente que não consegui soar como se fosse. Felizmente, Sammy entendeu.

— Você quis dar uma de durão e apagou de tanto beber. — Ela me pegou pelas mãos. — Vem, levanta, você precisa de um banho.

— Ah, não... — Gemi de dor por ter me mexido do sofá. Abri mais os olhos para ter uma visão melhor do espaço e vi que tudo estava uma bagunça: coisas fora do lugar, copos descartáveis no chão e copos de vidro jogados na mesa de jantar.

— Dá isso aqui pra ele! — João apareceu no cenário com uma colher que continha algum líquido nela, e então a entregou para Sam. Minha namorada deu um sorriso maldoso.

— Isso aqui é horrível.

— Mas o resultado é imediato, por isso eu já tô ótimo e brilhante! — João estalou os dedos e saiu do meu campo de visão novamente.

Sammy se inclinou com a colher e me fez abrir a boca para tomar aquele líquido marrom. O gosto foi horrível e grudou na minha língua, nem três copos de água foram capazes de amenizar a situação. Pelo menos beber água também ajudava, de acordo com João.

Sammy tentou resumir a situação para mim: já era meio-dia, Jennifer precisou voltar para casa e Pedro e Ramón já estavam trabalhando. Marcos ainda não havia acordado e seu estado também não era dos melhores. Fred, o namorado de João, se ofereceu para ir ao mercado comprar algumas coisas para o almoço enquanto meu amigo estava arrumando a cozinha.

— E tu e o Marcos entraram em uma competição para ver quem aguentava beber mais. — Sammy completou. — E aqui estamos nós.

— Caramba. — Foi tudo o que consegui dizer, a cabeça ainda explodia e eu estava processando todas as informações.

— E... Tu falou algumas coisas estranhas também.

"Essa não."

Sammy ficou sem graça de repente. Quando ela percebeu que eu estava prestes a perguntar do que se tratava, se levantou.

— Mas agora é hora de tu tomar um banho e se deitar para curar essa ressaca!

— Espera! Ai... — Me levantei rápido demais e me contorci, sentindo minha cabeça doer ainda mais. Soltei um xingamento mental para mim mesmo por ter passado dos limites.

⚧ | Azul é a Cor do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora