Capítulo 36

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Comffy era um espaço de dois andares, no qual o primeiro era composto pela área de clientes e no segundo ficava o estoque de roupas e a área de funcionários.

Laiene me apresentou os setores da loja: Moda Feminina, Masculina, Infantil, Acessórios e uma nova área que eles estavam tentando criar: Moda Não-Binária. Era um termo ainda pouco usado, e ela estava procurando pessoas trans para a empresa justamente para contribuírem com esse ramo, de uma moda possivelmente agênero. Infelizmente, eu não entendia absolutamente nada sobre moda e ainda não podia ajudá-la, mas talvez ela visse algum futuro em mim.

— Hoje nós temos dois caixas, mas só um deles é fixo. O Leonardo fica mais no estoque do que no caixa, então eu precisava de mais alguém pra lá, que vai ser você. Jennifer vai te ensinar a operar, mas é bem simples, não se preocupe.

Laiene gesticulava de forma animada enquanto falava comigo e andávamos pela loja, feita em tons pastéis com uma paleta azul. As araras e paredes de roupas eram de madeira e vários manequins cobertos por roupas de pijamas, lingeries e alguns biquínis estavam espalhados.  

— A loja começou no online, tu deve saber que moramos muito longe das praias então as peças de biquíni eram vendidas para longe daqui, mas depois de ter criado uma linha de lingerie decidi montar um espaço físico para vender essa parte da marca. Também vendemos moda praia aqui, mas não é o nosso forte.

Eu anotava mentalmente tudo o que Laiene estava me passando, queria aprender o máximo de coisas possível.

— Comffy é uma moda confortável, criamos pijamas, pantufas, acessórios de dormir e decorações para o quarto. A nossa linha infantil vai até os 16 anos, e depois parte do PP ao XG. 

Quando nos aproximamos da área do caixa, vi Jennifer atendendo um casal. Ela usava o uniforme da empresa, uma blusa branca de manga curta e a logo da empresa em cor azul bebê, o que contrastava de forma engraçada com seu cabelo roxo vibrante.

— Obrigada por escolher a Comffy! — Ela deu um sorriso simpático aos clientes, que agradeceram e passaram por nós ao sair. Era uma segunda-feira e o movimento estava fraco, só haviam mais dois clientes pela loja.

Quando a garota me viu, atravessou a bancada de madeira e correu até nós dois, com um enorme sorriso.

— E aí, parceiro de trabalho! — Ela ergueu a mão em um hi-five e retribuí com uma risada.

— Jennifer, tu pode ajudar o Charlie a operar o caixa e a pegar a blusa do uniforme? Eu te cubro enquanto isso.

— Pode deixar. — Ela piscou para a chefe e indicou a área de funcionários com a cabeça. — Vem comigo por aqui.

Passamos pela porta e encontrei uma pequena área de vigilância e um lance de escadas. Quando subi para o segundo andar, meu olhar ficou perdido ao me deparar com tantas coisas no estoque.

Uma infinidade de peças estava organizada em araras enormes e longas, as quais também eram separadas por corredores. O lugar era mais frio e automaticamente senti um arrepio no meu corpo, apesar da blusa de manga comprida preta e da calça jeans clara — um pedido de Lindsey para vir trabalhar, pois o uniforme deveria ser usado em tons claros.

— Caramba, como vocês organizam tudo isso?

— Temos três funcionários no estoque. É até difícil encontrá-los, eles somem aí dentro! Toda semana chegam produtos novos da nossa fábrica e hoje é um desses dias. — Quando Jennifer terminou de falar, uma arara metálica de rodinhas passou por nós de forma veloz. Na ponta, uma pessoa a guiava com agilidade e um conjunto de cuecas envolto por plástico estava pendurado.

⚧ | Azul é a Cor do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora