Capítulo 7

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[Nota do Autor: eu mudei meu user e aparentemente ninguém mais me conhece, só queria comentar]

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O primeiro dia de aula tinha tudo para ser o pior possível, e os motivos eram vários:

Primeiro, eu precisava acordar cedo. Quem, no Brasil, em sã consciência, decidiu que era normal começar a estudar às sete e meia da manhã? Qual foi o grupo de pessoas que votou nisso? Havia uma forma de criar um abaixo-assinado para reverter a situação? Pois era apenas o primeiro dia e eu já estava exausto por acordar, nem o Sol havia aparecido e eu devia ficar de pé.

O segundo problema era o trajeto até a faculdade. Não haviam metrôs em Esplendor e eu ainda não conhecia bem os trajetos dos ônibus, então corria o risco de pegar uma linha que me levasse ao outro lado da cidade. Por sorte, quando ativei o GPS para me guiar sozinho até a Marie Curie, percebi que me custavam apenas vinte minutos de caminhada, então pelo menos esse problema estaria resolvido.

Mas o terceiro e o pior de todos os problemas fazia as outras coisas parecerem irrelevantes, que era a minha aparência.

Antes de me ver como um garoto trans, eu já não gostava do meu corpo. Depois disso, passei a gostar ainda menos. Tudo em mim parecia desproporcional, como se não devesse estar ali. Com cuidado para não acordar meus pais, eu abria e fechava cada gaveta em busca de uma blusa mais larga e uma calça folgada para esconder minhas curvas. Contudo, meu maior inimigo continuava sempre aparecendo e era o que mais estava me incomodando:

Os seios.

Depois de muita pesquisa na noite anterior, descobri que um método bem fácil para escondê-lo era a partir de uma meia-calça ou legging. Infelizmente, eu não possuía nenhuma das duas peças. Comecei a procurar qualquer coisa que servisse e encontrei algumas faixas coloridas, então fui colocando cada uma em cima da cama.

O processo era complicado e doloroso. Eu precisava respirar fundo, passar as faixas o máximo possível em volta do meu tórax e prender com muitos grampos para garantir que nada não saísse do lugar.

Fiz isso diversas vezes e, em dez minutos apenas recolocando faixas, eu já estava cansado. Quando estava quase desistindo, prendi a respiração o máximo que pude e apertei a faixa em meus seios até conseguir colocar o primeiro grampo.

A alegria e o alívio foram tão grandes que eu estava com medo de respirar e o grampo se soltar novamente. Aos poucos, soltei a respiração e relaxei ao ver que a faixa continuava no lugar. Inseri mais grampos e passei a mão pela região, conferindo se estava tudo certo.

Ainda faltava a prova final.

Peguei uma camisa preta de mangas curtas e a vesti. Em seguida, fiquei de perfil para o espelho e conferi se meu abdômen estava reto.

Pela primeira vez, me senti um pouco satisfeito com o meu reflexo.

Era um pouco doloroso? Era.

Meu pulmão estava comprimido? Estava.

⚧ | Azul é a Cor do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora