No dia seguinte, Camila resolveu fazer uma visita aos pais. Logo cedo, se vestiu, tomou um café rápido, e aproveitando que a esposa não estava em casa pediu à um dos criados que a levasse numa carruagem.
- Minha querida! - Clara exclamou, ao receber a filha. - Alejandro, venha cá! - Chamou, enquanto abraçava Camila.
O pai da morena apareceu momentos depois, fumando um charuto, a expressão séria.
- Olá papai. - Camila foi abraçá-lo.
- O que faz aqui? E sua esposa?
A morena recuou, um pouco sem jeito.
- Lauren está resolvendo alguns assuntos e não pôde vir comigo, papai. Mas não está feliz em me ver? - Ela o olhou.
Alejandro fez um gesto impaciente com a mão, dando uma tragada no charuto.
- Sim.
- Claro que ele está, meu amor. - Clara sorriu para Camila. - Mas venha tomar um chá conosco. Como vai a vida de casada?
Camila acompanhou a mãe, contente. Alejandro seguiu-as logo atrás.
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Durante o chá, mãe e filha ficaram conversando alegremente. Alejandro só comentava alguma coisa ou outra, e somente quando Clara lhe dirigia a palavra, ou quando ele tinha uma oportunidade de criticar Camila.
- Com licença, vou para o meu escritório. - Ele disse em certo momento, se levantando, colocando o copo de whisky na mesinha e saindo.
- Acho que ele não está muito feliz com a minha visita. - Camila murmurou para Clara.
- Não diga bobeiras, Camila. Ele é seu pai.
- Isso não quer dizer nada. - A morena franziu a testa.
Clara balançou a cabeça e deu um jeito de puxar outro assunto banal com a filha.
Decorrida meia hora, a mulher disse que precisava providenciar o almoço com os criados, e pediu que Camila a esperasse e ficasse à vontade.
Quando a mãe saiu, Camila encarou as chamas da lareira acesa da sala de estar. Logo se levantou, e decidiu ir até o escritório da casa.
Deu duas leves batidas e entrou. Alejandro estava sentado numa poltrona, de frente para a janela e observando o lado de fora.
Ele olhou para trás e quando viu Camila não falou nada.
- Posso entrar? - Ela perguntou, hesitante, já fechando a porta atrás de si.
- Já entrou. - Ele respondeu com frieza, voltando a encarar a janela.
Camila engoliu em seco e se aproximou... Já estava na hora de ignorar seus medos em relação ao pai e enfrentá-lo. E aquilo seria agora.
- Não parece muito contente com minha visita hoje. - Murmurou de forma banal.
Alejandro deu de ombros.
- Estou normal, Camila.
- Sim, normal. - Ela soltou o ar. -Normal porque você sempre me tratou assim, desde pequena. Mas somente é normal para você, papai. Não para outros pais.
- Do que está falando, menina?
- Eu quero dizer que o normal é um pai amar seus filhos. - Ela respondeu, distante. - Dar carinho, atenção, e querê-los bem.
- Agora vai querer dizer que eu não a trato bem, é isso?
Camila soltou um suspiro.
- Só quero dizer que você não age como os pais normais. Você me faz sentir uma completa estranha aqui. Me faz sentir indesejada, como algo que incomoda. E me sinto assim desde pequena, papai.
Ele não respondeu, e a morena se aproximou, tocando o braço de Alejandro.
- Por quê? Por que me trata assim? Eu sou sua filha!
Camila estava com vontade de chorar, mas estava prendendo todas as suas emoções.
Alejandro voltou-se para trás, encarando a morena. Pareceu avaliar o que diria por um segundo, e logo voltou a virar para frente, ficando de costas para ela.
- Você foi um acidente. - Ele disse de repente. - Eu e Clara não havíamos planejado você... Na época éramos muito jovens e não estávamos preparados. Eu não queria filhos tão cedo. - Ele disse em tom distante. Camila ficou estática. - Mal havíamos casado, um filho iria atrapalhar tudo. Eu... pedi para Clara tirar, quando ela engravidou, mas ela não quis. - Ele confessou. Falava tudo sem olhar para Camila, como se falasse sozinho. A morena começou a sentir os olhos arderem. - As pessoas começaram a tentar mudar meus pensamentos... começaram a dizer que se Clara tivesse um menino, ele seria o herdeiro e que eu poderia ensiná-lo muitas coisas. E era verdade. Aos poucos eu me animei a ter um filho.3
Camila sentou-se numa cadeira, calada.
- E foi aí que você nasceu. - Alejandro pela primeira vez olhou para trás e olhou no fundo dos olhos amêndoas de Camila. - Tem noção da decepção que foi para mim?4
A morena engoliu em seco, a garganta ardendo pelo nó que havia se formado.
- Uma menina... - Ele continuou, amargurado. - Destruiu todas as minhas esperanças de poder ao menos ter um herdeiro. Você é minha maior decepção, Camila. - Ele murmurou, sem pena.1
A morena ofegou, os olhos rasos pelas lágrimas. Mas não ia chorar na frente do pai.
- Agora eu entendo. - Ela sussurrou. - É uma pena que eu tenha te decepcionado tanto, mesmo que sem querer, papai. Dizendo isso, Camila se levantou da cadeira e saiu do escritório sem olhar para trás.
Passou pela sala de estar, e saiu da casa sem se despedir de ninguém. Somente entrou na carruagem que a esperava do lado de fora, querendo sair dali o mais rápido possível.
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O que a Jauregui vai fazer? Próximo cap ^-^+
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Amor demoníaco ( Em Revisão)
Fanfiction-Não quer companhia para o passeio? - Uma voz irônica disse em voz alta no meio da chuva. Camila levou um susto tão grande que pulou. Conhecia aquela voz malévola... Como numa fumaça, Lauren foi aparecendo na frente dela. Primeiro os olhos, brilhand...