pedido de namoro

1.6K 206 348
                                    

Pov Day

Você sabe que vai dar alguma merda quando tudo está ocorrendo perfeitamente bem em sua vida.

Quero dizer, era óbvio que algum meteoro ia cair no meu mundo perfeito em que estou com a garota que eu amo e acabar com tudo.

Eu chegava a ficar com aquela angústia presa no peito antes de dormir porque eu nunca em toda a minha curta vida tinha experimentado tamanha felicidade. E eu sabia que era comprovado cientificamente que se uma parte da sua vida está indo incrivelmente bem a outra automaticamente cai em pedaços igual quando vc dá um peteleco em um castelo lindo de cartas que havia demorado maior tempão para construir e que desmorona em menos de 2 segundos.

Caroline sorria para mim com aqueles pequenos olhos castanhos que ficavam meio fechadinhos quando eu contava algo engraçado demais para ela aguentar. E eu suspirava tentando não pensar "o ponteiro do relógio para tudo acabar está andando..."

Caroline puxava os cabelos na minha nuca enquanto eu tropeçava nos meus próprios pés tentando equilibrar a função de continuar a beijando e trancar a porta para que ninguém nos visse. E enquanto a menina suspirava nos meus lábios e eu apertava sua cintura minha mente continuava trabalhando no pensando "Eu sei que tudo vai dar errado. Eu só não sei quando..."

E talvez tenha sido o meu pensamento negativo ou o meu azar mas minha certeza sobre o tempo em que tudo daria errado veio logo depois de eu ter ficado a madrugada inteira planejando como pediria Caroline em namoro.

Sério, escrevi 101 formas de pedir Caroline Biazin em namoro na festa da Luiza.
As ideias iam das mais simples como murmurar baixinho no ouvido dela até as mais complicadas que envolviam uma serenata no meio de todos os participantes da festa e milhares de girassóis.

Mas agora, eu estava no meu quintal, Fernanda segurava meu braço com raiva e a tia Rose me olhava com a maior cara de pena antes de falar:

_Vocês duas não estão entendendo...eu já falei com a sua mãe, Day.

Meu coração parou por um segundo. Meu sangue parecia estar descongelando e congelando novamente em poucos segundos.

Minha mãe...ela sabia?

Ela sabia sobre eu e Caroline?

Ela sabia o que Fernanda estava
fazendo?

Se não fosse a Caroline nos meus braços eu provavelmente teria entrado em colapso ali mesmo porque...bem...não precisava ser um gênio para perceber que tínhamos chegado no momento. O momento em que tudo acaba.

E eu pude perceber isso pela forma como tia Rose agiu quando eu falei:

_E o que ela disse?

A mãe de Caroline nem me olhou nos olhos, ela verdadeiramente não conseguia me olhar nos olhos. E ninguém dá boas notícias se não consegue olhar no fundo dos seus olhos, certo?

Antes que eu pudesse sequer respirar a porta da minha casa foi aberta e não fiquei surpresa quando a minha mãe apareceu com os olhos arregalados e dizendo em um tom de repreensão:

_Que bagunça é essa no quintal? Vocês querem que toda a vizinhança fique sabendo!

Fernanda deu um sorriso satisfeito e falou apontando para a Caroline agarrada nos meus braços:

_Olha aí, mamãe! Não falei?

Caroline apertou meu braço direito como se quisesse estivéssemos em um sonho ruim em que você apenas precisa se beliscar para tudo sumir e você acordar.
Mas pela cara da minha mãe eu sabia que isso não era um sonho e muito menos um pesadelo.

Velha infância(Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora