Com calma?

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Pov Carol

O telefone parou de vibrar e o visor escrito "Vitor" apagou. 

_Você quer que eu pare de ver o Vitor?

Eu perguntei pela segunda vez apenas para ter certeza já que a Day continuou me olhando séria e com os braços cruzados. E isso estava começando a me agoniar. Por que ela não simplesmente falava de uma vez o que aquela expressão queria dizer? ela estava irritada? decepcionada? o que aquela sobrancelha arqueada significava? 

Eu suspirei impaciente e falei enquanto esfregava um pouco a minha testa:

_Se for isso...eu acho que posso me afastar dele. Quero dizer...posso pensar em uma desculpa para diminuir a frequência dos ensaios e...

Eu parei de falar porque vi os dois pés de Day ficarem mais próximos dos meus e levantei o meu olhar a tempo de sentir as mãos da menina passarem nos meus braços de forma tranquilizadora. 

A Day estava ainda com o olhar sério e quando percebeu que eu finalmente estava prestando atenção nela começou a falar com a voz meio cansada:

_Eu nunca te pediria para você se afastar de alguém que não está te fazendo mal, Carol.

Eu não respondi nada pois sabia que ela não tinha terminado o raciocínio.

_O Vitor não te faz mal. Eu sei disso e você também sabe.  Então eu nunca te pediria para parar de falar com algum amigo seu.Eu só...só achei que você estava mantendo ele como o príncipe dos seus quinze anos pelos motivos errados mas acredito completamente em você quando disse que isso não é uma tentativa de fingir um relacionamento.

Ela coçou a nuca daquele jeito que mostra que ela está um pouco sem graça antes de dizer algo. E por um momento eu quase dou um sorriso mas reprimo o ato pois estamos em um momento meio sério e não quero que ela pense que estou debochando dela ou algo assim. 

A Day respira fundo e então fala desviando o olhar do meu:

_A pessoa que você vai dançar na sua valsa deve ser alguém com quem você se importa o suficiente para dividir esse momento e se o Vitor representa isso para você então por mim tudo bem toda essa coisa de ensaio. O que fizer você feliz também me faz igualmente.

"A pessoa que você vai dançar na sua valsa deve ser alguém com quem você se importa o suficiente para dividir esse momento" 

Se me perguntassem há dois meses atrás quem seria meu sonho para estar ali segurando a minha mão quando o relógio velho atingisse o horário de 00:00 eu não iria hesitar em responder o Vitor. Quero dizer, ele costumava ser O CARA. Todas as meninas da sala o achavam TÃO descolado, TÃO bonito, TÃO simpático...e...eu costumava pensar "por que eu tenho que ser diferente?" era quase um dever meu também achar o Vitor todos aqueles "TÃO". 

Ele era o nome que eu respondia quando me perguntavam quem era o cara por quem eu estava apaixonada e eu perdia noites sonhando com o momento em que ele e eu dançaríamos na minha festa de quinze anos. Mas...todos esses sonhos estranhos explodiram como bolhas de sabão quando eu finalmente percebi que nunca tínhamos conversado. Ele nem sabia qual era meu livro preferido e nem qual filme eu já tinha assistido milhares de vezes e decorado as falas.

Ficar perto do Vitor não me dava a sensação de que eu estava vestindo minhas meias da sorte pois sempre acontecia algo bom. Estar com ele não me dava todas as sensações de lagarta virando borboleta simplesmente porque as emoções nunca sairiam do casulo. Elas não existiam. Nunca estive apaixonada por ele.

Ele era só um cara legal.

Um cara legal que eu não estava apaixonada e nem pretendia.

E de repente ter ele como a pessoa importante que iria segurar minha mão na valsa de 00:00 me pareceu a coisa mais errada do mundo.

Velha infância(Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora