Desculpa, Carol

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Pov DAY

Enquanto minhas mãos ficavam suadas eu me perguntava como a biologia poderia explicar a dor física que tinha me atingido quando vi os pais da menina por quem eu era apaixonada sorrindo para o Vitor. Eles tinham aquele olhar no rosto. Um misto de alívio com felicidade. Como se as suspeitas deles estivessem erradas e tudo fosse finalmente dar certo.

Como se minutos atrás a filha deles não tivesse puxado a gola da minha camisa de moletom enquanto se equilibrava na janela e grudava nossos lábios fazendo promessas entre suspiros e sorrisos.

Ugh.

Espero que a biologia tenha material suficiente para explicar essa dor estranha que meu coração está sentindo.

Peguei tão rápido um táxi que nem pensei direito se realmente deveria ir aquela festa.

Quero dizer....era a festa na casa do Vitor. O cara que estava levando tapinhas nos ombros dos pais da Caroline.  O cara que provavelmente estava recebendo beijos dela também...mas que diferente dos meus, o recebidos por ele eram na frente dos pais.

E  ali também era para ser o nosso primeiro encontro.

Merda. Nosso primeiro encontro.

Sou tão ridícula...

Passei quase três horas me escolhendo uma roupa, penteando o cabelo, passando muito perfume e depois lavando o pescoço porque tinha colocado perfume demais e temia que isso enjoasse a Caroline...

Havia chegado adiantada uns 40 minutos e colocado meu melhor sorriso ao tocar a campainha para ter meu coração esmagado que nem nozes ao ouvir o Renan dizer que ela estava apresentando o namorado para os pais.

Ugh.

Sou mesmo uma idiota por ter acreditado que essa história com a Caroline poderia dar certo.

_Moça, você vai sair ou não?

Uma voz fez eu despertar dos meus pensamentos irritados sobre como minha noite estava péssima. Olhei para frente e só então lembrei que estava dentro do táxi parado na porta da casa do Vitor. O motorista me encarava com impaciência e eu me perguntei quanto tempo fazia que havíamos chego.

_Ah...

E ai, Dayane? Você vai entrar na festa?

O motorista respirou mais fundo e eu me apressei em abrir a porta dizendo:

_Claro que vou. Desculpa qualquer coisa!

Já estava  saindo do carro quando o homem segurou rapidamente meu braço e eu arregalei os olhos assustada. Minha boca estava aberta para gritar mas o bigodudo na mesma hora disse com a cara emburrada:

_Você sabe que precisa me pagar por ter te trazido aqui, não é? Não dê uma de espertinha, docinho.

Eu sorri sem graça. Era só o que me faltava nessa noite...além de ter o coração partido eu também estava sendo confundida com alguma espécie de ladra.

Tirei do bolso os vinte reais e entreguei para aquele homem. Senti seu olhar impaciente e ele murmurou:

_Eu deveria te cobrar uma taxa por ter me feito esperar aqui por quase quinze minutos...

Quinze minutos?

Caralho.

Eu tinha ficado pensando na Caroline por quinze minutos e nem havia percebido?

_Foi mal.

Foi a única coisa que eu disse enquanto dava de ombros.

_Tá. Agora sai logo do meu táxi.

Velha infância(Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora