Para sempre parte 1

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Pov Caroline

Eu mal dormi naquela noite em que Day e a mãe discutiram. Minha mãe e meu pai vieram no meu quarto umas  duas vezes para checar se eu estava com fome( o que era uma clara desculpa apenas para saber se eu não tinha feito nenhuma "besteira") e depois que eu neguei ingerir qualquer sanduíche que os dois ofereceram eles decidiram apelar pro meu irmão Rafael e suas conversas filosóficas.

Eu amo o Rafa. Amo que ele se empolgue falando que somos todos iguais e o sentido da vida mas...
Minha mente só conseguia focar no anel brilhante no meu dedo anelar. Ela ia me pedir em namoro hoje.

Eu podia imaginar Day ensaiando no espelho e fazendo uma careta quando errava o texto decorado.

Eu podia escutar sua voz suave dizendo que me ama enquanto suas mãos tremiam para colocar o anel em meus dedos.

Podia sentir nossos lábios juntos enquanto eu prendia as lágrimas porque sabia que bem lá no fundo, eu, Caroline Biazin, havia esperado isso por toda a minha vida.

E agora tudo não passaria de imagens na minha cabeça. Um montinho de imagens no campo das expectativas. Eu nunca saberia se Day tremeria mesmo as mãos. Nunca saberia seu tom de voz quando me pedisse.

Nunca saberia porque nunca existiria um pedido.

E então eu começava a chorar tão desesperadamente que nem o Rafa com suas ideias de Sócrates conseguia me fazer desviar a atenção de como eu me sentia completamente triste.

Mais do que triste. Eu sentia um buraco estranho se abrir no meu peito e se transformar em uma espécie de vulcão. Um vulcão que saía fogo e queimava todos os meus sentimentos bons.

Lá pelas tantas eu fechei meus olhos. Não sabia exatamente que horas eram mas tinha certeza que havia passado das três da manhã pois foi a última vez que olhei meu celular.
Era doloroso desbloquear o aparelho e dar de cara com uma foto minha e da Day, ela de boné dando lingua e eu sorrindo completamente feliz.

Droga. Era doloroso pra cacete.

Não podia existir uma Caroline sem uma Day.
Eu não podia ser eu mesma sem levantar todas as manhãs sabendo que ela estaria ali na janela do lado com o cabelo bagunçado e reclamando do Sol.

A mãe dela não podia levar Day embora assim.

Olhei meu anel no dedo anelar. O único brilho no meu quarto escuro.

E então  tomei uma decisão.

E foi lá pelas seis que eu levantei da cama e puxei a primeira mochila que eu vi. Coloquei todas as roupas que eu achava que ia precisar em uma fazenda, separei uns livros e o dinheiro que eu vinha juntando desde os 12 anos quando recebia secretamente da minha avó uma nota de 50 reais.

Eu ia embora também. Não tinha a mínima ideia de onde era a tal fazenda mas eu esperava conseguir um táxi para dizer igual nos filmes "Moço, siga aquele carro!" E quando o preço ultrapassasse os meus  300 reais eu iria a pé mesmo seguir o carro.  Eu era até boa aluna na aula de educação física! Talve conseguisse alcançar o carro.

Parecia um bom plano.

Ok, era um péssimo plano.

Mas eu não sou tão inteligente quando estou chorando demais.

Meu cérebro fica meio inundado...

_Bom dia, querida...

Meus pensamentos foram cortados por meu pai. Ele estava com uma cara de sono que, diferente da minha mãe, não dava para esconder na maquiagem. Ele acendeu a luz do meu quarto e trazia consigo um copo de leite com gelo.

Velha infância(Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora