Um Harry diferente

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Capítulo 16 - Um Harry diferente

Definitivamente não estava morto, pois se tivesse não teria sentido dor ao aterrissar violentamente no chão. Ou poderia estar no inferno e aí sim estaria morto e sentindo dores, mas aquela sala, que agora conseguia ver, não parecia ser o inferno. Era frio demais para ser o recanto dos malditos e pecadores. Era silencioso demais para aqueles que como ele deveriam ouvir os gritos e pedidos agoniantes de suas vítimas.

Não era o inferno.

Era uma casa.

Snape levantou-se limpando o pó de sua roupa sem tirar os olhos do local. Parecia uma casa antiga, talvez de algum senhor importante da sociedade. Mas era uma sala vazia, deserta, completamente solitária de luz ou calor. Uma brisa leve passou por Snape levantando seu cabelo e o fazendo se arrepiar, sua capa esvoaçou passando pelo chão sujo de poeira. Estava muito escuro, mas não era difícil enxergar ali, principalmente para Snape, por isso foi possível ver a velha lareira apagada e esquecida, alguns quadros vazios nas paredes, uma única mesinha no canto e uma cadeira de balanço tão velha e comida por cupins que Snape não se atreveria a tocar. Outra brisa gelada atingiu-o fazendo-o se virar com rapidez como se alguém estivesse atrás de si espreitando, observando.

Não havia ninguém.

Seus olhos visualizaram o causador daquilo. Uma janela. A única janela da sala estava aberta, mas não dava para ver nada do lado de fora, era como se fosse um grande vazio. Snape fechou a janela e olhou seu reflexo no vidro, estava cansado, mas não podia parar como desejava, não podia descansar. Ele precisava encontrá-lo, levá-lo de volta, não podia fraquejar. Não agora.

Afastando-se do vidro e esquecendo sua própria imagem, Snape foi em direção à uma porta que jurava não estar ali antes. Parecia que ela se desintegraria no exato momento que a mão de Snape a tocasse, mas a maçaneta enferrujada permaneceu no mesmo lugar quando ele a girou assim como a madeira velha quando abriu a porta para entrar em uma cozinha igualmente banhada em escuridão.

Rabicho adoraria morar ali, pensou ele. O chão era de piso branco e estava imundo e molhado, a pia estava transbordando por causa da torneira aberta, a mesa estava lotada de pratos com comida estragada da qual saiam vermes e bichos. Havia baratas em todos os lugares.

Era horrível.

Em nenhum momento Snape conseguiu associar aquele lugar com Harry, aquilo não era como ele. Não havia nada ali, além de um cheiro horrível que fazia seu estômago revirar, Harry não estaria ali, não poderia estar. Virou-se para sair pela outra porta quando um barulho o chamou atenção, era um barulho incômodo que vinha do forno sujo, como se fossem unhas arranhando o metal. Aquele barulho era extremamente irritante quando se está em um silêncio sepulcral como naquela casa, parecia que algo estava arranhando os tímpanos de Snape, rasgando-o. Sua mão alcançou a alça da porta e a abriu. Qualquer outra pessoa teria se assustado, pulado ou corrido de medo ou susto, mas Snape só deixou que os ratos saíssem daquele local e se espalhassem parando de irritá-lo com suas unhas afiadas no metal sujo. Era fácil para ele conviver com aquilo, passou anos tendo que ir à muitos lugares com coisas muito piores do que meros ratos de esgoto. Ainda tinha pesadelos com tudo que já vira. Mas nenhum pesadelo ou lembrança iria desviá-lo de seu objetivo.

Com esse pensamento Snape se dirigiu a outra porta que apareceu naquele momento, aquela era mais nova, com uma aparência melhor assim como o corredor atrás dela. Parecia que ele tinha se transportado para outro mundo, aquele corredor era claro e limpo, os quadros nas paredes tinham paisagens pintadas, animais correndo.

Estranho.

Snape ainda segurava a porta aberta e ao olhar para a cozinha viu o mesmo cômodo sujo, era um grande contraste se comparado com o corredor a qual estava naquele mesmo momento. Finalmente, depois de muito pensar o motivo daquele contraste, fechou a porta e se encaminhou para a escada, subiu três degraus, mas antes que seus pés tocassem o quarto degrau ele sentiu uma sensação estranha, como se não fosse para lá que deveria ir, como se fosse o caminho errado.

As Coincidências de Nossas Vidas (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora