Capítulo 24 - Ele está fazendo...cosquinhas?
Demorou um pouco para lembrar-se do porquê de estar escutando esse zumbido infernal. Após uns segundos tudo ficou claro, era o feitiço despertador que o estava avisando que Harry havia acordado. Dera-se conta de outra coisa também, Hermione não estava mais ali. Um pouco confuso e sonolento ele caminhou até o quarto e abriu a porta. Harry estava em pé olhando a janela. Não dava para ver nada, mas os olhos verdes se perdiam naquela escuridão.
- Harry? – Chamou baixinho.
- Não se preocupe, eu não farei nada de errado. – Deu uma pausa longa para depois continuar – Desculpe te acordar, tentei não fazer barulho.
- Eu coloquei um feitiço despertador em você, foi ele quem me acordou.
Snape ficou parado na porta do quarto somente olhando Harry na janela. Aquele era mais um momento difícil em que Snape sentia-se deslocado e sem jeito perante o menino. Ainda era difícil para ele expressar sentimentos e naquele momento tudo que Harry precisava era de um consolo amigo. Mas era tudo tão difícil, até mesmo um simples "sinto muito" ficava entalado na garganta. Snape não sentia a morte de Black. Odiava Black com todas as suas forças. A época dos marotos eram seus pesadelos constantes. Aquele cachorro pulguento o assombrava e a morte dele foi até um alívio para si. Mas Harry estava triste por isso, estava acabado e magoado. Ele tinha amigos que poderiam ajudá-lo a melhorar, porém foi a dor de vê-lo triste que o fez mentir.
- Harry, eu...
- Não diga que sente muito quando isso é mentira.
Pego de surpresa. Harry o desmascarou antes mesmo de terminar a frase.
- Desculpe.
- Sabe Severus. – Disse sentando-se na beirada da cama e fitando os pés descalços. – Eu sei que você o odiava e não o culpo por isso. Sirius não era nenhum santo, mas era meu amigo. – Sua voz saiu engasgada – Ainda que pouco, por ele ser um fugitivo, eu conversava com ele por cartas e algumas vezes ele até ia me visitar na casa dos meus tios em forma de cachorro. Minha tia brigava dizendo que eu fedia a cachorro de rua, mas eu não ligava, eu sempre voltava mais feliz e conseguia suportá-los por um tempo.
Snape sentou-se ao lado de Harry e apenas o escutou. Não havia nada que pudesse falar e talvez ouvi-lo fosse o mais correto no momento.
- Desculpe falar que ninguém se importava comigo, sei que você fez muito indo me salvar naquele coma e agradeço muito por isso. Mas é que ele se foi, me deixou, como todos que amo me deixaram antes.
Aquela fala lhe era familiar, talvez seja porque ele mesmo falara isso várias e várias vezes em sua vida. Sabia como era perder alguém querido, sabia o tamanho da dor. Harry chorava de cabeça baixa assim como ele fizera inúmeras vezes escondido em seus aposentos. Hesitante e temendo estar fazendo algo errado, Snape o abraçou deixando Harry chorar as mágoas em cima de sua camisa branca que novamente ficou molhada. Quando o menino se acalmou, Snape lhe deu uma poção do sono sem sonhos e ficou ao seu lado segurando sua mão até ele dormir.
Ao acordar, Harry ainda segurava firmemente a mão de Snape que dormia sentado ao lado da cama.
- Severus. – Chamou balançando a mão para acordá-lo. – Severus acorda.
- Hummm. – Respondeu abrindo lentamente os olhos.
- Bom dia. – Disse Harry soltando sua mão e sentando-se.
- Bom dia. Como se sente?
- Bem, mais calmo.
- Que bom, pode usar o banheiro primeiro se quiser, eu vou depois. Tome banho que enquanto isso eu mando prepararem o café. O horário do café já acabou e eu não tenho aulas dentro de uma hora então comeremos aqui na masmorra.
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As Coincidências de Nossas Vidas (Severitus)
RomanceSeria Harry Potter capaz de amolecer o coração do Temível Severus Snape após descobrir que suas vidas não são tão diferentes assim? E seria Severus Snape capaz de proteger Harry Potter dos males que o cercam? Tudo se inicia com a troca de um diário...