A voz revelada

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Capítulo 29 - A voz revelada

Durante os dias que passavam, Harry ficava mais e mais intrigado. Ouvia aquela voz toda vez que passava perto da sala de estar escondida. Aquilo o arrepiava e assustava, mas ao mesmo tempo o deixava curioso e o fazia sentir que não era uma coisa má, apenas desconhecida. Em nenhum momento teve a sensação de que aquela mansão não era um lugar adequado para ele, a rotina do grifinório na mansão Snape não era muito movimentada, mas era confortável o suficiente para não querer sair dali.

O conviver com Snape estava dando tão certo que Harry já conseguia se movimentar no mesmo local que ele como se seus movimentos fossem coordenados. Eles já não se esbarravam mais quando estavam na cozinha, ou precisavam pedir algo um para o outro, eles simplesmente agiam. Snape sempre estava com um livro nas mãos lendo as novas pesquisas sobre a poção contra cruciatus e Harry fazia os deveres da escola passados para as férias. Após o café Snape sempre ia para seu laboratório e ficava lá por horas até que saia para um almoço agradável, sempre perguntava se Harry estava entediado, se ele queria sair ou ir visitar seus amigos, mas a resposta de Harry era sempre a mesma, queria ficar ali e dar um tempo do mundo. Snape não se incomodava com isso, sabia como era querer ficar sozinho, e Harry, depois de tudo que passara, necessitava disso.

Harry por um lado gostava de ter aquele tempo para ele mesmo, ser livre para ir e vir, acordar quando quisesse, ter alguém com quem almoçar agradavelmente e poder contar sempre que precisasse. Era uma vida perfeita se não fosse por um único detalhe.

A voz.

A bendita voz que sempre ouvia quando passava pelo terceiro andar da casa, as vezes até mesmo quando estava acompanhado por Spook ou por Snape, mas parecia que somente ele ouvia aquela voz sussurrante, era como se a voz quisesse que somente ele ouvisse, como se o chamasse. Um dia Harry estava no corredor do terceiro andar escutando novamente aquele chamado, estava tão concentrado naquilo que não reparou em nada a sua volta nem mesmo em Snape o chamando.

- Harry? – Chamou Snape impaciente. – Harry! – Chamou novamente mais perto do menino.

- Sim? – Disse tentando se recuperar do susto.

- Você estava me ouvindo? – Perguntou Snape cruzando os braços em frente ao corpo, odiava quando Harry não prestava atenção ao que falava.

- Acho que não.

- Percebi. Eu terei que sair por algumas horas para falar com Dumbledore. Já sabe as regras, sei muito bem que você é um grifinório petulante que adora quebrá-las, mas tente pelo menos se controlar.

- Está bem.

- Qualquer coisa fale com Spook.

- Tudo bem.

Snape deu uma boa olhada em Harry que ainda estava nervoso pelo susto e se virou descendo as escadas em direção ao hall de entrada onde colocou sua capa de viagem e pegou o pó de flu jogando na lareira e gritando o destino onde queria chegar, Harry ficou vendo do alto da escada apenas a luz verde que refletiu no chão de mármore. Quando a luz sumiu, ele teve certeza que Snape já estava em seu destino, no escritório de Dumbledore em Hogwarts.

Depois de alguns segundos olhando o hall vazio Harry desviou o olhar para o final do corredor. Sem se lembrar ao certo onde era a passagem secreta que o levaria até a sala de estar escondida, Harry foi tateando pela parede ao longo do corredor, empurrando e mexendo em candelabros e vasos até que um pequeno pedaço na parede se mexeu abrindo espaço para uma pessoa passar. Ele se viu novamente naquele lugar estranho e medonho. Era apenas uma sala de estar antiga e abandonada, com lençóis cheios de pó tapando os sofás e as poltronas assim como também as estantes de livros.

As Coincidências de Nossas Vidas (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora