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»»PRÓLOGO««

sɪɴᴀ

Séculos atrás.

De maneira geral, não havia nada de errado em correr por aí. De maneira específica, usar os corredores do King Castle como parque de diversões não era uma boa ideia.

Meus pais tentaram me manter quieta para a Cerimônia de Apresentação do Príncipe, mas eu não queria ficar ali, no meio de tantas pessoas chatas. Queria brincar e correr. Sim, deveria obedecê-los e me portar bem, mas aquele espaço era comprido demais e eu não queria ignorar. Então, meus pés se moveram.

Desde que comecei a compreender os ensinamentos dos meus pais, sabia que estar entre a realeza era uma honra, mas, para falar a verdade, estar naquele corredor vazio, sim, era um verdadeiro sonho. Mamãe me dizia que a família real tinha o sangue mais antigo; eles eram especiais em uma ilha de seres tão distintos.

Desobedeci à ordem dos meus pais, ansiosa com a possibilidade de correr.

As paredes de pedras brancas estavam frias quando as toquei. Apostei comigo mesma que conseguiria chegar até o final da linha em menos de dez segundos, soltei Eli, meu elefante, e me preparei.

Corri e contei mentalmente: Oito segundos!

Gritei um sim, ainda respirando fundo, e virei para buscar Eli. Mas ele estava nas mãos de outra pessoa.

Abri a boca para reclamar, e então olhei suas roupas: preto e dourado.

Ele deveria ter a minha idade, mas era da realeza. E eu não conhecia ninguém da realeza além do rei e da rainha.

Oh! Segurei a parte de baixo do vestido e, sentindo as bochechas quentes, fiz a mesura.

Eu não deveria ter trazido Eli.
Mantive a cabeça baixa.

— Boa noite, Meu Senhor. —Mamãe me ensinou que, ao encontrar alguém da realeza, sem saber quem era, eu deveria chamá-lo de Meu Senhor.

— Você não é velha demais para ter uma pelúcia? —
Levantei o olhar para ele e desfiz a mesura.

— Velha demais?

— Eu não brinco desde que era um neném — zombou. Fiquei irritada.

A cor dos olhos dele não era natural. Ele tinha as íris da mesma cor do sangue que corria em nossas veias: rubro. Toda a família real possuía aquela  mesma tonalidade de vermelho.

— Sempre o levo para onde vou. — Eu precisava ser educada; ele parecia ser filho de alguém muito importante. Todos da realeza estavam no Castelo naquela noite.

— E ainda brinca com ele?

— Não é um brinquedo. É meu amuleto da sorte. Eu o levo, mesmo todos achando que é besteira.

O menino tinha os cabelos mais castanhos que já vi.

Brilhando em vários tons de azul-marinho à luz das velas. Ele deu vários passos, e o solado de suas botas de couro ecoou pelo corredor e ficou perto o bastante de mim.

Fiquei dura no lugar.
Encarei Eli, querendo-o de volta, como se ele estivesse presa nas mãos de um sequestrador.
O menino sorriu.

Mas não um sorriso sincero, e sim endiabrado.

— Meu pai me ensinou que não devemos nos apegar a coisas materiais, porque elas se vão. A única coisa que você pode manter é a essência de quem é.

🎯|ᴏ ᴘʀɪ́ɴᴄɪᴘᴇ ᴅᴏs ᴠᴀᴍᴘɪʀᴏs » sᴇɢʀᴇᴅᴏs ᴅᴇ sᴀɴɢᴜᴇ • ɴᴏᴀʀᴛ [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora